Cap 5

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A semana foi passando, e no decorrer dos dias meu pai realmente se mostrou empenhado em me conhecer, e se tornar um pai maravilhoso. E isso eu já estou vendo que ele é. Só preciso de mais tempo pra absorver tudo.

Eu ainda tenho inseguranças.

Nos meus pensamentos ele está só fazendo média, e em algum momento ele vai simplesmente sumir e eu nunca mais vou vê-lo.

Mas mesmo com esses pensamentos que aparecem de repente, está tudo indo muito bem.

Me sinto viva, feliz. Desde que dei uma chance para conhecer meu pai.
Ele se mostrou carinhoso, de uma forma diferente, mas mesmo assim carinhoso.
Ele está sempre perguntando pra mim sobre minhas preferências cinematográficas, Literárias, musicais, e tudo mais.

Hoje estou trabalhando, e diferentemente dos outros dias, estou disposta.

- Boa tarde Dul, pode me trazer um Baurú e um suco?

- É pra já Seu João.      _digo dando um sorriso

O seu João vem a anos aqui na lanchonete e sempre me dá ótimas gorgetas. Ele é o melhor cliente que tenho.

Pego o pedido e levo até o seu João, que me agradece com um sorriso gentil.

Volto para o balcão e logo um grupo de adolescentes entram, e o trabalho vira uma loucura.

Quase no final do expediente atendo um cara que sempre me canta, ele cheira a cinzeiro e a bebida da mais barata. Da certo nojo.
Mas ele sempre quer ser atendido por mim, e não tenho como escapar.
Eu sigo até ele com minha caderneta na mão.

- Boa noite senhor, o que gostaria hoje?

- Oi boneca, gostaria do seu número.

Ele diz fazendo uma voz sedutora...ou melhor ele tenta soar sedutor. Mas a sua voz me dá asco, soa nojenta.

- Infelizmente meu número não tem no cardápio, então sugiro que olhe e peça algo que tenha disponível.

Ele me olha e fecha a cara. Mas parece envergonhado pela minha resposta.

- Quero uma Coca e um salgado de carne.

- Claro. Já trago seu pedido.

Repasso o pedido do cinzeiro ambulante e assim que pego em mãos o pedido, vou até sua mesa e entrego.

- Aqui está senhor, tenha um bom apetite.        _digo e dou um sorriso fraco

Estou no balcão apenas esperando os últimos clientes irem embora, pra que a lanchonete possa ser fechada. Quando do nada meu pai entra, junto com o meu irmão.

Eles se aproximam e já estão sorrindo pra mim. E o Mark é o primeiro a se pronunciar.

- Oi maninha.

Dou a volta no balcão e dou um pequeno abraço nele.

- Oi Mark.

- Oi pai.

Olho para o meu pai um pouco sem jeito. É a primeira vez que estou o chamando assim. E o sorriso emocionado que ele tem em seu rosto, me diz o quanto ele estava querendo ouvir isso e como gostou do que ouviu.

- Oi minha filha.

Ele me abraça forte. E me emociono com a intensidade daquele abraço. Eu estava precisando daquilo e nem sabia.

Quando nós dois nos separamos já olho pra eles.

- O que fazem aqui?

- Viemos te fazer um convite.

Quem se prontifica a responder é o Mark novamente.

Ele é super afobado.

- Descobrimos....

- Eu descobri coroa.

O meu irmão interrompe meu pai, que faz careta após ouvir a palavra coroa.

- Já que não vai me deixar falar, fala você né Mark.

Meu pai diz sério e o Mark apenas ri antes de se virar pra mim e falar.

- Eu descobri um karaokê no centro, e como você gosta de música e já comentou que gosta de cantar, decidimos ir lá. O que acha?

- Eu acho maravilhoso. Nunca fui em um karaokê. Vai ser divertido.

Eles sorriem.

-Eu só vou precisar passar em casa pra cuidar dos bebês. E me arrumar.

Eles concordam. Preciso tomar um banho e colocar outra roupa, e preciso dar atenção para os meus bebês.

O cinzeiro ambulante me chama pra pedir a conta, e eu me direciono até ele. Sob os olhares do meu pai e irmão. Eu estou bem que gostando desse cuidado comigo.

- Aqui Senhor, sua conta.

Ele olha pra conta, pega a carteira e me entrega o dinheiro.
Pego algumas moedas para o troco e lhe entrego.

Não sei se foi impressão, mas ele fez que ia abrir a boca pra falar alguma coisa, porém desistiu. E logo foi embora sem dar trabalho algum.

Minutos depois já estou ajudando as meninas a fechar a lanchonete, enquanto meu pai e irmão me esperam na porta.
Não demora muito e finalmente já estou indo embora.

O motorista do meu pai nos leva até minha casa, e cerca de 20 minutos, quando chegamos, eles descem do carro, entram juntamente comigo em casa e ficam me esperando na sala.

Primeiro dou comida para a Hermione e para o Coxinha, troco a água deles, e troco o tapetinho higiênico deles e coloco um novo.

Após estar tudo em ordem, tomo um banho, visto uma calça jeans escura, de cintura alta com rasgos, um cropped do Bon Jovi e um ALL Star preto. O cabelo deixei solto e bagunçado. E de maquiagem, só passei lápis e um batom .
E estou pronta.

Vou até a sala, e assim que me vêem se levantam.

- Você está linda maninha

- Concordo com seu irmão, você está linda filha.

- Obrigado aos dois.

Dou um singelo sorriso agradecendo, e logo estamos fora de casa, a caminho do tal karaokê.

E por todo o caminho, pensamentos positivos se fazem presente em minha mente, e os negativos nem dão sinal que irão aparecer. Fico feliz por essa pequena melhoria do meu dia.

Esperanças renovadas com sucesso ✔️

Esse novo começo vai ser maravilhoso, e vou fazer que essa noite se torne ótima.

Velhas Feridas, Uma Nova Mulher Where stories live. Discover now