capítulo único.

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🛹

Um momento de reflexão de Langa foi o suficiente para fazê-los chocarem entre si, caírem dos skates e irem ao encontro do chão da pista de skate naquela noite.

Aquilo doeu mais do que deveria.

— Por que você não desviou? — Reki perguntou, praguejando baixo enquanto se erguia e sentava no chão, no entanto, como resposta, obteve apenas uma risada de Langa. — Bateu com a cabeça ou algo parecido?

A risada de Langa cessou e ele o olhou nos olhos, sorrindo.

— Reki, você é incrível — disse, vendo-o entreabrir os lábios e franzir as sobrancelhas. — Sabe, quando eu disse que queria praticar skate infinitamente com você, sabia que aquilo era uma certeza, mas, agora, quanto mais tempo passo com você, mais sinto essa certeza aumentar.

Os olhos azulados de Langa encontraram-se com os âmbares de Reki, cores diferentes, assim como eles, no entanto, unidas, também tinham o seu encanto harmonioso.

E com esse encontro de cores, também havia o vermelho, este não dos cabelos de Reki, mas sim, de sua face, o rubor predominante em suas bochechas entregava-lhe por completo. Langa sempre sabia como acertar o seu coração em cheio.

— Você não pode dizer essas coisas assim do nada.

— Por que não, Reki?

— Porque me deixa sem graça — respondeu-lhe, desviando o olhar.

— Eu te deixo sem graça? — Ele franziu o rosto, inclinando levemente a cabeça para o lado. — Fiz algo de errado?

— Argh! Está vendo?! É isso! — diz, gesticulando as mãos em sua direção. — Você, Langa, me deixa... sei lá! — Ele joga as mãos para o alto, suspirando e balançando a cabeça.

— Eu te deixo...

— Coisado! Isso, coisado, essa é a palavra que define bem.

— O que é coisado? — indagou, descansando as mãos nas coxas.

— Bem, é tipo aquelas borboletas no estômago, sabe? Você me deixa assim.

Langa permaneceu calado durante alguns minutos, olhando fixamente para Reki, que murmurou baixo:

— Não vai dizer nada não?

— Reki, eu gosto de você.

Um instante de silêncio. Langa notou a movimentação do amigo, que se arrastou para frente, com as pernas cruzadas, podia olhá-lo nos olhos mais de perto, assim como sentir sua respiração quente tocá-lo no rosto.

— Langa — chamou, a voz soando baixa, os olhos dourados reluzindo naquela pista iluminada por alguns postes de luzes. — Eu também gosto de você... — ele disse, comprimindo os lábios e desviando o foco do olhar surpreso de Langa. — Como nunca gostei de alguém antes.

Seus olhares se reencontraram. Langa com as bochechas vermelhas, os olhos arregalados e a boca entreaberta. Fofo, foi a única coisa que passou pela mente de Reki naquele momento.

— O que a gente faz agora? — indagou, levantando os ombros e olhando-o um tanto atordoado.

Reki passou as mãos pelos seus fios de cabelo, suspirando ao deixá-las apoiadas em seus joelhos.

— Eu não sei, nunca cheguei nessa parte antes — diz, soltando uma risada fraca e esfregando levemente o dedo indicador em seu próprio nariz. — O que você me diz, Langa?

Sua expressão se iluminou, ele sorriu, levando sua mão ao bolso da calça, retirando uma pequena caixa de band-aids, abrindo-a e pegando um, deixando a caixa no chão, retirou o plástico que envolvia o curativo e direcionou seu olhar para Reki.

— Me dê a sua mão — pediu, estendendo a sua para ele, pôde sentir o toque de sua mão quente, era reconfortante. Envolveu cuidadosamente o band-aid azul em seu dedo anelar da mão direita, sorrindo após concluir o processo.

Reki olhou para sua mão, mexendo o dedo em que o band-aid havia sido colocado.

— Eu amei — disse, rindo. Ele também pegou um da caixa que estava no chão, tomando a mão de Langa, vendo o seu sorrisinho bobo. — Você, Langa Hasegawa, aceita andar de skate infinitamente comigo?

Ele sorriu, balançando a cabeça positivamente.

— Sim, Reki Kyan, eu aceito andar de skate infinitamente com você!

Reki sentiu seu peito encher-se de quentura e alegria, envolveu o band-aid vermelho em seu dedo anelar, envolvendo a mão do — agora — namorado, com a sua e apertando-a levemente, olhou para Langa, entretanto, não por muito tempo, pois quando se deu conta, sentiu os seus lábios macios tocarem os seus, pressionando-os, fazendo seus narizes ficarem lado a lado.

Um toque foi o suficiente para fazê-los sentirem tudo aquilo que guardaram para si mesmos e que omitiram um do outro.

Um toque foi o suficiente para dizer aquilo que não podia ser dito em palavras.

Um toque foi o suficiente para mostrá-los que quando se ama de verdade, ama-se infinitamente.

Cada dia, cada hora, cada momento.

Vermelho e azul encontram-se sem receio.

E amam-se sem medo. 

Infinitamente - hasekyanOnde histórias criam vida. Descubra agora