Capítulo 2 - Na Estrada

967 80 1
                                    

Arregalou os olhos e por um segundo sentiu novamente o arrepio...
YK: BOA NOITE, DESCULPE SE TE ACORDEI, MAS PRECISO FALAR COM VOCÊ.
SD: BOA NOITE, NÃO ESTAVA DORMINDO AINDA. EM QUE POSSO AJUDAR??
Escreveu aquilo tremendo...
YK: SERIA POSSÍVEL VOCÊ VIR ATÉ STAMBUL PARA ME AJUDAR A ESCOLHER AS PESSOAS QUE VÃO TRABALHAR AI?
Nesse momento um misto de medo e tristeza toma conta de Seher e ela fica sem saber o que dizer, afinal ela nunca tocou no assunto em 10 anos.

SD: NÃO VEJO NECESSIDADE DA MINHA PRESENÇA PARA A ESCOLHA, SEUS FUNCIONÁRIOS SÃO ALTAMENTE CAPACITADOS, QUALQUER UM DELES PODERIA VIR.
YK: MAS EU PRECISO QUE VOCÊ OS ENTREVISTE E ESCOLHA O QUE MAIS LHE PARECE APTO AO TRABALHO. EU INSISTO.
Nesse momento Seher preferiu desconversar e apenas disse que precisava conversar com Baba Arif.
A noite foi longa, aqueles olhos castanhos não saíam da sua mente e ela tentou dormir, mas não conseguiu.
Mal amanheceu o dia e ela já estava na cozinha com Mãe Nedine, que a conhecendo bem, perguntou porque ela estava agitada.
Seher desconversou e foi à sala procurar por Baba Arif que estava sentado em uma poltrona lendo notícias.
Sentou-se ao lado e logo foi contando da mensagem.
Baba Arif a olhou nos olhos e disse:
-Já está na hora de você voltar e encarar seus medos.
Ela assustada disse um NÃO alto e depois se desculpou.
Baba Arif pegou sua mão e disse que não precisava ter medo. Ela estaria segura com Yaman.

Ela tentou dizer alguma coisa, mas foi interrompida por Firat, que já chegou falando sobre assuntos dos cavalos.

Seher saiu sabendo que aquelas palavras de Baba Arif faziam sentido, mas ela não queria voltar.

Resolveu ligar para Yaman, teria de convencê-lo a mandar quem quisesse, mas ele foi incisivo e disse que só mandaria quem ela entrevistasse pessoalmente.

Tentou argumentar de que não poderia sair por conta de seus compromissos na administração, mas ele a deixou sem palavras quando falou que em conversa com Baba Arif ele tinha dito que ela precisava de férias, e que ficaria muito feliz se ela ficasse aos seus cuidados pelo tempo necessário.

Nesse momento ela gelou..., mas se Baba Arif já tinha feito este acordo, ela teria que ir....

Perguntou a ele quando poderia, ele disse que até o final da tarde um motorista/segurança estaria lá para busca-la.

Ela concordou receosa, mas disse que ia se arrumar e esperar.

As 16:30 um carro chega no Haras, o motorista se identificou, Seher relutante se despede e entra no carro.

No banco de traz, um envelope endereçado a ela.

Quando abriu encontrou um bilhete escrito à mão:

Seher,

Fique tranquila.

Este motorista é meu segurança pessoal e sabe da importância de trazê-la sã e salva até a mansão.

O carro é blindado e o motorista tem treinamento militar.

Nada de mal irá lhe acontecer.

Faça uma boa viagem.

Estou te aguardando

Yaman.

Ao ler, aparentemente ficou mais tranquila.

A viagem segue e em menos de uma hora estão entrando em Istambul.

Na entrada da cidade, ela começa a sentir medo, se encolhe no banco e o motorista percebe.

Olhando pelo retrovisor, ele diz e ela para ficar calma, as portas estão trancadas e em poucos minutos estariam na segurança da mansão.

Vendo que ela não relaxava, perguntou se ela queria sua arma, se isso a fizesse ficar mais calma ele poderia dar a ela.

Arregalando os olhos ela disse que não.

Durante o passeio passaram pela orla da marina e ela pode ver o Farol de Leandro todo iluminado. Lembrou-se da única vez que jantou ali, sozinha.

Passaram por ruas movimentadas, barulhentas, baixou um pouco o vidro do carro e sentiu o ar quente da cidade, o cheiro da cidade era bem diferente, ardia o nariz, secava a garganta e incomodava um pouco.

O carro entra em uma rua larga e arborizada, de repente ela se vê em frente a uma mansão enorme, com guardas nos portões e toda segurança que um rico "empresário" precisa.

Parando o carro bem na porta, havia um homem de meia idade, usando um colete, camisa branca e gravata,

Era Cenger, o mordomo que a recepcionou e deu boas vindas.

Abrindo aquela porta imponente, a conduzia para a sala, quando ouviu a voz de seu patrão...

Ela se virou e viu que em sua direção vinha aquele homem que deu a ela segurança desde o primeiro momento.

Chegando perto ele não podia ser mais bonito, perfeito, incrivelmente seguro de si.

Pegou suas mãos, deu boas vindas...

- Fez boa viagem? Sentiu medo?

- Como assim? Quer dizer, fiz, fizemos boa viagem, agradeço pelo bilhete.

Convidou-a para sala, enquanto pedia a Cenger que levasse sua bagagem para o quarto.

Ela espantada, perguntou porque ficaria em um dos quartos e não junto aos empregados.

Ele olhou e disse, você é minha convidada! Vai ficar aqui.

Por um instante ele parou de falar e só conseguia olhar para aqueles olhos verdes que pareciam confusos, e pôde ver que estava um pouco tensa.

Tentou fazer com que ela se sentisse à vontade, mas de repente entram na sala: cunhada Ikbal e Zuhal, sua irmã.

Sua cunhada queria saber quem era a convidada de Yaman, medindo Seher de cima a baixo, cumprimentou-a e se apresentou e a Zuhal.

Seher não gostou, se sentiu mal, como se sentisse o veneno escorrendo pelo canto da boca das duas.

Yaman, para tirá-la da presença das duas, convidou-a a ver seu quarto.

Subiram as escadas e entraram em um quarto amplo, com decoração simples, mas de extremo bom gosto.

Yaman, apesar de ser milionário, não ostentava.

Abriu a janela que dava acesso à varanda, Seher ficou olhando o céu de Istambul, bem diferente do que costumava ver no haras.

O RetornoWhere stories live. Discover now