capítulo oito: por que você tem medo de me querer, Scott?

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Meus lábios sobem e um sorriso torto aparece, pois sei do que está falando. Pensei que ia simplesmente ignorar meu comentário, mas aqui está Pasha Stratford finalmente cedendo da sua pose de durona e que não dá o braço a torcer em nada.

— Sobre a química que há entre nós? — questiono, divertido. Ela sobe e desce seu queixo em um gesto quase imperceptível ao finalmente confirmar. — Ah, por favor, isso nem deveria ser questionado. Nós nos beijamos, Stratford. E você sabe tanto quanto eu o quão incrível foi.

— Sei? — Pasha está sendo retórica, então não respondo ou falo nada. Uma risadinha sem humor escapa por seus lábios logo em seguida. — Achei que esse momento tivesse sido uma alucinação ou que ao menos eu tivesse beijado sozinha, já que você, até uns meses atrás, fingiu que ele nunca aconteceu.

Isso é verdade. Eu realmente fingi que nada aconteceu por meses e me sinto um estúpido ao vê-la constatando isso em voz alta. Mas o que eu posso fazer se simplesmente fiquei com medo do que poderia ser desenvolvido entre nós? Não gosto de me envolver e de sentimentos, então, como essa possibilidade nunca havia aparecido antes, a única saída rápida que me ocorreu para o bem de nós dois foi me afastar e, consequentemente, ignorar o que tínhamos feito no jardim daquela festa.

— Desculpa por isso, a propósito — peço, sinceramente. — Não quis parecer um babaca ou fingir que aquele momento não foi algo significativo. Eu só... não soube lidar com ele direito. Em um dia, nós nos odiávamos e declarávamos guerra todas as vezes que nos encontrávamos. No outro, lá estávamos nós dançando juntos e depois nos beijando. Foi difícil de processar.

A ruivinha cruza os braços e abre um daqueles sorrisos perversos que é característico seu.

— Ficou com medo de mim, Scott? Achei que gostasse de um bom desafio.

Não sei se consigo, mas tento sorrir exatamente como ela.

— Não tive medo de você, diabo do Alasca. — Trago o apelido que dera a ela em um dia que estávamos discutindo à tona. Pasha dá uma risada por causa disso ao mesmo tempo em que revira os olhos. — Eu tive medo de mim e do que poderia fazer com você. Eu até posso gostar de desafios, mas só entro em um quando sinto que tenho chances de ganhar. Não me garanto nisso quando o assunto é Pasha Stratford. — Sou sincero ao dar de ombros.

—Porque você sabe o quão boa eu posso ser. Porque você, mais do que ninguém, sabe que tenho a total capacidade de virar o jogo. Então, sim, você até pode ter medo de você e até de me ferir, mas tem ainda mais medo de me querer. — pontua, os olhos focados totalmente nos meus. Consigo enxergar daqui o quão gostando dessa conversa está. — Por que você tem medo de me querer, Scott? Por que você, que sempre parece desejar todas as mulheres do mundo, tem medo de querer a mim?

Ela me escrutina e eu sinto que estou aberto em sua frente, como se ela pudesse me ler por completo e enxergar cada um dos meus medos e inseguranças em relação a ela. Só que, diferente de antes, eu não tenho mais medo. Seja lá o que esteja acontecendo entre nós agora, estou aberto. Sei que meu coração está seguro contra ela e qualquer garota no mundo. Não é que eu seja contra romance e contra o amor, só que... eu sei que ele não é para mim. Não depois de ter vivido e enfrentado tanta coisa.

— Eu não tenho medo de te querer, Pasha. Não tenho medo, porque eu te quero. É impossível alguém não te querer. Você é toda linda, tem as melhores tiradas bem na ponta da língua e um humor tanto quanto peculiar. Você é segura de si, inteligente, não liga para o que os outros pensam e é... tudo. Você é tudo, Pasha Stratford. Só não sei se você, tão do jeito que é, vai querer o que eu posso te oferecer.

Pasha parece mexida com as minhas palavras, pois vejo que engole em seco. Ela volta a apertar a haste da xícara e seus dedos ficam esbranquiçados pela força que impõe. Seus olhos vacilam e desviam do meu, observando algo aleatório no meio da cafeteria já quase vazia agora. Depois de alguns segundos, volta seu olhar ao meu no mesmo instante em que apruma a postura. Se Stratford pareceu vacilar por algum momento, nenhum rastro dele aparece em seu rosto agora. A garota olha bem no fundo dos meus olhos e parece ainda mais decidida do que nunca no que está para sair entre seus lábios.

ENCONTRE-ME NA NEVE | #2 Da Série The Hurricane Freedom MC Where stories live. Discover now