𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 𝒒𝒖𝒂𝒓𝒆𝒏𝒕𝒂 𝒆 𝒔𝒆𝒊𝒔

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━ Que bom que você chegou. ━ ela corre para perto de mim.

━ O que aconteceu? 

━ Eu não sei. ━ ela parece assustada. ━ Tentei falar com ele, mas ele me expulsou, você sabe como ele é…

━ É, eu sei. Eu vou lá falar com ele. Não sai daqui, tá bom? ━ ela concorda e eu saio do seu quarto. 

Coloco minha mão lentamente no trinque da porta e a abro lentamente. O quarto está escuro, a única iluminação que tem está vindo de um pequeno abajur que está em cima do criado-mudo. 

― Vai embora, Wheezie. Quero ficar sozinho. ― a voz de Rafe ecoa e vejo ele sentado no sofá pequeno que tem no canto do quarto. Ele está curvado com a cabeça apoiada nas mãos. Fecho a porta do quarto lentamente e caminho para perto dele. ― Porra, você não ouviu?

― Ouvi, mas não vou embora. ― ele levanta sua cabeça lentamente e me olha dos pés à cabeça. Ele ri, mas é uma risada sem humor. 

― O que você está fazendo aqui? 

― A Wheezie me ligou e…

― Claro, tem que ser a Wheezie. ― ele bufa. ― Vai embora. 

― Que? Rafe…

― Eu não quero ter que repetir. ― sua voz está sombria e baixa. Fico olhando para ele confusa. ― Caralho, você está surda?

― Por que você está falando assim comigo? ― ele fica em silêncio. ― Eu não tive culpa naquele dia....

― Mas tem culpa por hoje. ― fico em silêncio olhando para ele que ri e passa os dedos suavemente no lábio. ― Você deve se achar muito esperta.

― Do que você está falando?

― Ainda estou me perguntando o porquê você está aqui.

― Porque eu me preocupo com você. ― falo com a voz mais alterada. 

― Então por que correu para os braços de Tommy? ― tento raciocinar o que ele está falando, mas parece que ele entendeu de outra forma. ― Eu não sei como pude acreditar em você. 

― Eu não corri de volta para os braços de Tommy. 

― Então por que ele estava na sua casa hoje? 

― Como você sabe que ele estava na minha casa? ― ele respira fundo e se levanta caminhando para perto de mim.

― Você não sabe nem fingir. ― ele cuspe suas palavras perto do meu rosto. ― Ele atendeu seu telefone quando eu liguei mais cedo. 

― Claro. Eu sai e…

― Eu não quero explicações, Maya. ― ele me corta. ― Quero apenas que você vá embora. 

Desvio meu olhar do seu e vejo o tom arroxeado que está na sua bochecha esquerda. Ergo minha mão e toco suavemente no seu rosto, posso jurar que ele relaxou um pouco com o contato, mas ele logo se afasta.

― Quem fez isso? 

― Para de fazer perguntas, Maya. ― ele se vira de costas para mim. 

― Foi o Ward?

― Isso não é da sua conta. 

― Claro que é da minha conta. ― caminho e fico na sua frente. Ele não me olha, seu olhar fica focado em um ponto aleatório do quarto. ― Rafe, por favor. 

― Maya, por mais que eu te ame. ― ele olha diretamente nos meus olhos agora. ― Não há nenhuma maneira de ficarmos juntos. ― tento falar, mas ele me interrompe. ― Tem coisas que lutei a minha vida toda para ter, e a confiança do meu pai é uma delas. E eu estava conseguindo, estava quase lá. ― ele se afasta. ― Mas eu perdi por sua culpa.

― O Ward só te manipula…

― Não fale isso dele. ― sua voz soa como um trovão. ― Você não tem o direito de falar do meu pai. 

― Eu só quero arrumar as coisas entre nós. 

― Por que você quer arrumar? Dois dias, Maya. ― ele fica na minha frente. ― Dois dias e você correu de volta para ele.

― Eu não corri de volta pra ele! Eu saí e quando voltei ele estava no meu quarto.  Por que é tão difícil de acreditar em mim?

― Porque tudo está apontando contra você. 

O olhar de Rafe não transmite sentimento nenhum. Normalmente seus olhos demonstram tudo o que ele está sentindo, mas não consegue falar. Agora não está assim. Ele está vazio e opaco. 

― É isso mesmo que você quer? 

― Eu só quero ser o que meu pai sempre quis. ― fico em silêncio apenas olhando para ele. 

Por mais que eu queira gritar que o Ward não merece a pessoa que ele é, não posso fazer isso. Sei como ele depende emocionalmente dele e como só pioraria as coisas se eu surtasse. 

― Não consigo acreditar que vamos acabar assim. ― falo baixinho.

― Eu te amei a minha vida e acho que me apeguei demais a esse sentimento, acabei me perdendo…

― Realmente acha que se perdeu? ― ele me olha. ― Ou você encontrou uma parte de você que não conhecia e está com medo? ― ele fica em silêncio apenas me olhando.

Pelo olhar de Rafe, sei que ele não vai ceder e vamos lutar contra todos para ficarmos juntos. Por mais que eu não queira, parece que esse é o fim. A tristeza toma conta do meu peito, parece que tudo até aqui foi em vão, não passou de uma ilusão.

A porta do quarto se abre e Ward entra com o celular na mão.

― É, ela está aqui… Não, eu levo ela, pode deixar. 

Ele desliga o telefone e intercala o olhar entre eu e Rafe.

― Seus pais estão te esperando. ― Ward fala firmemente. 

Concordo e me afasto de Rafe. É o fim da linha, não tem mais o que fazer. Uma parte de mim ainda mantém uma esperança cega que Rafe não vai deixar o Ward me levar embora, mas a minha parte mais racional sabe que ele não vai fazer isso. 

― Só pra você saber. ― me viro para Rafe novamente e ele me olha. ― Eu perderia qualquer coisa se isso significasse ter você. 

 ⇨ 𝐹𝑟𝑖𝑒𝑛𝑑𝑠 • 𝑅𝑎𝑓𝑒 𝐶𝑎𝑚𝑒𝑟𝑜𝑛Onde as histórias ganham vida. Descobre agora