UM PRIMEIRO OLHAR

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- É sério isso? Questionou rindo.
Maeva curtia mais um dia com os amigos, risos como sempre eram o que não faltavam. Morando num condomínio de luxo quem seria burro em sã consciência de negar um convite?
- Vocês tem que procurar um tratamento ok. Aconselhou Pedro aos outros.
- Vamos buscar bebida por favor. Implorou Eduardo.
Apesar da idade, os jovens do século 21 não se importavam nitidamente com o consumo de álcool principalmente nessa idade de 16 anos. Com as restrições ficando cada vez mais fracas também era de se imaginar.
- Fiquem quietos. Maeva brigou.
Ela não gostava de bebida, na verdade nem nunca tinha provado e ao contrário do que seria "normal" ela nunca tinha provado uma gota d'água de qualquer álcool. Um exemplo a seguido mais que era visto como estranho, pelo menos pelos amigos.
- Bebida é fonte de vida.
- Parece aquelas frases de alcoólatras.
Todos riram, e realmente parecia.
- Vamos buscar vaii.
- Acho melhor vocês irem embora. Já deu por hoje e amanhã é um novo dia.
Eles já foram caminhando para a porta enquanto continuavam a debater questão.
- Suas frases parecem de freira. Retrucou a frase de antes que o acusava de ser um alcoólatra.
- Sou da igreja sim. Debochou.
O clima era sempre um dos mais agradáveis quando se juntavam. Piadas sem fim muito menos sem pé nem cabeça. Um quarteto imperfeito, Maeva, Pedro, Eduardo e Giulia. Pedro tinha uma vida confortável o bastante para ter um motorista que o esperava do lado de fora então sugeriu que poderia levar Eduardo e Giulia sem problemas.
- Vem no carro até a portaria. Assim fica mais um tantinho com a gente. Giulia pediu.
- Mais como ela vai voltar depois? Eduardo perguntou.
Era uma ótima pergunta.
- Eu posso voltar andando. Respondeu. Não é tão longe e não custa nada andar, além do mais quero pegar água no bebedouro da praça na garrafa já que aqui acabou.
Os quatro entraram no carro que logo saiu da casa. Chegando na portaria depois de poucos 4 minutos se despediram e Maeva começou a andar a baixo pretendendo chegar em casa rápido. Nem estava na metade do trajeto mais não quis se apressar tanto quanto antes para poder admirar a noite que estava bela. As estrelas sempre deram a impressão de caminhar junto a pessoa e ela nunca acreditou que fosse só uma mera impressão, tinha a ideia de que essa "impressão" era na verdade uma realidade e que as estrelas caminhavam com nós seguindo sempre o mesmo caminho.
O clima de começo de época de chuva era agradável, o fim do ano sem dúvidas não deixava a desejar com temperaturas médias e pouca seca. A roupa usada por ela era bem fresca então se adequava fácil. Uma saia longa de gala que encantava qualquer um, na parte de cima um top pequeno. Ambos pretos numa vibe chique e casual. Descendo mais próxima da praça era possível avistar o bebedouro e ela já preparava a garrafa térmica que tinha trago para encher.
Caminhando do lado contrário ao que deveria atravessou a rua, um carro surgiu em sua direção. Maeva teve sorte, quanta sorte. O carro parou imediatamente, ela ficou ali na frente dele em pé olhando para a garrafa que ao cair no chão fez um barulho tremendo. O motorista saiu rapidamente pela porta e foi até ela.
O choque da jovem talvez não tenha sido pelo que havia acabado de acontecer mais sim com o que estava acontecendo naquele exato momento. Era Raffael!!
- Desculpa cê tá bem?
- Tô sim. Ela respondeu se abaixando para pegar a garrafa. Tentando agir normalmente.
Ele se abaixou também sendo educado.
- Nossa ela ficou toda arranhada. Ele notou.
- Não, imagina eu que quase amassei seu carro todo. Sabias palavras de alguém que não queria causar problemas a alguém da qual era fã.
Raffael era cantor, não muito conhecido no país porém conhecido na cidade e no estado onde viviam. Maeva sabia que ele morava lá mais não tinha noção nem se quer em qual rua ficava sua casa e também nunca imaginaria que iria o ver algum dia ainda mais quase sendo atropelada.
Aquela situação foi tão curta ao ponto de chegar a não fazer sentido. O carro era preto e estando no escuro ainda por cima era óbvio que poderia acontecer algo do tipo além de tudo ela não tendo olhado para os lados não ajudava muito mesmo que o veículo estivesse em baixa velocidade exigida pelo condomínio.
- Deixa eu te ajudar te dando um copo d'água que você precisa.
Ela ficou sem palavras com o convite mais achou que poderia ser demais.
- O bebedor está aqui perto não vou te causar mais incômodos.
- Eu que quase te atropelei. Justificou. - Poço fazer isso pelo menos?
Concordou com a cabeça e ele foi abrir a porta do passageiro para ela.
Entrando no carro Maeva sentiu uma sensação estranha, incomum mais que também não era ruim. Ficou de cara com o painel de luxo por dentro do carro, nunca tinha entrado nesse modelo.
- Cê mora aqui no condomínio mesmo?
- Moro sim, e você? Ela perguntou mesmos sabendo.
- Também. Respondeu enquanto dirigia.
Olhando para janela ainda acompanhando as estrelas ela não pensava mais ele estava dando voltas "desnecessárias" para que o caminho demorasse mais. De fato o cantor havia a achado bonita, seu gesto de boa educação lá no fundo também queria ter a oportunidade de ficar minutos amais com a bela que tinha acabado de conhecer.
Já na rua da casa dele, pegou o controle e abriu o portão. Uma sensação estranha foi sentida pela jovem que ficou agoniada por dentro querendo saber a razão desse sentimento, tentou se acalmar porque querendo ou não aquilo parecia um filme e talvez fosse estranho por com certeza não ser algo comum de se acontecer todo dia mesmo assim não significava uma coisa ruim e ela se lembrou disso.
O cantor parou o carro na garagem coberta e abriu a porta para que Maeva descesse.
- Pode entrar. Disse depois de destrancar a porta.
Ela entrou, primeiro observou o pé direito alto e depois o inevitável de ser reparado : uma mesa de pingue-pongue no meio da sala! No lugar onde justamente deveria ter uma mesa se tinha uma opção de jogo que era impressionantemente invejável.
- Que legal a mesa. Elogiou.
- Incomum né. Ele disse soltando uma risada.
O mesmo foi direto para a cozinha que era quase possível de se ver, um estilo bem aberto. A jovem foi atrás dele e parou no balcão para esperar sua água. Enquanto a água era posta nenhum barulho além dos pingos d'água eram ouvidos, os dois não disseram nada. Raffael esperava que Maeva dissesse algo para que pudessem conversar mais ela não disse, estava distraída demais olhando em volta.
- Aqui. Ele avisou colocando o copo d'água no balcão.
- Ah, obrigada.
- Sua casa fica onde aqui?
Ela terminou de beber um gole e respondeu. - Mais pra baixo, descendo mais um pouco já chega lá.
- Que bom. Ele respondeu. Cê tem quantos anos?
Maeva sabia que seria errado mentir porém também não queria contar a verdade. Todo mundo sempre a dizia que parecia ser mais velha do que realmente era o que por si só já gerava um constrangimento instantâneo. Pensando rapidamente ela resolveu dizer a verdade porém com um pé atrás de tristeza já que imaginou que Raffael fosse se esquivar.
- 16 anos.
Um silenciou ficou por 30 segundos que foram suficientes para causar um clima.
- Imagino o que esteja pensando... Ela lamentou com um leve deboche deixando a água no balcão e se levantando.
- Não, não, não. Ele disse tentando reverter a situação.
- Tudo bem é só.. que já está tarde. Ela tentou amenizar apesar de tudo.
- Deixa eu te levar pelo menos.
- Não precisa.. de verdade.
- Você não vai voltar agora nessa escuridão mesmo dentro aqui do condomínio. São mais de 10 horas não é hora de menina ficar andando sozinha.
Ela ficou tentando interpretar essa frase para ter uma reação, soou de tantas maneiras mais ao mesmo tempo natural.
- Pode ser. Ela já foi se aproximando da porta ao fim da conversa.
Estava nítido que queria ir embora por não estar se sentindo tão confortável quanto antes.
- Vamos. Ele disse abrindo a porta principal para ela passar.
Ele abriu a porta do carro pra ela mais daí em diante o caminho foi silencioso. Durou cerca de 5 minutos, durante o trajeto até houve poucas falas porém somente sobre o caminho. Quando chegaram ele estacionou na frente da casa. Já estava abrindo a porta mais...
- Não. Não precisa fazer isso sério. Obrigada por me trazer até aqui já.
Antes que ele pudesse dizer algo ela abriu a porta sozinha e saiu. E antes que ela pudesse se afastar mais ainda ele perguntou uma última coisa.
- Qual seu nome? Quase gritou para que ela escutasse bem.
- Maeva. Gritou para que ele ouvisse.

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⏰ Last updated: Jun 14, 2021 ⏰

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{APENAS UM DESEJO}Where stories live. Discover now