Capítulo Único.

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Estava indo tudo tão bem, quem iria pensar? Estavam até de bom humor, Paola não sentindo a necessidade de falar o quanto um prato estava horrível para alguém.
Era um dia divertido, todos estavam se divertindo tanto. Os candidatos se provando capacitados e o dia sendo tranquilo, até que.. até que algo aconteceu.

Foi então experimentar um prato, não pode negar, não era bonito. Definitivamente não era o pior que já tinha visto, mas também não o melhor. Com cuidado, agarrou os cabelos e os deixou por cima do ombro para se inclinar e poder cheirar um pouco; Cheiro forte, definitivamente não chamava atenção. Os jurados, candidados, todos a encaravam com extrema expectativa.

Então, cutucou a refeição com a ponta do garfo, o pressionando contra o tomate e cortando, para então pegar um pouco do recheio e finalmente levar a boca.

Mastigou, mastigou, e então ergueu sua postura que anteriormente ainda estava meio agachada.

— Eu não posso dizer que isso está incrível, pois não está. - E então, a cara de todo mundo caiu, pois sabiam que dali iria ser mais um choro ou eliminação.

— Sem sabor.. - E Paola não pode terminar, pois assim que a última sílaba foi pronunciada em seu sotaque bonito, sentiu metal contra a pele sensível de seu pescoço e se viu paralisando.

Era como se o mundo tivesse parado, as pessoas a sua volta congelassem. Quando olhou para os olhos de seu candidato o qual avaliava, sentiu sua vida passar diante de seus olhos, sentiu que não poderia respirar. Ela não queria que sua filha se tornasse órfã, por que tinha de morrer tão cedo? Era culpa dela? A lei do retorno que a achou esnobe demais? Por que-

A faca então pressionou mais um pouco antes de ser totalmente retirada de seu pescoço, sua visão totalmente turva. Ouviu vozes altas, o rapaz lutando com algo enquanto tudo girava e borrava, e assim como no dia que tropeçou com seus saltos, caiu para trás, dessa vez não havia diversão no ato ou motivos para rir.

Suas costas não encontraram o chão, mas dois pares de braços fortes que a trouxeram para o peito antes de sentar-se com ela, permitindo que a mulher deitasse afim do sangue retornar para o cérebro, não tinha forças para se sentar. Érick estava lá, resolvendo seus pepinos enquanto mal podia recordar de algo. Apenas algo.. sólido. Não como os braços de Fogaça que a pegaram, mas duas mãos suaves que descansaram nas bochechas geladas, mãos quentes que a fizeram querer se aninhar para uma eternidade.

— Ei, ei, Paola. Tá me escutando? - Foi o que seus ouvidos que abafavam tudo naquele momento captaram, sendo permitida pelo corpo em assentir, mesmo que isso fizesse parecer que perderia a consciência em segundos.

— Vamos lá, tá tudo bem, vamos nos sentar e você respira pra mim, okay?

Mais uma vez, Paola se tornou incapaz de responder verbalmente, mas fez seu melhor em se impulsionar para cima, Fogaça, agradecido que alguém soubesse lidar com isso melhor que ele, ajudou com seu físico e apoiou Paola em si, quem olhava para Ana Paula como se esta fosse o verdadeiro anjo de sua vida, e talvez fosse verdade, mas isso era assunto pra outra história escrita.

— Vamos. - foi o que disse assim que inspirou, mãos ao lado do corpo enquanto verbalizava numa tentativa de fazer Paola copiar, e esta o fez, inspirando e segurando, logo expirando.

E se tornou assim, com cuidado, até que o choque passasse e a realização de que havia sido quase morta chegou, as lágrimas em seus olhos sendo fortes demais ao escaparem da sua tentativa inútil de as manter para si, e então, deslizando pelo seu rosto.

Estava assustada, amedrontada, assim como todo o resto das pessoas na sala, mas não pensou nisso quando se jogou nos braços de Paula quem definitivamente não estava esperando por isso, mas não reclamou, apenas a trouxe de bom grado em seus braços, a apertando com carinho com um braço, pois o outro estava entre seu cabelo cheio, acariciando o coro com cuidado, numa tentativa de a acalmar e fazê-la se sentir segura enquanto soluçava em seu ombro.

Estava tudo bem agora, sua Paola estava segura em seus braços e era isso que importava.

De qualquer forma..

Ninguém poderia saber o que aconteceu naquele dia, já que a TV nunca deixou isso ir ao ar.

A cena que não vimos- Pana.Where stories live. Discover now