capitulo 1

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Segunda feira costuma ser um dia tranquilo onde durmo até tarde e desperto num silêncio maravilhoso, por algum motivo esse não era um desses dias. Do lado de fora um som de caminhão com aquele apitar ensurdecedor se misturava a doce voz de Mendy Morre vinda do meu celular. Ainda sonambula me arrastei da cama e fui até onde deixei meu aparelho carregando enquanto vestia meu baby doll.

-Quem incomoda? – perguntei quando atendi. Claro que eu sabia quem era e a pessoa riu.

-Está fazendo o quê amiga? – perguntou.

-Estou dormindo. – afirmei caminhando até a varanda e abrindo a porta. Um caminhão de mudanças enorme estava estacionado do outro lado e todas as portas e janelas do andar de cima da casa a frente estavam abertos. Aquela casa estava vazia a anos porque a dona queria vender e ninguém queria morar no segundo andar de uma casa onde para chegar lá em cima passaria pela porta do morador de baixo, ou seja, privacidade zero.

-Se estivesse dormindo não estaria falando comigo. – retrucou com um tom estranho.

-Se você e os meus vizinhos insuportáveis não fizessem complô eu estaria dormindo agora. – rebati me aproximando da sacada.

-Serio Luize eu preciso de você. – Dani falou angustiada.

-O que aconteceu? – procurei saber ainda olhando para o caminhão.

-Eu fiz o teste… Deu positivo. – contou. Eu não respondi nada porque fiquei em choque. Ela estava com esse teste a quase um mês sem ter coragem de fazê-lo embora todos os sintomas dissessem a verdade.

-E o que você vai fazer? – perguntei sentando na cadeira do lado de fora.

-Pensei em ir fazer o exame de laboratório, você viriam comigo?

-Claro. – gritei sem hesitar sorrindo e a ouvir rir. –Você quer ir que horas?

-Pode ser a tarde.

-Você já contou para o Alberto? – perguntei estreitando os olhos quando alguém entrou na varanda da casa de frente. Eu realmente precisava de óculos, o cara parado do outro lado parecia olhar diretamente para mim, mas com a distância eu não tinha certeza. Ele era alto forte, usava uma camisa preta e calça jeans, tinha uma postura de quem fazia academia e tinha cabelos sedosos caindo sobre a testa, mas usava óculos. Eu aprendi com os meus erros a nunca julgar um homem lindo a distância porque quando a criatura chegava perto eu sempre me decepcionava, como já aconteceu varias vezes. Como Dani continuou falando eu me concentrei no que ela dizia e desviei os olhos do estranho.

-Entendo. – disse sem entender o que ela falou. –Amiga eu vou ajeitar as coisas aqui e te encontro a tarde.

-Tudo bem. Obrigada.

-Até daqui a pouco. – conclui desligando. Levantei ainda pensando no que ela me disse e olhei lá para baixo. O caminhão ainda estava parado e uma senhora estava na porta junto com Dara, a vizinha que mora em baixo. Ergui os olhos para o andar de cima e o estranho ainda estava lá me olhando. De longe ele parecia lindo, mesmo de óculos e eu me vi passando a mão pelo cabelo. Me lembrei que acordei agora e que estava parecendo uma roupa amassada então ignorei o estranho e entrei no quarto. Da onde ele estava provavelmente tinha uma visão geral do meu quarto já que era todo virado para a varanda. Teria que lembrar de deixar a sacada fechada ou as cortinas abertas. A casa dele tinha uma varanda do lado direito onde provavelmente seria um quarto e uma janela do lado esquerdo, ambas virada para o meu quarto, mas não me preocupei ao pegar uma toalha e sair para o banho.

Naquela tarde me encontrei com a Dani no ponto de ônibus e juntas fomos para o centro onde ela tinha o endereço de uma clinica enorme que inaugurou lá. Eu fiquei encantada com a elegância do lugar e pedi um panfleto feliz por perceber que tinha oftalmologia ali e que meu plano cobriu então enquanto esperávamos o resultado do exame da Dani decidi marcar uma hora na quarta para resolver meu problema.

Tudo mudou...Where stories live. Discover now