Capítulo 1: O livro com espiral na capa

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Labirintos, esses lugarzinhos que brincam com nossa esperança dando pra gente falsas chance de vida, só para nós empurrar mais fundo em direção ao desespero

Às vezes o dia tem maneiras curiosas de ter um início, no meu caso meu dia teve seu princípio com o brilhante raio de luz atravessando as frestas da janela de madeira que havia em meu quarto, repousando na cama estava meu corpo coberto com uma camisa branca na parte do torno e um calça de linho na parte das pernas, meus pés estavam sem nenhuma proteção contra o frio nem mesmo uma meia havia no meu quarto, levo minha cabeça para o lado direcionando minha visão para o despertador feito de plástico da coloração preta, as horas cintilavam em vermelho indicando o horário

6:26 Da manhã, esse era o tal horário que o despertador marcava em vermelho, levei minhas mãos que estavam em lugares diferente do meu corpo agora vão para os meus olhos, eu os esfreguei junto de um suspiro que vazou de meus lábios, me levantei tamborilando os dedos nas minhas pernas dando longo suspiro em seguida, fui em direção ao banheiro fazer minha higiene matinal, lá dentro ao abrir a torneira e sentir a água escorrer pelos meus enquanto eu os esfrego me fazem sentir uma nostalgia todo tempo em que eu morava no campo com meu avô vincent

Depois de jogar água na cara e passar a escova no dentes algumas vezes, me retiro dos meus aposentos, desço os degraus das escadas de casa e começo a preparar meu café, um copo de leite, pão quente com manteiga e omelete era tudo que eu coloquei no meu estômago naquele momento, o cheiro de cafeína ainda estava colado nas minhas narinas mesmo depois de já ter tomado todo o líquido, mesmo que isso fosse um incômodo eu sabia que seria passageiro, então organizei a casa, peguei minha bolsa, coloquei o meu capacete e ao sair de casa coloquei meus pés sobre a plataforma do meu skate e sai deslizando pela cidade em que morava

A pequena porém pacífica spring bay, sempre foi meu lar desde de que posso me recordar, foi em alguns lugares desta singela cidade que tive momento inesquecíveis e esquecíveis também, para citar só alguns teve a vez que eu quando tinha meus 9 anos beijei uma garota atrás do parquinho da escola, também me recordo da vez em que quase morri por conta de um colega que levou uma arma do pai policial pra escola, essa era a índole do meu lar um lugar com seus momento angelicais e demoníacos, percorrendo as ruas sentia o vento tocar meu rosto e o aroma de café finalmente sair do meu nariz

Chegando na escola, paro meu skate, em seguida dando uma pisada na ponta dele o coloquei debaixo do braço e vou andando para a sala de aula, eu estava em uma paz tão profunda e calma que mal percebi o momento que eu esbarrei com um homem careca de terno e gravata e luvas, quando meus olhos foram na direção de seu rosto eu senti um calafrio percorrer minha espinha, aquela sensação era tão horrível que sai de lá às pressas sem nem se quer pensar em pedir perdão pelo meu descuido

entrei de maneira desesperada, eu estava com uma sensação tão ruim que eu nem percebi que ao entrar na sala eu fui ao chão e cai aos pés do professor que levou seus olhos de decepção em minha direção

Eu me levantei envergonhado, catei meus livros do chão coloquei eles de volta na minha bolsa e colocando o meu skate debaixo do braço fui para a minha mesa

—você senhor spector, vem atrasado para a minha aula de forma desesperada e cai sobre os pés sem nem sequer mover os lábios para me pedir desculpas, o que você tem a dizer sobre isso

Tomar bronca de professores por conta de atraso era normal pra mim, no entanto aquele dia não era para haver atraso nenhum, eu só me atrasei por conta da minha preguiça e meu desespero por conta daquele homem

Eu gostaria de ter falado para o professor sobre aquilo, contudo só o que eu fiz foi dizer— Não professor eu não tenho nada a dizer— depois que eu falei isso, abaixei a cabeça, tirei o livro referente aquela aula e comecei a acompanhar a matéria, apesar de que eu ainda continuava pensando sobre o sentimento que invadiu o meu peito ao esbarrar com aquele homem, eu me perguntava porque uma sensação tão sombria foi parar no peito só por esbarrar em alguém

Durante a aula inteira minha mente divagou indo para todos lugares, ao fim da aula voltei a prestar atenção, no entanto já era tarde, a aula já teve seu fim, minha única ação no meio de tudo aquilo foi guardar meus livros e sair da sala

No corredor eu andava de cabeça baixa até a biblioteca, lugar que eu costumava frequentar, não pelo motivo que você leitor imagina, mas sim para ler qualquer coisa que não me deixasse desanimado, vagando pela imensas estantes lotadas de livros, passei os dedos por cada capa e meu dedo parou em um livro com uma espiral branca na parte lateral do livro

Colocando o dedo em cima do livro de forma delicada eu retiro o livro da estante, sua capa pode ser finalmente revelada perante meus olhos, sua capa e contra capa eram negras escuras iguais a tinta que formam as letras das páginas daquele livro

Dei de ombros, coloquei o livro contra o peito e fui até uma das mesas presentes naquela biblioteca, agarrei fortemente uma das alças da minha bolsa joguei ela na mesa depois puxei uma das cadeira e me sentei, minha única ação após essa cascata de outras ações foi abrir o livro

Eu passei pagina por pagina, não parecia ter figuras ou letras naquele livro, eu fui folheando mais algumas páginas, até que me deparei com uma estrutura feita de madeira em uma página, eu coloquei os dedos sobre aquela estrutura, como uma sucessão de eventos ruins, pude sentir a ponta de algo metálico encostar na minha cabeça e depois o barulho de uma arma sendo engatilhada

—Se afaste da mesa e da mochila com o livro em mãos agora— Uma voz apática ordenou que eu fizesse essa coisas, fechando os olhos, afastei meu corpo da mesa e levantei lentamente, abri os olhos que foram parar no vidro da janela daquela biblioteca, daquela vidraça eu pude ver a pessoa que me ameaçava com aquela arma

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