— Não. Não disse que tipo de fé, mas não faz mal acreditar em algo positivo.

— Que se foda a fé e a positividade. Estamos em um hospital, merda. — Acendeu o cigarro com as mãos trêmulas, puxando tudo que conseguia para dentro dos pulmões numa tentativa desesperada de se acalmar.

— Não pode fumar aqui. — Jimin sussurrou, agora em um tom mais triste do que indignado. — É sério. Se continuar a quebrar essa regra, vão te expulsar.

Revirou os olhos, mas apagou o cigarro no copo de café outra vez.

— Por que não vai ver o Jeongguk? Ele pergunta de você desde que acordou.

— Não consigo, não consigo. Fico nervoso só de pensar...

— Você não costumava ser tão covarde assim. — Jimin não fez questão de esconder a decepção na voz. — Encarava seus problemas de frente.

— Não é tão simples, porra.

— Na verdade, é bem simples, sim, você só precisa assumir as consequências das suas escolhas, não fugir delas. Eu sei o que você está pensando, te conheço, mas não esquece que você não pode tomar decisões pelas outras pessoas. — Ele disse, por fim, e se levantou. — Errar uma vez é humano, duas vezes é burrice — deu de ombros, como quem estava cansado de insistir no mesmo assunto, e se afastou. — Tenho que ir trabalhar.

No fundo, Taehyung sabia que Jimin tinha razão. Taehyung não podia tomar decisões por Jeongguk, mas também era inviável permanecer do jeito que estava. Se quisesse continuar com Jeongguk ao seu lado, as coisas precisariam tomar um rumo diferente, isso partindo do seu lado, visto que era o errado da história. Então, se sua vida não fosse capaz de aceitar Jeongguk, talvez fosse a hora de mudar para poder encaixá-lo nela sem preocupações.

— Cadê o meu filho? — Ouviu uma voz feminina perguntar para a recepcionista, e Taehyung reconheceu a mãe de Jeongguk de imediato. Sentiu um frio percorrer sua espinha e acelerar seu coração. Ela virou na sua direção quando foi informada de alguma coisa, olhos úmidos e vermelhos de lágrimas. — Você. Você é nosso vizinho, estava com ele, não estava? Sabe como ele está?

— Sim, e ele está no quarto. — Taehyung levantou, de cabeça baixa, incapaz de encarar o rosto angustiado dela. Ela veio depressa em sua direção, pisando duro e cheia de raiva. Quando chegou perto o suficiente para encará-lo dentro dos olhos, viu que os olhos dela se pareciam muito com os de Jeongguk; havia muito dele nas feições delicadas dela.

Foi surpreendido quando um tapa seco e ardido o atingiu na bochecha, forte o suficiente para que virasse o rosto e o obrigasse a fechar os olhos de vergonha. A pele da bochecha ferveu e o coração bateu muito rápido nas costelas.

— Sinto muito. — Foi tudo que disse, desolado e envergonhado nas mesmas proporções. Merecia aquele tapa e toda a humilhação de uma mãe desesperada, afinal, era culpa sua que Jeongguk se encontrava naquela situação.

— O que você fez? Como... aconteceu tudo? Me explique! — exigiu ela, nervosa, encolhida e protegendo a mão que o atingiu, o olhar cheio de arrependimento pela impulsividade.

— E-eu-

— Munhee, não faça escândalo. — Taehyung ergueu a cabeça para encontrar o dono da voz familiar; o pai de Jeongguk estava logo atrás dela, muito bem vestido em um terno preto. Ao contrário da mãe, tinha uma expressão tranquila e inabalável. — Nos explique, Senhor Kim. O que fez ao meu filho?

— Como eu disse, ele está no quarto — respondeu, ríspido, sem desviar os olhos da mulher.

— E como ele está? — Munhee perguntou, já mais calma.

A grama do vizinho nem sempre é mais verde (taekook)Where stories live. Discover now