RK: Por acaso está me acusando de não dar o meu melhor? - Questiono ofendida.

GB: Não, eu estou afirmando. - A tensão que já estava palpável só piora.

RK: Quem você pensa que é pra falar comigo dessa forma? - Dou alguns passos em sua direção com raiva e paro a poucos centímetros dela. A vejo suspirar e em seguida volta o olhar para sua equipe.

GB: Pessoal, eu preciso de um minuto a sós com a senhorita, por favor. - Vejo todos que estavam calados até então concordarem com a cabeça e sair da sala.

M.R: Rafa, ta tudo bem pra você? - Me pergunta de maneira preocupada.

RK: Não tenho nada para falar com ela!

GB: Rafaella, por favor...

RK: Não sabia que conseguia ser educada. - Debocho pelo seu tom amistoso.

GB: Precisamos ser profissionais! Compreendo que não tenhamos tido uma primeira boa impressão mútua, mas manter essa situação é infantilidade! - Ela gesticula perdendo a paciência. - Eu sou a fotógrafa dessa sessão e sem mim não vai andar, e muito menos sem você que é a estrela daqui! - Se aproxima de mim.- Podemos continuar com essa infantilidade e cancelar tudo ou podemos ser profissionais e simplesmente fazer o que fazemos de melhor. Eu fotografar e você ir lá na frente e brilhar. - Diz me olhando nos olhos.

  E pela primeira vez me permito reparar nos detalhes da mulher a minha frente, e admito que mesmo achando ela uma idiota de marca maior, ela tem um ar extremamente charmoso e é linda. Não sei se foi o olhar intenso ou sua fala firme, mas algo naquele momento fez meu estômago se revirar. Tenho que concordar com ela, precisaríamos ser profissionais para que o trabalho fosse concluído.  Respirei fundo.

RK: Que seja. - Dei as costas virando em direção a posição das fotos quando senti uma mão segurando meu braço.

GB: Rafaella? - Chamou minha atenção. - Por favor, vamos fazer isso funcionar. - Pediu e notei sinceridade e cansaço na sua voz.

  Me soltei da sua mão quente no meu braço e voltei a minha posição inicial.

M. R: Rafa, posso chamar a equipe novamente? - E a presença da Marcella que tinha sido esquecida naquele ambiente se fez presente.

RK: Sim está tudo bem, vamos fazer as melhores fotos. - Lhe ofereci um sorriso sem dentes.

  Depois daquele conversa, a equipe retornou e começamos as fotos, e após as primeiras poses consegui relaxar e acredito que tudo estava correndo bem já que a fotógrafa apenas interrompia para mudar as posições.

GB: Isso mesmo, Rafaella, estão ficando ótimas. - Mais cliques. - Agora fique de frente e apenas me olhe.

RK: Assim? - Fiz exatamente como ela mandou e a vi se aproximando.

GB: Sim, mas preciso que você incline a cabeça dessa forma e apoie com o braço.- Se aproximou e tocou no meu rosto indicando a forma que queria. E nesse momento nossos olhares se cruzaram. Prendi a respiração pela proximidade e falei a primeira coisa que veio na minha cabeça.

RK: Agora está bom?

GB: Está ótima. - Colocou alguns fios de cabelo atrás da minha orelha.- Mas preciso que me seduza, do jeito que eu sei que sabe fazer. Namore a câmera, flerte com ela, você é linda e tem olhos penetrantes... - Seu tom de voz era rouco e calmo. Jesus. Senti o rubor subindo pelo meu pescoço, e em seguida ela voltou para trás da câmera e os cliques continuaram.

  As fotos continuaram a correr de maneira positiva mas algo naquele ambiente havia mudado, parecia que eu sentia seu olhar mesmo através da câmera e isso fazia um arrepio correr pelo meu corpo. Depois de alguns minutos o ensaio chegou ao fim e a vi elogiando e agradecendo a equipe. Fiz o mesmo e segui para o camarim que ali tinha correndo para acalmar qualquer sensação que meu corpo estivesse sentindo.

M.R: O que foi aquilo??? - Pergunta Marcella assim que entramos.

RK: O que? - Sentei e virei para tirar minha maquiagem.

M.R: Aquela tensão sexual que estava quase explodindo. - Disse apontando para a sala. - Rafaella Kalimann, o que você não está me contando?

RK: Credo, Ta louca??? Não tem o que contar, e não teve nada de tensão sexual. - Faço um coque no cabelo. - Apenas duas mulheres quase se matando.

M.R: Aham sei, não foi bem isso que eu vi...

RK: Ai, Marcella. - Reviro os olhos. -  desencana, eu eein.

  Em seguida engatamos num assunto qualquer e agradeço por ela ter esquecido o tópico antigo, nem eu mesma sei o que aconteceu. Falamos sobre os próximos dias e coisas aleatórias, quando escutamos batidas na porta.

RK: Pode entrar. - Penso ser o diretor geral para informar algo.

GB: Oi, desculpa incomodar, eu só queria agradecer novamente. -Vejo ela entrar de maneira tímida dentro do camarim.

M.R: Bem, eu vou ali buscar a água que você pediu. - Avisou saindo rápido. Não pedi água nenhuma, que mentirosa.

  Virei para a fotógrafa que estava parada encostada agora na porta e respondi:

RK: Obrigada, eu sei que sim. - Dou de ombros com um sorriso no rosto.

GB: Narcisista? - Arqueou a sobrancelha com um ar descontraído.

RK: Confiante. - Rebato entrando no clima, e a vejo abaixar a cabeça e soltar com um sorriso.

GB: Me desculpa por aquele dia, eu deveria prestar mais atenção, mesmo que você tenha passado feito um raio na minha frente com um sinal aberto. - Me cutucou falando o final da frase.

RK: Não, eu que peço desculpas, assumo que minha manhã estava uma loucura e eu estava com o pensamento distante. E também pela maneira como te tratei hoje, não deveria misturar as coisas.

GB: Tudo bem, importante é que no fim deu tudo certo. - Vejo o sorriso crescer no rosto da morena mas somos interrompidas pelo som do celular dela. - Preciso ir, muito trabalho. - Balança o celular no alto como se estive justificando.

RK: Sem problemas. - Aceno com um sorriso suave.

GB: Tchau, Rafaella... - Quando a vejo virar para ir embora a chamo rápido e ela me olha. Me aproximo até está em frente a ela, estendo a mão.

RK: Prazer, sou Rafa Kalimann. - Ela logo entende e repete o gesto. Olho no olho. Castanho no verde. Sem muros.

GB: Eu sou Gizelly Bicalho. - Corresponde com um sorriso de lado.

  E ao contrário do que ela falou, eu não achava que ali seria um fim.

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Será que alguém aqui ta lendo?? Gostando?? Hahah

THE RAIN - GIRAFAWhere stories live. Discover now