capítulo onze: eu não me apaixono, gata

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Contudo também, claro, não esquecendo de mencionar, eu realmente lembro das estrelas quando encaro seu sorriso. Afinal, de acordo com todo o meu conhecimento acerca do assunto, estrelas são esferas gigantes compostas de gases que produzem reações nucleares mas, graças à gravidade, podem se manter vivas por trilhões de anos.

E quando o sorriso de Pasha Stratford pincela seu rosto, ele consegue causar reações nucleares exatamente como as estrelas, liberando energia e acendendo tudo ao seu redor. E graças a esse poder, o sorriso dessa garota pode ficar tão vivo na cabeça daquele que o contempla quanto os corpos celestes esplandecendo no espaço.

Ela está sorrindo agora por conta do meu pedido, e olhando-o nesse momento, tenho ainda mais convicção do que mencionei. O sorriso da ruiva é mesmo como uma explosão de estrelas.

— Você está mesmo falando sério? — Pasha me pergunta, e eu confirmo, sorrindo. — Tudo bem então. Quem começa?

Eu propus que a gente brincasse de duas verdades e uma mentira quando a olhei daquela maneira que denunciava meus pensamentos. Estou mesmo empenhado em conhecê-la. Eu até poderia usar a desculpa de que sou atencioso com as garotas por quem me interesso, mas isso não seria algo cem por cento verídico. Não que eu seja um imbecil e as trate mal, não é isso. É só que, de vez em quando, quando estamos tão envolvidos no nosso momento, nem o nome eu faço questão de perguntar para elas.

Então, novamente, não sei responder o motivo de estar mais interessado em sua vida do que em seu corpo. Só sei que estou. Estou para um caralho. Pela primeira vez na vida, estou muito mais interessado em desbravar o que há por trás da sua mente do que o que há por trás de sua roupa.

Isso deveria me deixar pilhado e preocupado. No entanto, por que não me sinto dessa forma?

Talvez seja por eu entender que é impossível que eu e Pasha Stratford tenhamos qualquer coisa além do que uma amizade possivelmente colorida. Ela já demostrou tanto isso que é impossível cogitar o contrário.

— Damas primeiro — respondo de modo galanteador pouco tempo depois, o que acaba lhe fazendo revirar os orbes e soltar uma risada, daquelas desacreditada.

Depois que ela parece concordar com a minha sugestão, volta a se deitar para escrutinar o azul do céu, bem ao meu lado. Diferente de antes, dessa vez seu corpo está extremamente próximo ao meu, de modo que faz o seu ombro roçar em meu braço.

Sorrio internamente por conta disso.

— Vou começar. Está preparado, John Scott? — A ruiva indaga, e eu balanço a cabeça afirmativamente. — Duas verdades e uma mentira. Meu nome completo é Pasha Denise Stratford, sou do signo de áries e também sou completamente apaixonada por bandas de pop rock.

Faço um bico de lado, a observando por rabo de olho.

— Nem fodendo que você é apaixonada por bandas de pop rock, diabinha — afirmo, e Pasha vira o rosto em minha direção. — Essa foi extremamente fácil. Moleza, moleza.

— Como você pode ter tanta certeza? — a ruiva retruca. — Eu poderia muito bem gostar.

— Mas não gosta.

— Ok, ok. Você está certo. Eu não gosto mesmo. Na verdade, eu cresci escutando música clássica e frequentando concertos por causa dos meus pais e seus amigos. Então, eventualmente, me apaixonei por esse mundo e sou completamente apaixonada pela Billie Holiday.

Meu rosto se contorce em uma careta de desgosto assim que Stratford termina sua fala.

— Téééédio — cantarolo, a fim de irritá-la. Ao contrário do que eu imaginei, Pasha apenas solta uma risada contagiante. Sorrio só por escutá-la. — Minha vez, certo? — Apesar de ser algo retórico, a garota ao lado murmura uma confirmação e eu assinto, esfregando uma mão na outra, ansioso para ver sua resposta. — Bom, vamos lá. Eu amo e sou completamente fanático por futebol americano, já tive uma cobra de estimação e meu nome completo é John Scott Abernathy.

ENCONTRE-ME NA NEVE | #2 Da Série The Hurricane Freedom MC Onde histórias criam vida. Descubra agora