𝟎𝟎𝟐. 𝐀𝐒 𝐂𝐑𝐈𝐀𝐍𝐂̧𝐀𝐒

9.2K 850 1.1K
                                    

A floresta se fez novamente o lar das meninas enquanto elas corriam o máximo que podiam, tropeçando em galhos, arranhando os braços, e sujando os pés ainda descalços de lama, graças a forte chuva que caía. A cada passo dado pelas meninas, mais a chuva se intensificava, ficando quase impossível enxergar em meio a toda aquela escuridão. O barulho dos pés batendo na lama era alto e poderia ser ouvido por quem estivesse por perto.

— Pare. — Ordenou a mais velha puxando a outra pela blusa amarela. — Tem alguém aqui. — Ainda com a mão na manga da outra, ela foi andando lentamente até onde ouviu alguns gritos abafados pelo temporal, de repente, um galho no lugar errado e na hora errada foi pisado e as pessoas que antes gritavam, se viraram para a dupla apontando lanternas em seus rostos. Todos se encararam por alguns segundos, sem nada dizer. Até que o garoto do meio finalmente abriu a boca.

— Mas que merda...

— Esse não é o Will. — Disse o outro.

𝐐𝐔𝐄𝐁𝐑𝐀 𝐃𝐄 𝐓𝐄𝐌𝐏𝐎❜

A número nove estava sentada em um pequeno sofá ao lado da número onze. Os três garotos que as encontraram as levaram para lá, mesmo com a relutância de dois. De acordo com o que a morena escutou, era o porão da casa do provável "líder" do trio. O menino havia dado seu casaco à menina mais nova, um gesto fofo, já que a mesma tremia com o frio.

— Vocês têm o número do telefone dos seus pais?

— Cadê seu cabelo? Você tem câncer? — O encaracolado questionou.

— Fugiram de casa? — O terceiro e último quem perguntara.

—Estão com problemas?

—Isso é sangue? — Ele tentou tocar na blusa da mais velha, que continha sangue seco.

— Parem! Estão assustando-as! — Repreendeu o líder.

— Elas estão me assustando!

— Aposto que são surdas. — O menino bateu suas mãos no rosto das garotas, fazendo-as recuar para trás e em troca ganhar um olhar mortal da garota do fogo. — Não são surdas.

— Certo, já chega. Elas estão assustadas e com frio. — O garoto que falou se afastou dos amigos e foi até um cesto de roupas, voltando logo em seguida com algumas em seus braços. — Aqui, estão limpas. Está bem? Eu tive que pegar da minha irmã pra você, vocês parecem ter a mesma altura. — Avisou para a mais velha ali, entregando as roupas para as duas.

A morena observou sua parceira se levantar, e arregalou os olhos ao vê-la tirando a roupa ali mesmo.

— Não! — O garoto segurou suas mãos enquanto seus dois amigos se viraram tampando os olhos e exclamando a mesma coisa.

— Ai, meu Deus.

— Está vendo lá? É o banheiro. Privacidade. Entende? — A garota se levantou e pegou a menina pela mão, levando-a até o lugar indicado. Ao começar a fechar a porta, foi impedida pela mesma.

— Ei, calma. Tudo bem, vamos fechá-la só um pouco, ok? — Ela foi fechando devagar, deixando apenas uma fresta. — Assim está bom?

— Sim. — Murmurou

A maior se trocou rapidamente e deixou a criança no banheiro, deixando-a com mais privacidade. Ela chegou silenciosamente perto do trio no momento certo para escutar a conversa deles.

— Ela quase ficou pelada. — Disse o de boné.

— Tem algo errado com elas. Tipo, na cabeça...

𝐁𝐋𝐎𝐎𝐃 𝐈𝐍 𝐇𝐄𝐋𝐋 - 𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐓𝐡𝐢𝐧𝐠𝐬Onde as histórias ganham vida. Descobre agora