Will chegou a casa após mais um dia de escola, sem aguentar mais. Mal pôs os pés lá dentro, correu para o seu quarto e fechou a porta com um estrondo. Eleven, não entendendo totalmente o que o "irmão" sente, mas sabendo o motivo de ele estar assim, deixou-se ficar calada, enquanto Jonathan e Joyce olhavam incrédulos e confusos para Will e em seguida para Jane, que retribui o olhar tristemente.
— O... o que aconteceu? — perguntou Joyce, surpreendida com a atitude do filho.
— Broncos — respondeu a menina, simplesmente.
A mãe foi em direção à porta do quarto, e bateu-lhe ao de leve, apenas para ouvir silêncio como resposta. Tentou abri-la, mas estava trancada. Conseguia ouvir os soluços abafados de Will do outro lado.
— Mãe... deixa-me tentar falar com ele... — começou Jonathan, mas foi interrompido por Joyce.
— Espera... primeiro... — virou-se para El, sorrindo docemente — querida... podes explicar melhor o que aconteceu?
— Broncos. — repetiu Eleven, com o mesmo olhar triste — Eles... dizem coisas...
— Que tipo de coisas? — perguntou Joyce, pensando já em falar com o diretor da nova escola de Will.
— Eu... não sei bem... — admitiu a menina, desapontada — mas... eles dizem coisas como "gay", "veado"... Eu... eu não sei bem o que são — apressou-se a acrescentar, ao ver a expressão nos rostos de Joyce e Jonathan endurecer.
— Não... não tem problema não saberes, querida... eu vou lá falar com ele... — mas desta vez foi Joyce a ser interrompida por Jonathan.
— Mãe... deixa-me ser eu a falar, pode ser?
— Está bem... vai lá, mas vê se ele fica bem...
— Mãe, relaxa, eu sei como falar com ele — dito isto, o irmão mais velho foi à porta do quarto de Will e voltou a bater à porta.
— Will! Will, vá lá, abre a porta por favor!
— Deixa-me em paz, Jonathan! — retorquiu Will, do outro lado.
Contudo, Jonathan não saiu, e Will percebeu isso, porque, alguns momentos depois, abriu a porta ao irmão. Ao ver o estado do mais novo, Jonathan entrou no quarto e fechou a porta.
— Ei... o que se passa? — perguntou carinhosamente, colocando a mão no ombro do irmão.
— Eu sou uma aberração! — exclamou Will, entre lágrimas e soluços.
— Então... Will, já falámos sobre isso... tu és uma aberração, eu sou uma aberração... querias ser igual a toda a gente?
— Não é isso, Jonathan... eu sou uma aberração! Eles estão certos!
— O quê...? Quem está certo?
O rapaz olhou profundamente para os olhos do irmão, o medo da rejeição apoderando-se de si.
—Eu... eu sou gay... — murmurou, quase inaudivelmente, para que apenas Jonathan ouvisse — Eles estão certos... eu sou estranho, um veado...
— Ei, Will... — Jonathan encarou o irmão, com um semblante sério no seu rosto — não há problema nisso, está bem? Tu és meu irmão e eu amo-te, aconteça o que acontecer... isso não te torna pior que ninguém...
— Mas não é só isso... — o tom de voz do rapaz nesse momento era de desespero — Eu... eu acho que gosto do Mike — ambos sabiam que o "acho" era uma maneira de o rapaz se enganar a si mesmo. Os seus olhos encheram-se de lágrimas outra vez.
Por alguns momentos, o silêncio prevaleceu naquele quarto, enquanto Jonathan digeria aquela informação e Will pensava, horrorizado, em como os seus amigos, especialmente Mike e Eleven, reagiriam se soubessem daquilo. Em seguida, Jonathan disse:
— Will... — sem saber o que dizer, abraçou o irmão, mostrando-lhe apoio. Quando, por fim, encontrou as palavras certas, olhou-o nos olhos e disse-lhe: — ele é o teu melhor amigo, de certeza que vai entender, só tens de encontrar a altura certa para lhe contar.
— E a El? Ela namora com ele, e, bem... ela agora é nossa irmã!
— A El... acho que ela vai entender, Will... até porque, como tu sabes, ela cresceu no laboratório, lá ninguém lhe ensinou o que é "certo" e "errado", então se nós lhe explicarmos agora que tu gostas de rapazes, ela não te vai afastar ou achar estranho. Sobre ela namorar com o Mike... acho que podes esconder dela esse facto, para já... Mas, se lhe quiseres contar, tens o meu apoio e quero que saibas que, escolhas o que escolheres, eu vou estar aqui para te apoiar, sempre...
Will apenas sorriu, sem saber o que dizer. Era bom saber que tinha o irmão ao seu lado, que tinha alguém que o apoiasse em tudo... Abraçou o irmão com força, mostrando com esse pequeno gesto tudo o que sentia.
— Umm... Jonathan... — começou a dizer, quando se separaram do abraço — Obrigado, a sério. — sorriu timidamente. — Será que... bem... me podes ajudar a contar à mãe...?
— É claro! Vamos, eu estou contigo! — saíram juntos do quarto, Jonathan com o braço por cima dos ombros de Will.
Quando chegaram à sala, encontraram a sua mãe e a sua "irmã" sentadas no sofá, em silêncio. Este foi cortado por Will, que disse, timidamente:
— Mãe... El... eu tenho... uma coisa para vos dizer...
— Diz, querido, estás à vontade... — disse Joyce, chegando-se para o lado para que os filhos se pudessem sentar.
— Então... mãe, El... eu... — olhou para Jonathan, à procura de apoio. O irmão retribuiu o olhar, encorajando-o — eu sou gay. — disse, por fim, o peso deste segredo saindo dos seus ombros, como um mal que deixa de nos atormentar.
Joyce olhou para o filho, carinhosa e compreensivamente, enquanto que Eleven olhava para ambos, confusa. Era óbvio que não entendia do que se estava a falar.
— Oh, filho... estou tão feliz por nos teres contado isso... não há problema nenhum nisso, ok? Nós apoiamos-te em tudo!
— O... obrigado, mãe — a alegria de Will naquele momento era indescritível, saber que tinha o apoio na sua família, que eles não o abandonariam. Olhou para a "irmã", que continuava confusa, e explicou:
— El... eu... eu disse que... bem... eu... eu sou um rapaz, mas também gosto de rapazes. Mas... mais do que amigos... como namorados. — corou ao dizer esta última palavra. Em seguida, olhou para a menina e continuou — E... eu sei que vocês estão juntos, e eu não vos vou tentar separar, mas... eu gosto do Mike. — corou ainda mais. — Entendes?
— Will — Eleven estava um pouco chocada com esta informação, mas, apesar de ter alguns ciúmes, compreendeu os sentimentos do irmão — eu entendo.
Joyce abraçou o filho mais novo, e Jonathan colocou os braços à volta de ambos, enquanto Jane observava a cena, feliz com a sua nova família.
Will sorriu, sabendo que já havia três pessoas que não o rejeitariam. Esperava que os seus amigos também reagissem assim...
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Então... como eu disse no meu perfil, vou publicar as histórias como one-shots. Espero que tenhas gostado deste capítulo. Se sim, por favor, dá uma opinião (se não gostaste de algo e fizeres uma crítica construtiva, irei lê-la e responder de acordo com o que pensar). Também podes dar ideias para outros one-shots, se quiseres, e verei o que posso fazer.
O vídeo colocado não é meu. Faz parte da banda sonora da série foi adicionado neste capítulo para uma melhor experiência de leitura.
Se leste até aqui, muito obrigada!
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You are my Brother and I Love You
FanfictionWill chega a casa sem aguentar mais, sem conseguir conter aquele segredo dentro de si. Mas será que o medo da rejeição o vai impedir de o fazer? Avisos: - a história está escrita em português de Portugal, então se alguma pessoa do Brasil estiver a l...