[12] Ellipsism

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— Você precisa contar pra elas. — Taehyung se aproximou e segurou o ombro dela com o máximo de carinho que conseguiu. Apesar do término conturbado e da negação constante durante um tempo, Irene não era uma má pessoa. — Elas não vão te abandonar, tenho certeza.

— Eu não posso. Não quero decepcionar ninguém, sem contar na vergonha que eu tô sentindo de ter ficado com aquele imbecil. — Irene voltou a esconder o rosto nas mãos e grunhiu. Quando ergueu os olhos, franziu a testa. — Quem é ele?

Taehyung olhou para Jeongguk e antes que pudesse responder, Irene disse:

— Ei, eu conheço você. — Ela crispou os olhos em reconhecimento, e depois concluiu: — Você estava na festa de aniversário da minha irmã.

— A-acho que sim. — Jeongguk assentiu sem muita certeza. — Mas eu não sei quem você é. Desculpa.

— Eu sou a ex-namorada dele.

— Achei que ele gostasse de garotos.

Irene abriu a boca, uma expressão chocada, mas não disse nada, e só então Jeongguk se deu conta do peso das palavras. Foi sem querer, então arregalou os olhos para Taehyung, que se divertia naquela situação. Num instante um clima pesado de constrangimento se instalou entre os dois.

— Certo, voltando ao problema. — Irene balançou a cabeça como se estivesse se livrando de algumas lembranças indesejadas, dessa vez um pouco mais ríspida e sem jeito. — Não posso contar agora. Você sabe que vai ter uma corrida em breve, elas podem causar problemas...

— Elas com certeza vão causar problemas. Seulgi já jurou esse cara de morte.

— Que merda. Não tenho ideia do que tenho que fazer.

— Olha, a Chungha pode te ajudar. Inclusive, se você quiser, posso falar com ela. As duas são mulheres, devem se entender, eu acho.

A verdade era que Taehyung não sabia o que fazer, estava tão perdido quanto, mas estava fora de cogitação deixar Irene desamparada naquele momento.

— Mas...

— Tá tudo bem, isso não quer dizer que não vou te ajudar. — Taehyung deu um sorriso tranquilizador e ela devolveu um sorriso cansado. Não sabia até que ponto Irene levaria para o pessoal toda aquela situação, mas estava disposto a voltar a tê-la em sua vida de modo parcial, se fosse preciso. — Você sabe que qualquer decisão tem o meu apoio, não é?

— Eu sei. — Os olhos dela expressavam que sabia exatamente do que ele estava falando. — Obrigada, Taetae. — Irene se aproximou e o puxou para um abraço. Não havia nada por trás daquele gesto, embora ela parecesse muito mais aliviada; era apenas uma gratidão de uma mulher desesperada.

Quando Taehyung contou a Chungha sobre a situação de Irene, ela entendeu, e deixou claro que, por mais que tivesse algumas ressalvas e desavenças implícitas entre as duas, estava disposta a ajudá-la, inclusive se ela quisesse tomar outras decisões acerca da gravidez. Além disso, ofereceu o apartamento, caso Irene não tivesse para onde ir. Ela mencionou algo sobre mulheres se apoiarem em momentos assim.

Já mais calmo, com Irene amparada por Chungha, assim que sua mente pôde raciocinar com clareza e processar as palavras dela, Taehyung se deu conta de uma coisa: Não tinha mesmo como ser o pai. Taehyung não transava desde....

Desde Jeongguk.

Porra.

E isso foi mais uma confirmação para aqueles sentimentos viscerais.

Jeongguk gostava de andar de moto. Agora, ele não tinha nenhum medo e deixava os braços livres, envolvidos pelo vento, soltos; ondulando como ondas, olhos fechados para sentir a sensação que deveria ser parecida com a de voar. E diferente da primeira vez, o seu lugar favorito para se segurar era no corpo firme de Taehyung. Ele o abraçava pela cintura e descansava a cabeça nas costas largas, sentindo o cheiro familiar do perfume amadeirado e bala de menta; não havia lugar mais seguro que aquele.

A grama do vizinho nem sempre é mais verde (taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora