E ninguém saberia até que ele acordasse.

E isso demoraria um pouco.

Quanto mais tempo ele ficava desacordado, pior era.

Lisa olhou para ele. "Senti sua falta, Sally." Ela disse. Ela respirou fundo e colocou o braço dela em volta de seus ombros, puxando-o para perto. "Me desculpe se eu estive... intensa."

"Por que diabos você iria se desculpar?" Sal deixou escapar. "Quero dizer... duh."

Isso a fez soltar uma risada rápida. "Justo." Ela o segurou imóvel enquanto olhava para o filho com olhos marejados. “Eu só preciso saber, Sal. Ele estava muito mal?" Ela sussurrou.

Sal não sabia o que responder. Ele hesitou e ela percebeu.

"Oh."

Ambos passaram o tempo juntos. O primeiro dia passou e depois o segundo. Eles olhavam através do vidro como crianças no zoológico. Cada pequena mudança sutil era de ouro para eles. No segundo dia, Sal poderia jurar que Larry moveu um dedo. Mas ele provavelmente estava apenas alucinando. Eles não estavam exatamente dormindo.

O hospital tirou Larry do coma induzido e o deixou descongelar em seu próprio tempo. As horas estavam passando rápido demais. Os médicos estavam compartilhando menos informações. As coisas estavam começando a ficar tensas.

"Seu tubo de respiração me assusta." Sal murmurou. Ele se mexeu na cadeira da sala de espera. Ele e Lisa pareciam desastres. Cabelo oleoso e sem escova, mesmas roupas por dias, sobrevivendo de coca-cola de máquinas e bolos. Ash parecia o mesmo, mas pelo menos ela podia dormir. Ela estava dormindo no assento ao lado de Sal, a cabeça em seu ombro.

Eles estavam longe da sala. Longe do caos. Agora eles estavam com os plebeus. As pessoas resfriadas. As pessoas com dores de cabeça. As pessoas esperando. Eles estavam no limbo.

Todd e Neil estavam fazendo controle de danos. Eles nem tiveram tempo de vir ao hospital ainda. Eles tiveram que fazer todos os comunicados de imprensa. Eles tinham que falar com as notícias. Eles tinham que ser os adultos que ninguém mais poderia ser.

Travis ainda estava desaparecido. Ele não tinha sido visto desde a chegada da ambulância. Isso estava irritando Sal. Estava irritando a todos. E os aterrorizando. Eles mal estavam segurando Larry com as pontas dos dedos e não queriam deixar outra pessoa cair no inferno no processo.

"Esses assentos vão me dar uma erupção na pele." Lisa murmurou para si mesma, fazendo Sal abrir um pequeno sorriso. “O mínimo que eles podem fazer é nos dar um sofá adequado ou algo assim neste momento.”

Sal encolheu os ombros. “Eles provavelmente querem que a gente vá embora. Estivemos no pescoço das enfermeiras."

"Por uma boa razão."

"Claro."

"Mas você pensaria que depois de ficarmos sentados aqui por tanto tempo, ganharíamos pelo menos uma hora na suíte VIP." Lisa brincou.

"Ah sim." Sal assentiu. “Meu cartão perfurado está quase cheio. Talvez isso signifique uma refeição de verdade.”

“Ou água que não tem gosto de copo de cuspe.”

Sal estava prestes a responder quando uma enfermeira saiu com uma mulher chorando a seguindo.  Lisa e Sal se entreolharam, então rapidamente desviaram os olhos. Era óbvio que essa mulher tinha recebido a notícia que eles não queriam. Eles sentiram seus estômagos revirar.

Os dois ficaram em silêncio, o único barulho sendo o ronco rouco de Ash ao lado de Sal. Eles eram iluminados por luzes azuis brancas, queimando seus olhos. Depois de passar muitas horas longe da luz do sol, isso era tudo que conheciam.

Nós Não Temos Que DançarWhere stories live. Discover now