Tentando não surtar - 1

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Saluuuuuttttt mon petits 💕
Voltamos com mais uma historinha para noooooosaaaaa alegria 🤩
Sem delongas, bora pra história!
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AMÉLIA

Puxo o ar pela boca e solto pelo nariz aos pouquinhos enquanto espero que a mamãe termine de recitar o rosário de lamúrias pra cima de mim

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Puxo o ar pela boca e solto pelo nariz aos pouquinhos enquanto espero que a mamãe termine de recitar o rosário de lamúrias pra cima de mim. Tá bem que eu compreendo o desejo dela de ver a única filha entrando pela porta da igreja vestindo branco, véu e grinalda, mas pra isso ser possível eu precisaria abrir mão de algo que me foi muito difícil conseguir, minha liberdade. Eu, Amélia Mariana de Souza Park num tenho no meu corpo um único osso que possa um dia se submeter aos desejos e imposições que a grande maioria das pessoas julgam como perfeição.

Ok, num sou tão grande a ponto de dizer que tenha muito osso pra se analisar com meu um metro e meio de altura, aparência de menina se quinze anos com cabelos e olhos de tom de chocolate ao leite e pele que por mais sol que eu pegue num ganho o bronzeado das outras garotas da minha cidade natal e misture isso aos olhos puxados herdados da ascendência coreana do meu pai, fui o prato perfeito pra mangarem nos primeiros anos escolares, até que parei de me importar e eles cansaram.

— Amélia, sabe que esse era o desejo do teu pai — agora dona Joana, ou Jô pros íntimos, apela pro sentimentalismo.

— Mainha, a senhora sabe que num é bem assim a história! — sou firme.

— Uma ova que num é! — Ela se exalta. — Nós aceitamos que tu fosse pro estrangeiro estudar e tu voltou com a ideia de que quiria era tirar foto, deixamos, mas agora tu num é mais uma criança, já tá beirando os trinta, tá na hora de aquietar o facho e tomar um rumo na vida.

Conto mentalmente de dez a zero pra não soltar todo tipo de insulto, afinal ela é minha mãe, caramba!

— Mãe, eu num decidi tirar fotos, sou fotografa profissional e continuarei sendo até ... sei lá, pra sempre e se a senhora num aceita, sinto muito! — respondo desencostando da parede perto banheiro do restaurante do belo resort onde passei os últimos três dias fazendo fotos para o novo leiaute do site deles.

Caminho para o banheiro, mas paro assim que ela começa outra vez.

— Amélia, num tô pedindo que tu venha pra casa e se case amanhã, só quero que fique aqui perto de mim, teus irmãos já tão tudo arrumando a vida, tu pode ficar começar a trabalhar na loja...

Minha Nossa Senhora das filhas que num querem ser ignorante com a mãe, me socorrei nessa por que tá brabo? Minha pressa passa é longe de ser atendida, pois no momento que empurro a porta a resposta sai gritada pelos meus lábios.

— ESQUEÇA, ESTÁ ME OUVINDO? E-S-Q-U-E-Ç-A! — digo, mas logo reduzo o volume ao ver os olhos arregalados das duas mulheres que está dentro do banheiro. — Mãe, não adianta insistir, eu não vou, sei o que vem depois.

Vejo pelo espelho que pega metade da parede elas se entreolharem e depois apertarem os lábios provavelmente segurando o riso. Nem posso culpar elas, eu também tô quase rindo, mas de desespero. Uma dupla interessante, uma loira e outra morena, a morena parece que esteve chorando pelo tanto que seus olhos estão inchados e a loira parece pronta pra quebrar a cara de alguém. Não sei se estão aqui juntas, mas parece haver uma camaradagem entre elas, coisa que eu geralmente não tenho, principalmente quando coloco pra fora minha visão única de mundo.

— Mainha, se me ama, mas ama real, não me peça isso, eu tô bem onde estou e é aqui que vou ficar até que resolva partir pra um lugar qualquer — tento manter a conversa num nível mais calmo.

— Onde tu tá, Amélia, andando de um canto ao outro como se fosse cigana, essa num é a vida que sonhei pra minha menininha. — E lá vem mais chantagem emocional! — Mas tá bem, se é isso que te faz feliz, quem sou eu pra lhe dizer que não. Um dia eu num vou tá mais aqui aí tu vai lembrar da tua mãe só queria teu bem.

— Isso mãe, sou uma menina solta como a folhas ao ventos, sem direção ou lugar pra parar, é assim que estou feliz e a senhora deveria aceitar — digo evitando olhar pras moças que se viram e começam a lavar as mãos com mais vontade do que parece normal. — Adeus, Amélia!

Desligo e rio alto pra esconder aquela dor interna que sinto por não ter minha escolhas respeitadas, caramba eu nunca fico questionando o que os outros decidem que é bom pra eles, afinal quem sou eu pra ficar metendo bedelho nos assuntos alheios?

— Família, eles são inacreditáveis, não é mesmo? — falo e elas se olham outra vez.

— Elas são, mas sem nós ficaríamos perdidas — a morena começa a falar.

— Igual as folhas que tu falou — a loira complementa estendendo a mão. — Aliais eu sou a Elaine, ela é a Virgínia.

— Sou Amélia, mas não do tipo da música, pelo contrário. — Sorrio zombando do nome e como minha mãe escolheu ele justamente por gostar da música Ai! que saudade da Amélia , mas quis Deus que eu tivesse vaidade por mim e pela moça da música. Elas acabam me acompanhado na risada. — São amigas a muito tempo? —pergunto e elas franzem o cenho e balançam a cabeça em sincronia.

— Não, acabamos de nos conhecer — Elaine diz e fico surpresa.

— Sério? E o que as trouxe para esse paraíso da natureza paradisíaca? — pergunto e começo a retocar minha maquiagem.

Espero que elas decidam responder, mas ambas parecem tensas, estou para pedir desculpas pela minha mexericagem, quando Virgínia se pronuncia.

— Eu vim pra minha despedida de solteira...  — Ela faz uma careta e eu já não entendo é mais nada.

— E por que tava chorando? — Elaine pergunta arregalando os olhos e confirma minha suspeita que Virginia chorou.

— Essa eu quero ouvir pra poder usar depois — digo me virando para ficar de frente para Virgínia.

— E-eu amo o meu noivo, amo mesmo, mas não sei se ... — A pobre moça se enrola e nós duas num podíamos ser mais diferentes.

— Compre a bicicleta! — Elaine fala segurando o riso.


CONTINUAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA

Menina Solta - Frigideira por natureza (Amores e utensílios domésticos - 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora