• First Day •

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Isso com certeza me renderia horas e horas de falatório quando chegássemos em casa. 

Eugênio costumava ser um cara muito bacana no inicio do nosso relacionamento, mas com o passar dos anos e nosso casamento, ele foi ficando chato, ciumento e um tanto quanto controlador. Minhas folgas dele era quando tinha algum congresso, viagem de última hora ou eu precisava dobrar algum plantão, por que isso ele nunca fazia, em hipótese alguma, nem por paciente nenhum! Ele mal cumpria suas 12 horas. 

Eu não sei exatamente quando tudo começou a desmoronar, mas me recordo muito bem de como éramos felizes, de como fiquei feliz no dia do nosso casamento com o amor da minha vida. Hoje, não sei se ele ocupar mais esse lugar, ou até mesmo se algum dia esteve de fato nesse lugar. Não sei mais o que sinto, se é medo da solidão, se me acomodei naquela relação de anos, que agora era totalmente infeliz.

Eu realmente não sabia.
Eu apenas sei que tudo está tão fora do lugar e tudo totalmente diferente do que imaginei um dia.

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[ Pedro ]

Receituários, mais receituários, uma chuva de crianças com virose respiratória, me fizeram ajudar na urgência naquele meu primeiro dia. E quer saber? Eu havia amado!
Eu amava minha profissão, amava me sentir útil.

Tá que eram pouco mais de 8 da noite, e parecia que um trator havia passado por cima de mim com tudo, mas eu estava feliz e pronto pra finalizar meu primeiro dia.

Deixo minhas coisas em meu consultório e antes de ir, resolvo dar uma última passada no posto da enfermagem pra ver se esqueci de assinar algo, eu acredito que não! Diferente de vários colegas meu, eu costumava me dar bem com eles, o pessoal da enfermagem, e hoje aliás, sem elas eu estaria fudido! 

- Boa noite Zayla, tudo ok por aqui? - Zayla é uma das enfermeiras que trabalham comigo direto. É da minha equipe.

- Boa noite, Doutor! Tudo ok sim! Já estamos finalizando por aqui também. - ela fala quando percebe que já estou sem jaleco e pronto pra ir embora.

- Hoje foi puxado! Não sei de onde saiu tantos pequenos! 

- Pois é! Mas no final deu tudo certo mesmo com tantas consultas e internações.

Pessoas positivas. Como eu amo pessoas positivas.
E a Zayla é esse tipo de pessoa. Dificilmente ela está brava, estressada ou qualquer coisa do tipo. Por isso formamos uma bela equipe.

- Eu não seria o que teria sido do meu plantão sem você na minha equipe, sério!- falo e ela revira os olhos. Acho que aquela devia ser a quinta ou sexta vez que falava aquilo pra ela hoje.

- Eu preciso de uns 10 Pedros nesse hospital! Não só o Pedro pediatra, preciso dele no geral, na cirúrgica, na cárdio, e na neuro, principalmente na neuro porque olha, o médico responsável por lá! - ela fala fazendo uma careta. - Como você pode ser totalmente contrário aos outros e ainda ser competente? 

- Vou considerar isso como um elogio! - fala sorrindo. - Achei que gostava do Dr. Domingos! - pergunto não entendo sua reclamação sobre a neurologia. 

- Ele nós amamos! Agora o o Dr. Barral! - ela fala suspirando. - Se acha um ... - vejo que ela procura as palavras.

- Um Deus? - tento a olhando.

- Exatamente! Já já manda que a gente o idolatre!

Suspiro balançando a cabeça, porque infelizmente eu conhecia bem esse tipo.

- Zayla, eu sou médico, não Deus! Um CRM não me dá o direito de me sentir jamais melhor do que ninguém aqui ou em qualquer outro lugar. - ela me olha como se a palavra OBVIO estivesse escrita na testa dela em neon piscante. - Claro que infelizmente existem médicos e médicos como esse ai, que espero nunca trabalhar junto! Mas eu sou diferente ok? 

- Ok doutor! - ela ri concordando.

Eu juro que não entendia jamais como em minha profissão tinha gente assim, sendo que nos formamos pra cuidar e pensar sempre nos outros antes de nós.

Enfim, seres humanos as vezes são uma droga! Pelo menos alguns são!

Me despeço de Zayla e das outras ali presente e vou pra meu apartamento, ansiando demais pelas minhas horinhas de sono. 

Mas quando passo pelas portas, e pego  chave de meu carro, vejo o letreiro piscando e não resisto. 

Pegaria um café pra viagem e quem sabe uns bolinhos.

Abro a porta e o sininho toca, me anunciando. Vejo a cabeça de Dolores sair por de baixo do balcão.

- Você nunca vai embora, é? - pergunto sorrindo.

- Já estava indo doutor! Estou aguardando meu marido chegar, hoje ele vai precisar ficar no turno da noite, um funcionário nosso se acidentou.

- Ah então quer dizer que a cafeteria é sua? - pergunto colocando minha bolsa em um banco e sentando em outro, no balcão mesmo.

- Sim senhor! Minha e de meu marido Nélio! - ela fala com um sorriso enorme e os olhos brilhando.

- Hum, temos uma apaixonada por aqui! - fala enquanto ela serve minha xícara.

- Completamente! - ela estende a mão, me mostrando a aliança. - Completamos 8 anos juntos esse ano!

- Nossa, muito tempo! - falo - O que acontece com essas mulheres aqui que casam tão cedo?

- Depende da mulher! - ela fala. - A Dra Pilar não se casou cedo! Na verdade ela se casou tem pouco tempo nem um ano! 

- Não conheço a Dra Pilar. - falo franzindo a sobrancelha.

- Vai ama-la! É irmã de Luísa! Mais velha que ela, mas um doce tanto! 

- Ah sim, agora que falou, já ouvi mesmo falar dela! - coloco a xicara no pires. - por falar na doutora Luisa, ela é ...

- Casada! - Dolores fala me olhando.  - Coitada! - ela completa e eu a olho. - Pelo jeito não conhece o dito né? Mas vai conhecer, ele se acha o próprio filho do dono do hospital, pelo menos é o que escuto todo e qualquer médico falar aqui.

- Você o conhece? - pergunto mais interessado do que devia.

- Sim. Ele pega Luísa aqui as vezes! - ela fala desviando os olhos.

- Humm .- é tudo que falo.

- Quer um conselho? - ela fala me olhando por cima dos óculos. - Fica longe da Luísa, ela é uma pessoa maravilhosa, mas o marido dela pode fazer da sua vida um inferno se ele for como falam! Ele é ciumento, controlador com ela, eu já vi! Então você que é novo, cuidado tá? - ela fala me olhando.

- Pode deixar! - falo com um sorriso.

Minutos depois me despeço de Dolores e seu marido que havia chegado, faziam um casal lindo.

Entro no carro e jogo minhas coisas no banco de trás, e as palavras dela não saem de minha mente.

" Ciumento e controlador "

Como que uma mulher incrível como ela aguentava um homem assim?
Na sexta enquanto ela me apresentava o hospital, eu pude ver como ela, imaginei que o marido fosse pelo menos parecido.

Tá que ciúmes pode ser compreensivo se for sem obsessão ou sem motivos, afinal eu também teria ciúmes se fosse casado como uma mulher maravilhosa como ela. Mas, temos sempre que confiar na pessoa, no relacionamento e querer controlar? Jamais!

Respiro fundo dando partida.

Você não tem nada com isso, Pedro!
Cuide de sua vida!

Penso.

Pelo visto eu teria que evitar dois médicos, o marido de Luísa e o tal de doutor Barral de quem Zayla havia me avisado.

Boa sorte pra mim! - Penso pisando no acelerador e indo pra casa.

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NA // Oi! :) Capítulo pra vocês! E como podem ver, conhecemos Eugênio Barral! Dei dicas pra vocês de como ele será e como será a relação dele com Pedro. No próximo temos Pilar e nossos médicos favoritos tendo que trabalhar juntos! Beijos :*

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