24. Agindo como uma raposa.

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— Eu vou ser titia de novo? Que incrível, você já sabe o sexo? O que está sentindo? Com a Mi-rae você passou bem mal.

— Eu estou bem Yu-ri. — Yeon quis rebater, mas o olhar da humana o fez calar.

Yu-ri começou a falar empolgada, desde quando Ji-ah engravidou pela primeira vez, elas se aproximaram mais, e a raposa foi de fundamental importância durante o período de gravidez. Ela não fazia ideia dos riscos que a humana estava correndo dessa vez, e assim que soubesse, Ji-ah sabia que ela não largaria do seu pé, assim como Yeon estava fazendo. E era justamente isso que evitaria ao máximo.

Lee Rang tirava sarro do irmão, questionando se uma pestinha não era o suficiente, ele começava a se compadecer de Ji-ah por ter três raposas para tomar de conta. Sorria, enquanto Yeon lhe dava socos de leve no braço.

Yu-na estava encantada, não fazia ideia de que seres míticos poderiam ser tão casuais e humanos. Ainda estava completamente sem jeito, em relação a raposa amiga de Rang, mas a situação toda que ela estava presenciando, de irmãos brincando um com o outro, a felicidade pela chegada de mais um bebê, fazia com que ela quase esquecesse que ali tinham 3 raposas.

— Yu-na? — o momento que a humana tanto temia chegou. Yu-ri, ainda ao lado de Ji-ah chama calmamente pelo nome dela.

— Yu-ri... — Rang adverte.

— Eu só quero conversar, — ela fez uma cara inocente, que nenhum dos rapazes acreditou — afinal, eu preciso conhecer a noiva do meu amigo.

— Você tem toda razão, Yu-ri. — a humana respondeu para ela firme. Por mais que as mãos estivessem suando, precisava se mostrar segura na situação, além disso, Ji-ah estava entre elas, seu fígado estava seguro. Yu-na passou a mão no cabelo e esperou pela pergunta da raposa.

Todos observavam a cena, Yeon voltava da cozinha com a boca entreaberta e com várias latas de cerveja nas mãos. Shin-joo analisava a cena de frente, nervoso, conhecia muito bem o gênio da esposa, e esperava que a humana fosse calma o suficiente para não enfrentar a raposa, que andava com os nervos à flor da pele nos últimos dias. Rang mantinha a postura relaxada, com o braço apoiado no sofá, conhecia as duas o suficiente para saber que Yu-ri investigaria até todas as suas desconfianças sumirem e Yu-na passado o susto inicial, saberia argumentar como a boa advogada que era.

— O que exatamente fez você se relacionar com ele?

A humana tornou a passar a mão no cabelo, dessa vez dando as costas para Rang e encarando Yu-ri de frente.

— Bom, eu achava que ele era o meu namorado. Depois do acidente eu fui notando que a pessoa que eu namorava estava completamente diferente de antes, e eu fui ficando curiosa. E bastante confusa também... — era a primeira vez que a garota falava disso para alguém, e em parte era bom, mas expor assim seu relacionamento para todo mundo a deixou sem graça.

— Yu-na, ela está sendo carrasca demais com você não precisa responder. — Rang disse falando sob o ombro dela.

— O que importa é que mesmo eu descobrindo a verdade sobre ele, eu não consegui ficar longe. E olha que eu tentei. Então acho que isso por si só quer dizer alguma coisa.

— Yu-ri-ssi. — Yeon falou entre um gole de cerveja — Você precisa ver as mudanças que ela fez nessa criatura. A cara de idiota que ele faz quando ela liga... — Rang jogou uma almofada no irmão, fazendo com que todo mundo caísse na gargalhada e Yu-ri deixou seu interrogatório de lado.

O resto da noite foi bastante agradável e com o tempo as duas foram ficando um pouco mais relaxada uma com a outra. A raposa foi percebendo que Yu-na era humana de personalidade singular, e que de fato ela ia ajudar o amigo em alguns aspectos da personalidade dele. O único que não estava totalmente tranquilo era Yeon, tudo estava calmo demais, e ele podia sentir as coisas se movimentando ao seu redor, seu irmão não estava bem, seu amor corria risco por conta do bebê, uma alma ainda andava por aí e Taluipa não o tinha contado mais. Qual seria o primeiro problema a soar o alarme?

Eram quase dez horas quando começaram a se despedir, Ji-ah estava ficando cansada e ainda teriam que buscar Mi-rae na casa dos avós.

— Precisamos repetir a dose em breve, foi muito divertido. — Shin-joo disse enquanto todos desciam para a entrada do prédio.

Ahjussi. Você podia dormir aqui. — Soo-ho disse perto do carro. Todos ficaram surpresos quando ele apareceu na sala no instante em que estavam indo embora.

— Eu prometo que na próxima vez, eu durmo com você ok? — Rang disse e recebeu um abraço do garoto, que já estava meio sonolento e de pijama. Ele assentiu e se encostou na perna de Shin-joo.

Yu-na e Yu-ri se despediram dando um aperto de mãos. A paz estava temporariamente selada. Os casais se dividiram e cada um foi aos seus respectivos carros.

— Tudo bem, amor? — Yeon perguntou ao entrar no carro com Ji-ah. Ela havia encostado a cabeça no banco e soltado um longo suspiro.

— Sim, só estou um pouco cansada. Assim, chegar em casa eu tomo o remédio da Taluipa, e vou ficar bem. Não fique tão preocupado. — Ela segurou o rosto de Yeon entre as mãos, gostava de olhar para ele assim, já tinha todos os seus traços gravados na mente, mas tê-lo perto assim, a reconfortava. — Vamos buscar nossa filha? — ela disse depois de um beijo singelo. E assim o casal partiu.

Rang e Yu-na estavam no outro carro, ela o advertia por ter bebido.

— Você é um mero mortal agora, sabia?

— Yu-na-ssi, Yu-na-ssi, uma vez raposa, sempre raposa...

— Aham... Sei. — ela se virou para olhar para ele. — E então, mero mortal, como me saí?

Rang apoiou o braço no banco dela e se aproximou, como sempre gostava de fazer, Yu-na já tinha fechado os olhos a espera do beijo, que não veio. Ao invés disso ele falou bem próximo a ela.

— Você foi perfeita. — o rapaz piscou assim que ela abriu os olhos, se endireitou no banco do carro e deu partida.

O que os casais não sabiam era que no outro lado da rua, numa cabine telefônica, um homem os observava.

Sim, senhor, estavam todos juntos. Tinha razão, ele voltou e está em outro corpo, como um humano agora. Pode deixar, providenciarei isso.

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now