H U N T E R S - B E A U A N Y

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Pessoas morrem todos os dias, algumas morrem de verdade, o coração para. Outras aceitam uma realidade onde sobrevier é a única opção, estão mortas por dentro.

Você pode ter problemas e esses problemas podem influenciar nas suas decisões. Todos temos problemas. Tudo é escolha, toda ação tem consequência. Não escolho quem sou, mas posso escolher quem me tornar!

Nunca pensei que fosse dizer isso, mas, todos nós enfrentamos batalhas, e em uma batalha sempre temos dois lados, o bem e o mal. Como saberemos qual é qual ouvindo apenas um lado da guerra?

A guerra traz feridas incuráveis, cicatrizes. Mas elas não querem dizer que somos fracos, querem dizer que enfrentamos algo e superamos, que enfrentamos algo e temos como provar o quão cruel aquilo foi.

Bom, o vilão nem sempre merece ser chamado assim, mas as vezes pessoas boas se tornão ruins sem nenhuma explicação e não é porque eram boas que vão deixar de ser más algum dia.

Confuso, eu sei, mas depois de séculos, eu aprendi a lidar com isso. Mesmo que ainda não saiba como lidar com o sobrenome Soares, eu passei a suportar o peso dele... eu me acostumei com muita coisa.

Costume nos leva a uma rotina, a rotina não te prepara para a guerra.

Sair do cotidiano é estranho, mas necessário. Sinto que não deveria estar aqui, mas também não deveria continuar parada.

Eu... Any Gabrielly, rainha das sombras e soberana do exército de bruxas, andando ao lado de caçadores... quem diria...

Se pesquisarem na Wikipédia te responderão que nós, bruxas, somos velhas de narizes pontudos com uma gargalhada horrenda, se perguntarem aos cristãos oque são as bruxas eles provavelmente vão te responder com "portadoras de magia negra", pergunte a igreja católica e para ela seremos apenas cinzas.

Para o nosso povo, bruxas eram nossas ancestrais, mães e avós que nos passavam seus conhecimentos curandeiros, mulheres independentes, com tradições inofensivas.

Para nós, viramos oque temiam, donas de um poder obscuro que talvez tenha surgido por pura necessidade, queimaram pessoas inocentes para dizerem que faziam algo de bom, um bem necessário, sem querer criaram as trevas para pagarem por seus pecados.

Bem, o homem cria oque teme. Se isso se encaixa em minha vida eu não sei, mas no momento eu caminho ao lado daqueles que querem minha cabeça rolando.

Não preciso que gostem de mim, preciso que me temam. Não sou forte por mim, sou forte por elas. E enquanto ao menos uma delas viver, eu irei me sacrificar quantas vezes for necessário para salvá-las.

Se devo confiar em alguém? Não confio em mim mesma, me coloquei ao lado de meus próprios inimigos, e a partir do momento que dei o primeiro passo ao seu lado pude sentir meu sangue jorrar e minha sanidade clamar.

Mas enquanto eu andar pela terra nenhuma outra será queimada, nem que para isso eu precise queimar todo o resto.

Eles queriam fazer uma fogueira, pois bem, eles terão uma fogueira, mas a lenha não será eu nem as minhas. Mesmo que morta o fogo queimará em seus corações e ao fecharem os olhos sempre serão engolidos pelas trevas e no final de tudo eu serei lembrada.

Any Gabrielly aquela bruxa que caminhava por entre as chamas dos mais sombrios pesadelos humanos, ou melhor, desumanos.

Esses pensamento sempre se faziam presente enquanto eu caminhava por esse infinito corredor de mármore.

Parei em frente aquela porta de madeira com o brasão da associação de caçadores, Black Weather. O espelho negro e sem reflexo entalhado na porta envolto por chamas que se aprofundaram mais na madeira, representava a falta de uma alma e a escuridão que trazia a cegueira perante os fatos, o fogo que o rodiava deveria representar uma barreira contra o escuro. Mas acho que eles nunca pensaram que por maior que seja a fogueira, um dia ela se apaga.

Senti o pentagrama em minha nuca queimar a minha pele, como fazia toda vez que eu estava perante aquele símbolo, isso é, dia após dia. Uma dor que valeria a pena, senti a dor se intensificar e meus olhos mudarem, coloquei o meu capuz preto com o interior vermelho que se alastrava por todo o meu corpo, respirei fundo e empurrei aquela porta causando o silêncio dos demais presentes na sala.

O velho barbudo que ocupava o trono sorriu de forma perversa para o filho como seu soubesse oque aquela conversa se tornaria e sinalizou para que os guardas baixassem as armas.

Ron Beauchamp me dava nojo, ele não estava ali apenas para matar como seus ancestrais, ele queria brincar de ser rei diante de um povo que não lhe pertencia, e isso não daria certo e a morte viria para ambos os lados.

A presença de seu filho na sala se fazia indiferente até o Beauchamp mais novo, Joshua seu nome, resolver expor sua opinião.

- Bruxas não são reais pai, e mesmo se fossem seriam criaturas insiguinificantes brincando com sua magia inútil por aí, se preocupe com os assassinos que rondam o mundo, pelo menos são reais. - O mesmo me iguinorava e isso não me afetava em nada.

- Você acha mesmo que em um mundo onde coisas inexplicáveis acontecem o mais anormal é um assassino em série ou um piscicopata? - Pergunto ainda sem tirar o meu capuz ao pequeno arrogante à minha frente.

Fico surpresa, não por sua resposta que vem logo em seguida, mas pelo fato de ele ser filho do chefe dos caçadores e não saber nada sobre o assunto e ainda zombar do mesmo.

- Eu acho que pessoas que acreditam em mulheres que voam em uma vassoura por aí e levitam coisas são oque há de anormal no mundo - Sua forma arrogante de resposta mostra o quão despreparado ele está, mostra que eu poderia matá-lo apenas com o olhar e sua mente não saberia como se defender.

Tiro o meu capuz e posso ver seus olhos cairem sobre as muitas armas que carrego junto ao meu corpo, e mesmo que ele não quisesse, seu passo para trás foi notório.

Olhando em seus olhos azuis como o céu e turbulentos como o oceano eu poderia lhe descrever em apenas uma palavra... perdido. E se dependesse de mim ele se afogaria em sua confusão.

- Bruxas não são parte dos seus filmes de ficção. - começo dando um passo em sua direção - No mundo real com apenas um olhar você perde, perde sua mente e junto com ela o controle do seu corpo e escolhas - mais um passo - Deixa de ser você, apenas porque elas querem escolher quem você será.

Vi o loiro se afastar mais e seus olhos se abrirem um pouco mais quando suas costas bateram contra a grande janela fria de vidro que contrastava com a cidade ao fundo.

- Acha que elas brincam com objetos e voam em vassouras? Não, elas brincam com você e voam em seus pensamentos. - Finalizei olhando em seus olhos e vendo ele tentar de maneira falha esconder a confusão e o medo que agora dançavam em suas íris, me virei em direção ao seu pai que como um grande filho da puta olhava tudo com diversão no olhar.

Me curvei diante do mesmo com uma careta imperceptível, minha sede por vingança para o meu povo se tornou maior que meu ego, e agora, me ajoelhar diante Ron não passava de mais uma das atrocidades cometidas por mim em busca de um lugar para meu povo.

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