𝐒𝐊𝐘𝐅𝐀𝐋𝐋 ꩜ bucky barnes (✓)

03. Uma Nova Chance

Delegacia de Moscow, Rússia
1996

N A R R A D O R

— Delegado? Se Mikha Dolohov foi assassinada pelo marido, quem matou o marido?

Essa era a pergunta que todos os repórteres mais faziam, e a que mais deixava Mashkoff confuso. Ele devia dizer que Alice era a culpada. Devia dizer que uma criança de oito anos matou o pai e não parecia sentir remorso. Devia, mas não podia. Psicólogos e federais cairiam em cima da garota, querendo levá-la para um internato e tratar dela como um animal, uma psicopata ou sociopata, e ela não merecia isso. Ela não era nada disso.

Logan sabia, por alto, as condições que Alice vivia. Sabia que tudo o que fez fora instintivo. Inacreditável, mas instintivo. Ela tinha um senso de auto defesa alto e especial para uma menina da sua idade, mas as consequências que a fizeram crescer assim são cruéis. E mais cruel ainda era ter que manter esse segredo pelo bem dela.

— Os legistas encontraram veneno no organismo de Mikha Dolohov. A conclusão é que o marido a violentou e fez com que ela ingerisse o veneno. Por isso, ela o matou e acabou morrendo depois. — Explicou, vendo-os fazer anotações.

— E o que vai acontecer com a criança? — Um deles perguntou, fazendo Logan imediatamente lembrar de Colin e Alice.

— A criança será reabilitada, reintroduzida na sociedade e adotada por uma família estável e saudável. Isso é tudo.

Saindo daquela coletiva infernal, Logan voltou pra dentro da delegacia, indo direto para a sua sala. Queria saber a resposta de Nancy, sobre a adoção de Alice. Ele entrou no local, vendo Colin fazer algumas anotações e olhar a tabela de agentes federais que seriam possivelmente contratados na sua agência. Alice estava na sala ao lado, brincando com os brinquedos que os policiais trouxeram da sua casa. Ainda se sentia triste, sentia falta da mãe, mas estava gostando dos novos amigos policiais.

— E então? Qual o veredito de Nancy?

— Ela aceitou. Receosa, mas aceitou. — Colin disse, sorrindo calmo.

— Graças à Deus! Vou mandar preparar os papéis de adoção.

— Acha que saem ainda hoje?

— Saem. Não vai precisar trocar de vôo, acredite.

— Agradeço por isso.

— Eu que agradeço. Sendo bem sincero, não confio em outra pessoa para adotar essa menina. — Diz, já pegando o telefone e ligando para os conhecidos que tinha no cartório de registro da capital.

Logan conseguiu adiantar todos os papéis e os mesmos saíram ao início da tarde. Colin já os tinha em mãos e se preparava pra ir conversar com Alice sobre a adoção. Se sentia nervoso. Esperançoso, mas nervoso, mesmo que a menina tenha afirmado mil e uma vezes que gostava dele e já o chamava de "Tio".

— Alice? Oi, o que está fazendo? — Perguntou, se aproximando cautelosamente da menina.

— Estou montando uma fazenda. Esses são os carneiros, esses são os bois e as vacas. Aqueles são os cachorros. Faltam os cavalos, mas eu não achei.

— Você gosta de fazendas?

— Gosto. Sempre quis morar em uma mas, sabe, meu papai não queria.

— Sabia que a minha casa se parece muito com uma?

— Jura?

— Sim! Eu tenho cavalos, bois e vacas. Minha esposa tem algumas cabras e galinhas.

— O que é uma esposa?

— É a mulher com quem me casei. Ela se chama Nancy.

— Ela é legal?