— Não vem ao caso, mas... — E ele para de falar quando olha o meu braço com mais atenção, fechando os olhos com raiva e respirando fundo. — Por que eu to vendo a marca de uma mão no teu braço? — E eu apenas nego, me virando e indo até a porta, caminhando dentro do quarto.

— Não é isso que importa, é que... Eu e você precisamos pensar para frente, mas antes disso, precisamos pensar no agora. Vai ser difícil o meu pai desistir de mim, mas...

— De ti? Tu que tá desistindo dele, ele te bate, Sads. Como é que tu tem a capacidade de... Que porra que aconteceu? — E é exatamente nesse assunto que eu de maneira alguma quero chegar.

— Primeiro nós os dois fugimos, depois eu explico. — Ele nega.

— Se ele é homem o suficiente pra te bater, tem que ser homem o suficiente para enfrentar as acusações. — Ele fala e eu discordo, pois ele em nenhum momento consegue entender a grandeza dessa confusão toda. A última coisa na vida que eu faria seria acusar o meu pai de agressão, nunca mesmo.

— Caleb, não é só a respeito disso!

— Como não? Eu to a dias tentando te tirar dessa porra e... — Ele para de falar porque percebe que está com o tom de voz muito elevado e minha mãe pode ouvir. — Por que agora? Eu quero, mas aconteceu alguma coisa. E se tu tá com essa ideia de sair até de Los Angeles, é porque deu merda mesmo.

— Eu só não quero que ele me ache.

— Meu trabalho é aqui, a minha vida é aqui! Como espera que eu simplesmente largue tudo? Sadie, tu não é um bebê, ele não manda em ti. É só tu falar que vai sair e por o pé pra fora dessa porra de casa, não vai fazer diferença tu fugir ou ele saber que tu ta indo embora, não é como se ele merecesse que tu se despedisse. — Eu suspiro e fecho os olhos, porque eu não vou mesmo chorar aqui na frente dele. Pelo menos não por isso e não mais, tudo o que eu faço nos últimos dias é chorar mais e mais.

— Só... — Suspiro e me sento na cama, porque a dor na minha barriga e pernas aumenta. Eu sei que é suposto eu não ficar agitada e estressada, mas caralho né.

— Tá passando mal? — Ele fica de joelhos na minha frente e eu nego, com raiva de mim mesma quando a primeira lágrima cai. — Me fala, se tu quer ir embora, eu te tiro daqui agora, é sério.

— Eu não quero, mas... Eu preciso. — E a minha resposta agora o pega de surpresa.

— Como assim não quer? Tu ta doida?

— Caleb, a Sara tá aqui, minha mãe também. E por mais que o meu pai seja dura e faça suas merdas, eu sei que ele faz porque acha que essa é a forma de me proteger, porque ele me ama.

— Ta, e o que eu sinto por ti não vale de nada? Absolutamente nada? Eu não te amo e não te quero bem? Tu sabe que se ficar aqui, não vai existir um "nós" no futuro. Então para de pensar só nele, pensa em mim também, caralho. — Sua raiva aumenta, assim como a minha dor, e ele nota. — Que porra tu tem?

— A gente precisa conversar. — Reforço e ele levanta, cruzando os braços.

— A gente tá fazendo o que? Porra, fala de uma vez, me diz o porquê de não querer sair daqui e...

— Eu engravidei. — Sai dos meus lábios antes que eu segure, então apenas o encaro de forma séria e vejo o quão perdido ele fica. — É, eu engravidei, mas o problema não é esse. — Eu falo levantando e secando as lágrimas, vendo que ele me encara sem acreditar.

— Tu sabe disso a quanto tempo?

— Caleb, não...

— Quanto? — Ele fala de forma bem estúpida, o que me deixa mais cansada ainda.

chains 𝙩𝙬𝙤 | louis pWhere stories live. Discover now