Capítulo 10 - Halloween

Começar do início
                                    

O DJ então pede que todos abram espaço na pista para que minha mãe e meu pai tenham a honra de ter a primeira dança. Cumprimento as Selecionadas a medida que vou passando pelo salão, então paro ao lado de Celeste. Ela me olha de baixo para cima, admirando minha roupa com um sorriso no rosto.

- Você está perfeita, Alteza. - ela diz com um tom malicioso, já que ela me chamou assim de propósito.

Eu aceno com a cabeça. - E você está magnífica como sempre, Celeste. - eu digo, olhando em seus olhos, e rapidamente eles vão até sua boca, durante menos de dois segundos, até eu voltar a olhar para ela. - Mas obviamente você sabe disso.

Ficamos uma ao lado da outra, nossos braços encostando um no outro, talvez um pouco mais próximas do que deveríamos estar, mas isso não importa muito, já que os olhos de todos estão nos meus pais, que agora e estão na pista de dança. Eles parecem bem felizes.

Acho que a única coisa que meu pai fez de certo na vida, a única coisa em que ele sente verdadeiro orgulho, é de mamãe. E não posso reclamar, não existe uma alma nesse mundo que não goste dela, conhecendo pessoalmente ou não, ela é a pessoa mais encantadora e carismática que já conheci, e não posso ter uma mãe melhor do que ela. Vendo os dois juntos, dançando, vendo a felicidade de meu pai, nem parece o mesmo homem frio de quem eu estou acostumada. Aquela felicidade ele nunca demonstra perto de mim ou de Maxon, tenho certeza que nem mesmo nos nossos nascimentos ele foi tão feliz assim. De certa forma não posso culpá-lo por muitas de suas ações, ele foi criado para ser rei, criado já com esse enorme peso nas costas. E ele não nasceu para ser pai, mas foi algo que foi quase como uma obrigação como único herdeiro ao trono. Mas fico muito feliz que minha mãe sim nasceu para ser mãe, e ela nasceu muito mais para ser mãe do que rainha, apesar de ser, provavelmente, a melhor rainha que esse país vai ter.

Algo que acontece bem raramente aconteceu: deixo uma lágrima escapar ao pensar em tudo isso. Posso não ter o melhor pai de todos, ele está longe de ser, ele também poderia ser pior, pensando pelo lado positivo, mas mãe melhor que a minha ninguém tem, e disso estou certa.

Logo os dois terminam a dança e todos vão até a pista. Celeste e eu vamos juntas até lá, e ouvimos Maxon pedir para dançar com Natalie. Sou a única que reparo que America está perto o suficiente para ele a convidar, e noto a sua decepção ao ouvir meu irmão convidando outra garota para dançar.

Um dos guardas do palácio chama Celeste para dançar, ela chega a me olhar de relance, como se estivesse perguntando se eu estou de acordo com aquilo. Discretamente faço que sim com a cabeça e saio da pista de dança. Vou até Marlee e May, irmã de America, as duas estão juntas, parecem que se conhecem desde sempre.

- Você está linda, Alteza. - May diz.

Eu dou um sorriso gentil antes de responder. - Você está adorável com essa fantasia de noiva! - vejo suas bochechas corarem. Chego um pouco mais perto dela, para que só ela e Marlee possam me ouvir. - Mas pode me chamar de Kat. - eu digo, dando uma piscada para ela.

Ela dá o maior sorriso que eu já vi.

Ficamos nós três ali conversando por alguns minutos enquanto observamos as pessoas na pista de dança. Uma música tradicional começa a tocar e Maxon se aproxima de nós.

- Aceita dançar comigo, Kat? - ele me convida.

Eu abro um sorriso e balanço a cabeça. - É claro que sim, Max.

De mãos dadas com meu irmão, vamos até a pista e começamos a dançar ao som da música que toca. Ponho a mão em seu ombro direito, e a outra segura sua mão esquerda.

- Faz algum tempo que não temos um tempo a sós, não é? - ele diz.

É verdade. Por mais que em dias normais (sem toda essa história de Seleção) nós tenhamos cada um seus afazeres e suas rotinas, sempre temos  um tempo um para o outro. Como eu já disse, Maxon é a pessoa mais próxima que eu tenho, o meu amigo mais próximo. Sim, sou amiga de Leah e Aria, mas além de serem bem mais velhas existem algumas coisas que elas não entendem. Também sou muito amiga dos meus primos, Veronica e Caleb, mas nos vemos pouco e eles também não entendem muitas das coisas que acontecem comigo, Daphne então nem se fala... Maxon é a única pessoa que me entendia. Ambos crescemos com a pressão de sermos filhos do rei e da rainha de Illéa, apesar dele ser o herdeiro ao trono e eu não ter esse peso, nos entendemos mais do que qualquer outra pessoa.

- É. - eu respondo, balançando a cabeça. - Acho que a Seleção o deixou muito ocupado, talvez até mesmo sobrecarregado.

Ele faz que sim. - Mesmo assim, acho que deveria ter reservado algum tempo para passar com você, me perdoe por não ter feito isso antes.

Eu dou um sorrisinho. - Não preciso lhe perdoar, Max. Eu também não o procurei muito durante todo esse tempo, acho que nós dois temos uma parcela de culpa nisso tudo.

- Eu cheguei a perguntar à mamãe, mas alguma coisa em você está diferente. Você está diferente. Aconteceu alguma coisa? - ele pergunta, preocupado.

Respiro fundo. Sei que teria que contar a ele em algum momento, mas não pode ser nem aqui nem agora, em volta de todas essas pessoas, num evento tão grande e importante como esse.

Eu olho para meus pés, ainda dançando, mas agora evitando os olhos do meu irmão. - Max... Eu preciso conversar com você.

Ele parece ainda mais preocupado em ver meu nervosismo, a minha seriedade.

- O que houve? O que você quer conversar comigo? - ele pergunta, nervoso.

- Aqui não. Preciso conversar com você em particular, e de preferência não em um momento como esse.

Ele balança a cabeça. - Tudo bem...

Assim que a música termina nós paramos de dançar. Logo depois começamos a ouvir fogos de artifício do lado de fora do palácio. Todos vamos até as janelas observar o céu.

Maxon agora sabe que tenho um assunto importante para falar com ele. Agora não tenho mais nenhuma desculpa para evitá-lo.

A Princesa de IlléaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora