20. Um Dia Chuvoso

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Bucareste, Romênia

B U C K Y

Minha mente estava me traindo. Me sabotando. Eu tentava não pensar em Alice, mas estava quase impossível. Em tantos anos fora do gelo, não lembrava de alguém sequer ter sido gentil comigo. Me agradecido verdadeiramente por algo, além das falsas congratulações que eu recebia por completar as missões.

Até porque eu sempre sentia como se aquilo fosse uma obrigação, afinal eu era controlado. Era ordenado a fazer o que fazia, sem contestar. Fui moldado para isso. Sou um resquício das máquinas e produtos da guerra que a HIDRA resgatou e continua a usar. Apenas fugi por pura sorte.

Mas a forma como Alice falou comigo sobre tudo, a forma como me escutou pacientemente mesmo quando eu falava sobre mim nas entrelinhas, sem contar minha verdadeira história, até porque eu precisaria lembrar para contar, e isso não acontecia. Mas ela me deu suporte. Me deu apoio. Me ofereceu ajuda.

Ela foi verdadeira comigo.

Em três semanas, Alice fez mais por mim do que todos aqueles agentes da HIDRA e S.T.R.I.K.E jamais pensaram fazer. Ela foi um ótimo ombro amigo para eu me apoiar, me reerguer agora que me sentia tão mal. Ela era a amiga que eu precisava. Que sempre precisei. E por um grande acaso do destino, eu encontrei.

Eu ainda tinha um pé atrás, é óbvio. Fui treinada para não confiar cegamente em ninguém, e seu sobrenome ainda engatilhava minha mente por algum motivo. Mas ela não parecia querer me fazer mal. E por isso, só por isso, eu conseguia me abrir e acreditar que toda aquela minha desconfiança não passava de bobagem.

— Oi! Você demorou! Entra.

A voz suave entorpece minha mente, me fazendo estalar de volta para a realidade e segui-la para dentro do apartamento, vendo-o extremamente aconchegante e quente num dia frio.

— Esqueci de comprar a cerveja que você pediu e tive que sair. Acabei tendo que sair e levei chuva.

Explico, pondo o engradado sobre o balcão, observando Alice correr até o fogão. A vejo desligar o forno, voltando para perto de mim novamente, me dando um rápido abraço em cumprimento.

— Desculpa a agitação, estive ligada no 220w a manhã inteira. — Ela explica, e eu sorrio leve.

— Você é ligada no 220w o tempo inteiro, Alice. O que está aprontando aí?

— Almoço. Espero que não tenha comido ainda.

— Não, só tomei café. Queria ter ido correr mas a chuva não deu uma trégua. — Comento, observando a sua enorme janela da sala, e a chuva que ainda caía forte lá fora.

— Não para de chover desde ontem. Atrapalhou todos os nossos planos. — Ela diz, e eu assinto em concordância.

Sinto algo passar pela minha calça, e olho para baixo, vendo Alpine se esfregando ali, deixando alguns pelos seus no tecido preto. O pego no braço, acariciando suas costas e barriga quando o apoio contra o meu peitoral.

— Oi, Pine. Como você está, garoto?

— Perturbando o juízo da mamãe porque o patê de salmão acabou. — Alice responde e eu não contenho o riso.

— Mamãe desnaturada. — Digo, sentindo ela me bater com o pano de prato assim que ponho Alpine no chão. — Você é muito agressiva, vai fazer uma terapia garota.

— Olha só quem fala de fazer terapia, velho desmemoriado. — Ela rebate, tirando dois pratos do armário. Eu não contenho a risada, negando com a cabeça, e vendo-a rir comigo. — Anda, põe sua comida aí.

𝐒𝐊𝐘𝐅𝐀𝐋𝐋 ꩜ bucky barnes (✓)Where stories live. Discover now