🌒 CAPÍTULO 5 🌘

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— A senhorita não é sobrinha de Sarah, ninguém poderá contestar o mérito da conquista, como já o fazem.

— Então elaborou todas essas mentiras — sussurrou Genevieve, incapaz de reter a reflexão antes que lhe escapasse pelos lábios.

Assim que a proferiu, arrependeu-se; dada a surpresa proveniente das próprias ações, buscou os olhos de Ethan, aguardando sua fúria. Ele a estava observando atentamente de volta, com olhos verdes escuros tão intensos quanto a bruma que os cercava. Alguns fios castanhos estavam soltos, escapando do laço, úmidos, roçavam-lhe a lapela do casaco e alcançavam a altura dos ombros.

Era um belo homem o Sr. Hamilton, seu rosto conservava aspectos levemente selvagens, extremamente masculinos, seus ombros eram robustos e largos, isto era perceptível apesar do grosso casaco. Uma curta barba bem aparada, de tons castanhos claros, cobria sua face e seus olhos possuíam um formato amendoado, suavemente estreitos nas extremidades, finalizando a marcante composição de Ethan.

Ele deslizou o indicador sobre os lábios, conferindo uma expressão ponderativa.

Durante bons minutos, os únicos sons a preencherem o ambiente foram os dos cascos do cavalo contra o cascalho e o das gotas de chuva contra o teto do veículo.

— Julgue-me, Srta. Johnson, sei que o mereço. — A sua voz era destituída de raiva, tampouco de autopiedade. Havia apenas praticidade, de alguém que não dissimulava a obviedade contida em qualquer situação. — Fui para aquele leilão sem ter planejado previamente retornar com uma esposa, a ideia me ocorreu apenas no momento e admito que não era a solução mais adequada para meus dilemas, porém, aqui estamos.

— Aqui estamos — repetiu Genevieve.

— Sim, fui egoísta — admitiu, ainda mantendo o tom neutro. — Sim, coloquei meu desejo de possuir Whitewood Grove acima de qualquer outra coisa. Sim, quis escapar de um matrimônio com Beatrice, mesmo sabendo que ela e Sarah o orquestravam. E bem, fui impulsivo, não me orgulho de envolvê-la, Srta. Johnson, sei que minha consciência não permitirá que eu esqueça de que lhe fiz isso.

— Vossa consciência — Genevieve reforçou.

Ethan estava, como sempre, se colocando em primeiro lugar. Uma vaidade incalculável, identificou Genevieve.

— O que deseja que eu faça, Srta. Johnston? Sinto que ainda estou sob julgamento, mesmo esforçando-me para ser sincero.

— Não necessita de minha aprovação — retrucou. — Quando aceitei o acordo, não me dispus a concordar com vossas ações.

— De fato.

— Sendo assim, por qual motivo se incomoda? — Atreveu-se a questionar.

— Não sei.

Ethan não sabia, estava confuso, arrependia-se de ter arrastado Genevieve para aquela situação, mas em contrapartida, necessitava da dama. Também não suportava vê-la tão infeliz e esse era outro ato egoísta de sua parte, que ele achou melhor não confessar em voz alta. Tinha consciência de que não cabia a ele requerer que Genevieve encarasse aquele período com um belo sorriso no rosto, apenas porque a tristeza dela o desgraçava, lançando a impiedade de mil demônios sobre seu espírito.

Mas estavam de certa forma, unidos, e tinham que lidar com aquilo. A melhor solução seria tirarem proveito do trato, que Ethan pensou ser benéfico para ambos, mas no momento já não acreditava mais nisso. Não conseguia compreendê-la, os olhos de tempestade escondiam enigmas intrincados, o tipo de complicação que buscava evitar, quando fugia do casamento.

A Dama do Luar: Bruxas Vitorianas [DEGUSTAÇÃO]Where stories live. Discover now