Capítulo 6 - Reunião dos primos

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- É claro. - os dois dizem.

- Até porque você não é a única que gosta de pessoas do mesmo gênero, Kat. - Caleb diz.

Eu olho para ele, por um momento sem entender o que ele quer dizer com isso.

- V-você também? - eu pergunto, surpresa.

- Pessoas como nós são mais comuns do que você imagina. - ele diz.

Olho novamente para onde Celeste está. Ao lado de Maxon, ambos conversando com a rainha da Noruécia, Samuel pendurado na perna do meu irmão. Eu estou com uma expressão triste.

Veronica me abraça de lado.

- Deve ser difícil ver a pessoa que você gosta em uma competição para tentar casar com seu irmão.

- Isso era pra ter sido um consolo? - eu digo, me desvencilhando do braço dela. - Porque se era, você é péssima em consolar as pessoas.

- Infelizmente não consegui ver um lado bom disso tudo... - Veronica diz.

Nossos parentes permanecem no palácio por mais alguns dias, antes de voltarem para casa. Logo depois da partida deles, mamãe me chama de novo para conversar, vamos até meu quarto. Antes de qualquer coisa peço para que Leah e Aria saiam.

Me sento na cama e minha mãe faz o mesmo.

Ela toca em minha bochecha. - O que anda passando por sua cabeça, meu amor?

- Nada. Acho que só tem sido difícil ver Celeste com Maxon, mais difícil ainda que eu não posso fazer nada em relação a isso.

Ela assente. - Se serve de consolo, querida, eu percebo os olhares dela quando você não está olhando. Eu acho que no fundo talvez ela sinta algo por você.

Eu estou muito pessimista com relação a tudo isso. - Não... Eu acho que ela continua aqui só por causa de Maxon, acho que de início ela só tentou chamar a minha atenção pois achou que se dar bem com a irmã do príncipe fosse uma boa ideia.

Minha cabeça está baixa. Mamãe passa o braço em volta de mim, fazendo com que eu encoste minha cabeça em seu ombro.

- Você pensa em contar alguma coisa para seu irmão? - ela me pergunta.

Eu levanto a cabeça, confusa. - Não sei. Não pensei muito sobre isso. Pensei que se eu contasse qualquer coisa a Maxon eu estragaria tudo.

- Estragaria o que, querida?

- Minha relação com ele, possivelmente até mesmo a Seleção...

Lágrimas começam a cair dos meus olhos. Eu choro silenciosamente, e minha mãe está igualmente em silêncio ao meu lado, parece pensar no que vai falar.

- Tenho certeza que Maxon vai aceitá-la, não importa o que você faça ou diga. A relação de vocês dois nunca poderia estragar.

Eu olho em seus olhos. Ela enxuga as lágrimas do meu rosto.

- Ele sabe de alguma coisa? - eu pergunto, suspeita.

Ela dá um sorriso leve antes de responder. - Não, querida. Mas seu irmão chegou a conversar comigo, perguntando se eu sabia e se eu concordava que você estava diferente.

Antes de eu perguntar o que eu quero, parece que ela lê minha mente.

- Não contei nada. Acho que você que tem que conversar com ele. Mas, um conselho meu, não espere demais, não sabemos o que pode acontecer durante a Seleção, e não quero ver você se machucando.

Eu concordo com ela. Eu tenho que contar tudo para Maxon, no fundo eu sei que ele não reagirá negativamente, mas o medo sempre está lá.

Acordo com alguém me agitando.

- Kat, acorde! Você precisa se levantar! - Leah diz.

Abro meus olhos, e ao lado da minha cama estão Leah e Aria. Ambas estão com uma expressão de preocupação.

- O que houve? - eu pergunto.

- Precisamos levá-la para o porão. Estamos sendo atacados. - Aria diz.

Leah rapidamente me cobre com um roupão.

- Eles conseguiram entrar? - eu pergunto rapidamente.

As duas assentem com a cabeça. Agora fico nervosa. Raramente os rebeldes entram no palácio.

Elas me guiam até a passagem que dá para o porão. Meu irmão, meu pai e minha mãe já estão lá. Assim que chego, mamãe me abraçou, e logo sinto Maxon me abraçar também.

As Selecionadas chegam aos poucos no porão. Estamos cercados por guardas. Quando vejo Celeste chegar, ela corre e fica ao meu lado, ela está claramente preocupada.

Cuidadosamente e discretamente movo minha mão até encostar na dela. Ela percebe isso, e então segura a minha mão apertado.

Logo o abrigo fica assustadoramente quieto. É aí que ouvimos várias pessoas lutando no andar de cima. Fico tão concentrada no barulho que mal noto Celeste se agarrar no meu braço. Estamos agora em um dos cantos do abrigo, onde Celeste pode se encostar melhor e também estamos um pouco mais afastadas dos outros.

Todos ficam ali, ouvindo o som dos guardas lutando contra os rebeldes. Nos sentamos no chão, já que aparentemente aquilo não passará tão rápido. Logo depois Celeste, ainda agarrada em meu braço, encosta sua cabeça em meu ombro. Não demora muito para eu sentir algo molhando de leve meu roupão, ela está chorando. Hesito, mas logo passo a mão em seu cabelo, tentando acalmá-la. Ela se inclina para perto do meu toque, e agora seu rosto encosta no meu pescoço. Me arrepio ao sentir sua respiração de perto.

- Alteza. - eu ouço seu sussurro chamando por mim.

Lentamente viro meu rosto para poder olhar em seus olhos, nossos narizes quase se encostam de tão perto que estamos uma da outra. Nos olhamos nos olhos uma da outra por alguns segundos, vejo seu olhar caindo até minha boca por meio segundo, depois ela parece corar e volta a olhar nos meus olhos. Tiro uma mecha do cabelo de seu rosto e a coloco atrás da orelha, e então me inclino devagar e meus lábios encostam nos seus. Fechamos nossos olhos, o beijo não dura muito, não é nada mais do que um selinho, mas foi o suficiente para eu sentir um frio na barriga que jamais havia sentido.

A Princesa de IlléaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora