capítulo sete: o feitiço caiu contra o feiticeiro

Start from the beginning
                                    

O quão estúpido e ferrado isso é?

Eu prometi a mim mesma que não iria cair nos encantos dele e não vou. Então preciso encarar isso como algo positivo e que comprova a minha teoria de que eu e ele não temos nada a ver um com o outro. Nós somos incompatíveis e nossos mundos também.

Abro a minha boca para completar meu pensamento, só que John me impede. Ele solta uma gargalhada contagiante e seus olhos azuis claros ficam injetados de diversão e fascínio, como se a sua ideia fosse a mais genial do mundo.

— Não é fantástico? — ele sussurra para que só eu possa escutar, o que é totalmente idiota, já que ninguém parece se quer prestar atenção em nós. — Vamos nessa criar nosso mundo, diabinha.

Solto um muxoxo.

— Então tudo não passava de uma piada? — indago, e detesto o modo como a minha voz vacila por um segundo. John parece nem perceber, mas as suas sobrancelhas grossas se unem e ele parece confuso com o meu comentário. — O que você realmente está querendo com tudo isso aqui, John? E seja sincero dessa vez.

— Eu já falei. Quero fazer com que a gente se divirta. Sei que a analogia foi péssima, mas foi a única coisa que passou pela minha cabeça quando você começou a falar sobre mundo, química e essas coisas. — O loiro solta uma risadinha nasalar e tira as mãos da jaqueta de couro que usa, apontando para a máquina à minha frente. — Esse jogador aqui... — Seu dedo em riste está na direção do boneco moreno, musculoso e engraçado, pronto para salvar a princesa em apuros. — Vamos fingir que sou eu. A princesa é você. Os guardas são as nossas teimosias querendo impedir que a gente se aproxime. E aí a gente detona eles e mostra que podemos ficar juntos sem que um queira matar o outro.

É impossível não dar risada dessa analogia que, com toda certeza, é ridícula.

— E o jogo a gente finge que é um mundo criado só para nós. Estou certa? — Por algum motivo que desconheço, entro na sua brincadeira. E lá vamos nós na montanha-russa. Dessa vez, a raiva se dissipou e deu lugar a um sentimento beirando a algo bom. — E se perdermos? Significa que não temos jeito mesmo?

Estou brincando, mas John provavelmente não percebe. Ele penteia seu cabelo para trás e depois coça sua bochecha e o queixo.

— Porra, não pensei nisso. — Acho fofo o modo como ele parece perturbado por não ter pensado nessa parte. Faço o meu melhor para não sorrir e estragar tudo.

Preciso tirar proveito disso. É da minha natureza e da dele que procuremos uma brechinha para que possamos nos alfinetar.

— Então seu plano tem furos, caro Scott — digo ao fingir decepção. — Como você planeja me convencer de algo se nem ao menos se esforçou para isso?

Sinto a tensão preencher os músculos do seu rosto e do seu corpo enquanto seu cérebro parece se fundir ao pensar demais, então solto a risada que estava segurando todo esse tempo.

— Estou brincando com você, não precisa ficar com essa cara. — Solto uma risada e, pouco a pouco, John suspira e sorri também.  Você pensou em uma grande idiotice e realmente a analogia foi péssima, mas gostei da sua originalidade para mostrar um ponto. Então vamos nessa. Vamos salvar a princesa em perigo.

— É para já, minha princesa! — John bate uma mão na outra, animado, e se coloca ao meu lado, em frente ao jogo. Quando o Make Your World começa a ganhar vida, ele engancha seu braço em meu pescoço por um instante. Parecendo perceber o que havia feito, vira o rosto para me encarar, talvez tentando enxergar algum desconforto da minha parte. Não me importo que ele se aproxime, no entanto. Acho que precisamos baixar a guarda para que nós dois não transformemos o casamento de Amber e Hunter em um completo desastre.

ENCONTRE-ME NA NEVE | #2 Da Série The Hurricane Freedom MC Where stories live. Discover now