Aquele silêncio me fez questionar minha sanidade mental, e os possíveis delírios por estresse que detenho desde a aproximação de Lowell. Aquela ideia parecia completamente absurda, mesmo que algo tentasse se formar em um quadro negro em minha mente, desde os primeiros e mínimos detalhes que envolviam Lowell, então seguia para Oliver, William e enfim Rosalie, quem eu tentava filtrar para manter a razão.

— Apenas uma ideia absurda.

— Você está esgotado, desta forma nada fará sentido — concluiu com um olhar de desdém característico de sua filha. — Vou mandar preparar algo para que coma enquanto trabalha e Agatha se recupera.

Não tive tempo para concordar ou negar, na verdade eu estava começando a duvidar se existia realmente esta possibilidade como Hillary e Rosalie ditaram, simplesmente girou os calcanhares para seguir a cozinha e logo retornar explicando algo para uma jovem mulher que trajava uniforme.

— Logo será servido senhor Blake — garantiu a empregada ao retornar para cozinha.

— Posso ajudá-lo em mais algo?

A questão ressoou em minha mente trazendo uma questão recentemente esquecida, algo que estava me corroendo por dentro com uma grande insegurança sobre os cuidados com Agatha.

— Acha que fiz bem em deixá-la com uma desconhecida? — Poderia ser uma pergunta idiota, mas com a sinceridade e crítica que apenas as Aubry têm, seria de bom uso.

— Fez muito bem em deixá-la com Lowell — afirmou se afastando com um pequeno aceno.

— A conhece?

— Eu conheço todo mundo, pouco se passa despercebido por mim, é uma das vantagens de se estar no controle. — Deu de ombros. — Para isso preciso trabalhar, e creio que deve fazer o mesmo porque dinheiro e poder não virão sozinhos em nossa situação, mas pode usufruir de toda a casa para o que precisar.

— Mais uma vez obrigado, Eleanor.

— Nada a mais que poderia fazer por minha neta e meu futuro genro. — Sorriu cúmplice abertamente. — E por isso, devo dizer, que você e Will precisam se entender, ou eu permito a execução de ambos.

Com um riso baixo se retirou da sala para alguma parte de sua luxuosa casa. Me restou tomar o rumo para a sala onde Agatha dormia, e preparar o notebook sobre a mesa de centro para continuar o trabalho da tarde.

Todavia, uma presença no sofá me fez parar os preparativos e seguir o olhar, era Florence que fitava a bisneta com um olhar indecifrável entre frustração e tristeza, mas logo desviou-se para mim com grande atenção.

— O que está o incomodando, meu rapaz?

— Ela e Florence me ajudaram com Agatha.

— Somente isso? — inquiriu arqueando uma sobrancelha.

— O que mais deveria acontecer?

Nenhuma resposta, apenas um mover de ombros característico de quando fingia enterrar o assunto para poder avaliar minuciosamente qualquer traço inconsciente. Não havia nada que desejasse falar, nada para alarmar sobre meus possíveis delírios.

Desbloqueei o celular mais uma vez a espera de alguma notícia de Adam com minha pequena Agatha, nenhum mísero sinal na última hora que declarou adentrar a consulta com psicólogo. Devo admitir que cogitei a ideia de consultar algum assim que meus olhos pousaram o papel de parede, estava com Rosalie sentado defronte ao espelho, ela estava nua de pernas cruzadas e sem qualquer preocupação com o que mostrava, enquanto a minha era mantê-la próxima e cobrir seus seios com meu braço, ainda poderia sentir o cheiro de seu cabelo que estava em meu rosto.

Ardente Perdição - Duologia Volúpia - Livro II Where stories live. Discover now