02. Number one: tell me who do you think you are?

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Puxei meus cabelos com força e soltei um grito agoniado. Eu só queria que a dor parasse. Fui para o nosso bar pessoal e tirei uma garrafa de fire whisky e bebendo direto do gargalo.

— O que ela tem que eu não tenho, Potty? — questionei para o cachorro que estava me encarando.

Era meu dia de folga e ele sempre tirava comigo para passarmos juntos. Obviamente ele iria ficar com ela.

Andei até o espelho e me encarei. Eu era muito comum. Branco, corpo com alguns músculos por conta dos treinos de aurores mas a barriga um pouco flácida pela perda do bebê.

— Ela vai conseguir dar um herdeiro para ele, né? — perguntei ao cachorro que se esfregava nos meus pés tentando passar conforto. — Eu não consegui.

Não era novidade que homens pudessem engravidar no mundo bruxo. Não eram todos e a incidência era pequena, mas eu havia tirado a sorte grande. Draco sempre amou crianças.

— Você é uma decadência! Não conseguiu segurar o próprio marido e nem o próprio filho — xinguei o reflexo do menino triste no espelho.

Por que, Draco?

***

Observei o loiro alto sair do escritório de advocacia. Era o advogado mais lindo do mundo e eu antigamente tinha o costume de babar em cima da visão do meu marido de terno e aqueles cabelos loiros presos em um rabo de cavalo.

Andei até o mesmo com a capa da invisibilidade até o ponto de aparatação e segurei levemente em suas vestes, acompanhando-o.

Eu nunca fui do tipo de stalker ou fui atrás desse caso de Draco. Sempre achei que ele iria vir até mim e me contar o que estava acontecendo. Não queria ter que investigar como um marido louco.

Cheguei me sentindo meio tonto por ainda estar bêbado e odiar aparatar. Merlin, me dava muita vontade de vomitar.

Eu precisei encher minha cara de cachaça para conseguir enfrentar o que eu provavelmente iria ver.

Draco parou na frente de uma casa de hospedagem trouxa bem escondida. Ele realmente não queria ser rastreado.

Acompanhei seus passos até a recepção e meu coração afundou ao ver que a recepcionista o conhecia muito bem.

— Senhor Malfoy-Potter! — cumprimentou, feliz. — Ela já está esperando no mesmo quarto de sempre.

Ouvir aquilo era muito pior do que realmente suspeitar que ocorria algo. Ele estava mesmo me traindo e não era coisa da minha cabeça. Mordi os lábios fortemente para disfarçar o soluço e a crise de choro que estava por vir.

— Obrigada, Angela — sorriu com aquele sorrisinho torto que me desmontava inteiro.

Merlin. Eu iria vomitar.

Segui o mesmo para o andar que ele iria encontrar a amante e vi que era a cobertura. De repente tudo pareceu muito claustrofóbico e eu senti a necessidade de parar um pouco para respirar.

O corredor parecia a caminhada para o inferno, porque assim que visse ela eu não teria mais como negar que estava sendo corno. Draco deu dois toques na porta e ninguém mais que Pansy Parkinson, ex-namorada dele, abriu a porta.

Porra. Um soco na boca teria doído mais do que ver a cena dos dois se abraçando, felizes em se ver.

Como ele pode? Foram 4 anos! Eu já não aguentei mais me manter quieto e resolvi mostrar que estava presenciando a cena.

— Por quê? — perguntei alterado e jogando a capa de invisibilidade longe.

O quarto estava repleto de livros e os lençóis bagunçados. O cheiro que eu sempre sentia em suas roupas circundava o ambiente e dessa vez eu não consegui segurar as lágrimas.

Vi os dois arregalaram os olhos e se afastaram rapidamente. Draco parecia imóvel no mesmo lugar e eu desviei meus olhos para Parkinson.

— O que eu fiz? — questionei com um tom quebrado. — Eu juro que eu não sei, Draco... Eu fui um péssimo marido?

— Não, amor, por Merlin — Andou em passos rápidos até mim e tentou tocar meu braço.

Me afastei e o encarei com nojo.

— NÃO TOCA EM MIM — gritei e as janelas estouraram em um lampejo de magia descontrolada.

Os móveis tremiam assim como minhas mãos e eu não conseguia controlar minha magia. Eu estava profundamente machucado.

— Babe...

— Não me chame assim, Draco Malfoy! Você perdeu esse direito quando começou a me trair com ela. Então era aqui seu "clube" com Blaise? As fugas eram para trepar com a Parkinson? — Eu estava transtornado.

Ouvi outro vaso quebrando e a televisão pender para o lado. Eu não estava nem aí. Queria quebrar tudo.

— Hazz, não é o que você está pensando. Eu nunca faria isso com você! Amor, olha para mim. Por favor — suplicava e os olhos azuis estavam inundados de lágrimas.

— Mentira! Como você pode? EU DESPERDICEI 4 ANOS DA MINHA VIDA, DRACO LUCIUS MALFOY — gritei e vi os olhos vacilarem depois do que eu disse, mas eu não dava a mínima. Já tive o bastante. — É por que eu não consegui, né?

— Conseguiu o quê? — perguntou confuso.

— Nosso filho. É porque eu não fui capaz de te dar um herdeiro — disse e soltei um soluço tão sentido que Parkinson deixou as lágrimas caírem também.

Que menina dissimulada.

— Harry Potter, nunca iria te trair, ainda mais por esse motivo — disse rudemente.

Cai no chão, segurando com força minha cabeça e sentindo as lágrimas caírem facilmente no meu rosto. Eu não acreditava em meia dúzia de palavras que saia da boca do meu marido.

— Harry, se acalma, ok? — pediu Parkinson e eu mirei minhas esmeraldas iradas para ela.

— Parabéns! Conseguiu ele para você — disse enojado. — Faça bom proveito.

Joguei a aliança no chão com raiva e peguei minha capa de invisibilidade.

— Não, por favor, olha para mim — pediu e eu mantive as costas viradas para ele. Já estava sendo difícil o bastante.

— Se não estava me traindo, o que é tudo isso então?

Vi a máscara de marido preocupado ruir e ele vacilar.

— Eu não... — disse perdido.

— Draco, não — disse Parkinson com a voz em tom de aviso.

Até ela sabia reconhecer quando a batalha estava perdida. Soltei uma risada dissimulada.

— Não me siga. Maldita hora que eu me casei com você! Eu nunca deveria ter te dito sim — proferi com toda mágoa que eu guardava.

— Não fala isso, por favor. Eu te amo — disse em um tom magoado.

Parecia que era para me irritar toda aquela atuação.

— Eu vou ficar com o cachorro e a casa. Você está livre! A partir de hoje você não tem mais um marido. Não me siga.

E mais uma vez contrariando tudo o que o homem que eu casei faria, ele ficou com ela.

E eu segui para nossa casa com nosso cachorro e nossas memórias.

A pergunta não saia da minha cabeça: por que, Draco?





NOTAS DA AUTORA: Qual o veredito de vcs: traiu ou não?? FAÇAM SUAS TEORIAS!

VEJO VCS NAS FIGURINHAS!!

Why? | DRARRYWhere stories live. Discover now