capitulo 2

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Virei apenas para confirmar que eram aqueles olhos azuis que estavam me encarando por trás. Não que alguém pudesse confundir aquela voz grave e rouca. A barba por fazer indicava que ele não estava nos seus melhores dias — na verdade, ninguém estaria. Mas ele ainda estava com aquele charme indiscutível e cheiroso como sempre.

Observei seus olhares acusadores, como se eu estivesse a quilômetros de distância, seus olhos semicerrados e desconfiados. Ignorando isso, meus olhos desceram até a pequena cicatriz debaixo de seus olhos, fazendo com que eu apertasse o anel de prata nos meus dedos com um pouco mais de força.

— Boa noite, Liam. — Respondi, deixando de lado o apelido que ele sempre usava para mim.

— Como está? — Perguntou, fingindo um tom de simpatia que eu conhecia bem. Aquele sorrisinho de lado era uma armadilha conhecida.

— Bem, e você? — Respondi, tentando disfarçar a inquietação.

— Está aprendendo francês como ordenei? — Perguntou com um sorriso que não deixava dúvidas sobre sua intenção de controlar a conversa. Ele havia mudado de assunto com uma rapidez calculada, como se quisesse desviar o foco da pergunta anterior.

Eu e Liam trabalhamos na empresa Patterson; ele é o diretor de finanças e marketing, e eu sou gerente financeira. Esse cargo não foi imposto por ele, mas por Pedro. No entanto, Liam age como se eu fosse sua subordinada direta. Ele transforma minha vida em um inferno, sempre alegando que é pelo bem da empresa.

Como agora. Ele ordenou que eu aprendesse francês em menos de um mês. Quem ele pensa que eu sou? O Albert Einstein?

— Sim — Menti descaradamente, e vi a surpresa no seu rosto.

— Ah, fala tão bem quanto eu? — Perguntou, intrigado e desafiador.

— Provavelmente — Falei, distraída, olhando para minhas unhas.

— Resposta errada. — Disse, enquanto seus olhos vagavam por meu corpo com um olhar de avaliação que me fez sentir desconforto.

— Desculpe? — Olhei para ele, confusa.

— É muita ousadia pensar que estamos no mesmo nível. — Revirei os olhos ao ouvir tamanha estupidez. — Nous ne sommes pas au même niveau, je suis sur un piédestal.

Acenei a cabeça, fingindo compreensão. Só captei o "nível" e "pedestal".

— Que seja o que você achar melhor. Se isso te faz feliz, eu concordo. — Respondi, usando a mesma fórmula de evasão que aplico para qualquer afirmação incômoda dele. — Agora, me deixe em paz.

— Já não consegue lidar com uma piada..? — Perguntou, incrédulo, como se minha reação fosse uma ofensa.

O que disse de mal?

— A propósito, sobre os exercícios físicos... — Mudou de assunto abruptamente, me olhando de cima a baixo. — Não te tenho visto no ginásio da empresa.

Não... não faça isso, Liam. Isso é uma tentativa deliberada de me deixar desconfortável e atacar minha autoestima?

— Na verdade, nunca cheguei a fazê-los. — Respondi, tentando esconder o desconforto.

Eu sabia que não devia ter usado um vestido tão ousado; não tenho corpo para isso.

Não me considero gorda, mas definitivamente não sou magra. Meu cabelo preto como carvão está ondulado, graças à Esme, e minhas pernas longas estão cobertas por meias do meu tom de pele. O vestido preto acentuou perfeitamente minhas curvas e o decote não é chamativo, considerando que tenho seios médios. Posso me considerar sexy, mas não vulgar.

24 HORAS ADULTASOnde histórias criam vida. Descubra agora