- Maldita! Eu nem posso te arrebentar. Filha da puta, nojenta. - Falei entre dentes apertando com toda força seu pescoço. Seu rosto machucado, o sangue escorria por seu nariz e pelos cortes que meu punho fez em seu rosto.

- Sarah... por favor, chega - Carolline pediu e segurei por mais um tempo. Ela apenas tossia, mas não tinha forças pra reagir. Parei assim que vi as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Sai de cima dela ofegante sentindo minha garganta apertar. Fiquei a observando e juro que aquilo ficava cada vez mais assustador.

Carolline ria e chorava agora ao mesmo tempo. Parecia uma psicopata. Ali tive a convicta certeza que minha irmã precisava urgente de um tratamento. Ela não estava bem. Carolline se levantou e sentou na cama, estava um pouco tonta. Seus olhos vermelhos e úmidos. Por um momento me senti muito mal por ter feito tudo aquilo.

- Você... - Ela segurou meu rosto com as duas mãos e estremeci dos pés a cabeça. - É culpa sua.

- Isso não é verdade. - Tentei dizer e ela riu novamente. Carolline não me encarava. Estava de olhos fechados ainda segurando meu rosto. Ela caia em um choro pesado e depois ria, aquilo estava me apavorando.

- Você sabe que é. Aqui dentro... - Subiu uma das mãos pra minha cabeça. - Aqui você sabe que é. Sabe que é culpa sua, você fez isso comigo Sarah. Você me fez um monstro. - Carolline desabou em choro apertando seus dedos no meu rosto. Eu não conseguia dizer nada. Parecia que ela estava controlando meus sentidos. Era assustador. - Você me destruiu. Olhe pra mim. Eu não era assim, Sarah. O que você fez comigo? - Olhei dentro dos seus olhos e senti os meus ardendo ao me deparar com meu pior pesadelo. Era isso, Carolline era o meu pesadelo no qual eu não conseguia me livrar. - Eu acho que você não merece nada. Você não merece ser feliz se eu não sou. Sarah, você não merece viver normalmente depois de colocar uma doença em mim.

- Carolline, por favor, para de dizer isso - Quase supliquei para que ela parasse. Eu me sentia agoniada. As mãos dela em mim, a voz dela carregada de magoa, estava me deixando nervosa demais.

- Você não devia ter nada disso. Esse ódio me faz fazer coisas que não quero, Sarah. Você é a culpada se eu sou assim. - Ela chorou mais ainda e eu já não conseguia me segurar. Talvez ela estivesse certa, talvez eu fosse a culpada. Ela encostou a testa na minha ainda chorando, aquilo era agoniante. O que fiz Carolline se tornar era lamentável. - Me perdoa, irmã. Eu prometo que vou mudar isso, por favor, Sarah. Me perdoa. Eu preciso de ajuda.

- Calma - A puxei para um abraço sentindo um aperto enorme no peito. Eu precisava ajuda-la. Carolline precisava de mim. - Eu te dou todo apoio que precisar, Carolline. Eu estou aqui. - A segurei com toda força me sentindo arrependida por ter sido tão rude. Carolline não merecia. Ela apenas estava infeliz.

- Obrigado. - Pediu se afastando e limpando as lágrimas de seu rosto. - Não conte a ninguém o que viu hoje. Eu prometo que não vai se repetir. - Carolline pediu e engoli seco. Era errado negar o que vi caso Mari tomasse medidas contra Carolline. Mas era minha irmã e eu tinha certeza que ela se esforçaria agora.

Me levantei e observei Carolline deitar na cama. Respirei fundo fortemente e me retirei do quarto. O peso estava todo nas minhas costas mais uma vez. Carolline tirava da dela e jogava na minha. Eu estava chegando no meu limite, sabia que em algum momento isso chegaria em um nível insuportável, esse era meu maior medo. Eu não sabia o que podia fazer. Desci as escadas até a sala e vi Juliette sentada no sofá. Não me lembrava de ter a visto ali quando entrei. Ela se levantou ao me ver e ficou me encarando séria.

- Não está mesmo pensando em jogar os erros da sua irmã pra de baixo do tapete novamente, não é? - Juliette perguntou. Sua voz carregada de raiva.

- É feio escutar atrás da porta - Enfiei as mãos no bolso a encarando séria também. Eu sentia algo ruim em Juliette quando se tratava de Carolline. Agora ela não escondia tanto assim. Sabia que ela queria fazer mal a minha irmã, mas eu não podia permitir.

STOLEN [ INTERSEXUAL ] SARIETTE Where stories live. Discover now