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Existe um consenso de que, a maioria das pessoas ficam intrigadas com aqueles Lindos e Gigantescos Navios veleiros, e muitos de nós sempre tivemos uma curiosidade- Qual navio é esse? Qual tamanho desse navio? Quantos canhões tem esse Navio, quantas pessoas cabem nesse navio? Como é navegar em um navio desses?

Bom, agora estou como uma escrava, cumprindo pena, numa embarcação horrível, cercada de esquisitões, dentre eles, um velhinho que não larga a mão do saco, uma menininha de cabelos verdes e um bando de palhaços, literalmente; enfim, os que perturbassem a ordem da cidade, o que incluía epiléticos e bêbados e, como eu, foras da lei. A única coisa boa é observar a paisagem pela janela, consigo ver amplamente, a vista aberta para o mar e dominado, bem no fundo, por montanhas arborizadas.

-Hora de trabalhar! - Berra o Capitão.

-Ah, não fode- Resmunga um careca com mãos de bebê.

O Capitão imponente se vira e logo retribui com um tapa em seu rosto. Mãos de bebê gemeu, talvez ele até tenha gostado do tapinha, se é que você me entende... O tapa foi tão alto, que um grupo de homens engomadinhos pararam de conversar, tão forte que até aquele velhinho nojento tirou a mão do saco. A menininha de cabelos esverdeados reagiu com pulos e por nenhum motivo, começou a gritar. As pessoas olhavam com desprezo, eu só tenho olhos para o mar. A garota continua berrante. O Capitão, sacou a arama e deu tiro. Que idiotice pois o tiro fez um buraco no teto!

Os amigos dele logo revistam os prisioneiros, e saqueiam os seus pertences com

Cerro os punhos, seguir ordens nunca foi meu forte, principalmente quando sou tratado, feito como escrava. Como agora.

O mar se torna mais traiçoeiro, é possível ouvir um conjunto de raios, é assustador. Olho pela janela e vejo os raios cada vez mais barulhentos, os raios iniciam rasgando o mar e separando as ondas pela metade. A água se esbarra pela janela, ofusca a minha visão, como se caísse nos meus olhos. Os outros escravizados se posicionam conforme a pressão que o barco guia. Para frente, para trás, de cara no chão.

Devo firme segurar a cama, mesmo que esta esteja má posicionada. Esqueci de avisar, o barco tem um carpete horrível, sei que não é a coisa que eu mais deveria estar preocupada, porém eu não tenho medo da morte. Como alguns aqui, me mantenho firme, preciso me distrair, pensar em qualquer coisa que não seja esta tempestade maldita! Tipo, falar só, falando sozinha, de novo.

Parece que o casco vai a qualquer momento partir! Ah, sou uma maruja, você sabe, o cara que é responsável pela manutenção geral, limpeza, pintura e outros pequenos trabalhos na secção de convés. Pensar na...

O navio freia bruscamente. Um estrondo se inicia. Como algo se dividindo. Ranjo os dentes. A porta abre

Alcance o Timão! - Grita um Maltrapilho bebum alertando o Capitão.

O Capitão larga a garrafa de rum e gargalha, os seus amigos acompanham.

Um dos "seus amigos" se levanta da cadeira coloca umas 2 pedras de gelo e 60 ml de rum

O maltrapilho indaga com o silencio. O Capitão olhou para o seu relógio, e suspira, ela já fez isso antes, acho que é um padrão, sempre que ele faz isso quer dizer que alguma história será contada. Ajeita seus cabelos, apunha-la a espada, abaixo do nariz:

-Bom, marujo eu...eu, sabe, vou contar a vocês e seus colegas uma curiosidade.

O pobrezinho não disse nada, que idiota, parece que ninguém tem coragem de enfrenta-lo, de dizer o quanto não nos importamos com sua história, queremos voltar para casa, ter uma casa.

-Amigo, qual teu nome? - Perguntou o Capitão fingindo um interesse.

-Me chamo Zeca Pistola Da Silva Currado Pereira Afonso, fazendeiro, pistoleiro, só casado e quero que saiba, que...que eu sou bicho solto, eu vô é sair daqui, vou matar todo mundo, roubar esse barco, cumigo não tem gracinha, tá ligado?

Peraí, esse nome é sério?!

-Olha ele, que isso olhando pra eu consigo ver que tu tens um grande valor! - Capitão falando com voz mole- Que gracinha, vejo que pela sua cara pálida, suas medalhas invisíveis, seu bigode desproporcional, sua altura, tu deves es bem ameaçador.

O moço envergonhado, se vira para baixo, não pensa, saca uma pistola.

2 tiros na perna do Exibido. Ele grita, derrama a garrafa e saca um revólver. Ele também dispara, os amigos apoiam com suas próprias balas. Minhas pernas aceleram, começo a correr! Direto pro....Convés!

Não tenho armas, e eu não vou morrer hoje! Os escravos também correm mais todos desgovernados, em lados opostos, ao invés de estarem juntos!

Fecho a porta, percebo que sou a única a fugir, talvez seria a única a sobreviver. O instinto relembra que os tiros podem me acertar! Perfurooou. Instinto totalmente certo!

O quê!? O que aconteceu?! Os sons pararam?! Por favor, por favor senhor do destino, me diz que eles se enfrentaram até a morte. E enquanto mais eu penso, mais receosa eu fico. Suada também.

Abrindo a porta e...

Eles.... Sumiram?!

É não, eles não sumiram, apenas morreram, a madeira lapidada estava em partes tingida por sangue, jorrando e se misturando com os buracos do piso, farpinhas, um pedaço do bolo de carne, uma garrafa de rum, uma garrafa de rum estilhaçada, a espada do Capitão que se encontrava em sua mão, agora está em seu peito.

Aquela garotinha se põe ajoelhada no chão, parece deprimida, está segurando a mão do Zeca Maltrapilho.

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⏰ Last updated: May 09, 2021 ⏰

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