Manobra inicial: Garota Radical

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Jeongguk se levantou em um pulo, arrumando a faixa "MISS 2009" que se desarrumara sobre seu peito, e saiu correndo com os saltos rosa. Quase torceu o pé antes de finalmente conseguir tirá-los e arrancar o skate do mochilão em suas costas. As garotas deixadas para trás gritavam e protestavam sem parar, assim como os adultos que as acompanhavam. Ele rolou as rodinhas pelas calçadas com desespero, desviando dos pedestres à toda velocidade. As pulseiras em seu pulso tilintavam, o cabelo da peruca escondia sua visão, além de entrar em sua boca sem parar, e a saia não parava de levantar com o vento. Tinha rasgado a meia calça na altura dos joelhos quando caíra no chão e podia senti-las se encardirem nos pés conforme pisava na calçada para pegar impulso.

Ser menina era difícil demais: tinha sido cantado por pelo menos três garotos chatos, além de um ridículo maior de idade, e quase torcido o pé com o salto. Uma beleza sobrenatural, carisma intenso e sorrisos perfeitos lhe foram exigidos para ganhar aquela faixa inútil de "Miss 2009". Não entendia direito as teorias feministas, mas começava a ter certeza de que Simone de Beauvoir estava certa quando dissera "não se nasce mulher, torna-se mulher" — e olhe que as garotas do concurso tinham só 16 anos, como ele. Como seria ser uma mulher adulta?

Jeongguk tirou o cabelo de frente do olho pela milionésima vez, sujando seus dedos com a sombra cintilante e o delineador, e não teve tempo de fazer nada. Quando percebeu, o skate voava e seu corpo rolava pela calçada.

O corpo de um garoto rolou junto ao seu e amorteceu sua queda. Imediatamente, o desconhecido gritou de dor, embora não entendesse o que estava acontecendo.

Um mp3 estava quase esmagado entre seus corpos e Jeongguk pôde escutar pelo fone de ouvido uma música esquisita — e alta demais — que tocava em todas as rádios nas últimas semanas. "Garota radical". Fazendo uma careta, ele se ergueu, sentindo as mãos raladas.

— Você tá legal? — Jeongguk questionou, mas o menino não respondeu. Deitado, tentava abrir os olhos, tarefa que se mostrava difícil demais devido ao choque. Coçando a sobrancelha com as malditas unhas enfeitadas, Jeongguk suspirou. — Vou pedir ajuda, tá? Desculpe, desculpe mesmo, eu não te vi... foi o cabelo na minha frente e–

— Porra, chama logo ajuda, caralho — murmurou o outro, enfim, os olhos abrindo e vasculhando o céu.

À sua frente, podia ver duas silhuetas idênticas que se fundiam em uma única: uma garota de longos cabelos pretos, maquiagem cheia de brilho e um celular Corby amarelo, a última sensação do momento. Ela se aproximou e disse algo, mas Kim Taehyung não conseguiu entender.

— Quem é você? — ele quis saber.

— Eu chamei ajuda, fique aqui, tá bom? — Jeongguk respondeu, se levantando. — Fique aqui, não saia, eles já vão chegar... desculpe mesmo, eu preciso correr, não podem me ver assim...

— Espera aí... — o estranho recomeçou e Jeongguk pensou em ir embora mais três vezes antes de bufar e se abaixar de novo. Não podia ir embora! Não podia atropelar alguém e deixá-lo ali. Mesmo que o levassem para o hospital ou a delegacia (aliás, o que é que iam fazer com ele?) vestido de menina, Jeongguk tinha que ir. Era seu dever, precisava ter certeza de que o garoto estava bem.

— Estou aqui — disse ao desconhecido, então, e pegou o celular outra vez para discar o número de Namjoon. — Ei, cara, eu tô ferrado.


[🛹]

sei lá, mano, só fiz

Garota radical ; kth+jjkWhere stories live. Discover now