single chapter

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oi gente! essa oneshot foi levemente inspirada na música que o Harry falou que quer que toque no velório dele e naquele poema "but the wait was worth it because i was in love". enfim, esse tema de domesticidade que o Harry menciona bastante, espero que gostem e não esqueçam de comentar, favoritar e compartilhar porque me motiva muito saber o que vocês estão pensando enquanto leem! a música que coloquei na mídia eu imaginei tocando nas partes que ele tá dentro do trem, olhando pela janela... enjoy x

Os dedos já estavam enrugados pela água da banheira, mas o calor confortável e principalmente o leve movimento da respiração do marido, que fazia seu peito subir e descer devagar, impediram que ele se desvencilhasse do abraço. Não era um dia especial. Louis tinha acabado de voltar de um dia cansativo de trabalho e, a menos que Harry não estivesse em casa, sempre tomavam banho juntos.

Ele adorava sentir o peso do corpo de Louis contra o seu. Os dedos dos pés se tocando gentilmente fazendo a água se movimentar. Era um dos poucos momentos que eles ficavam realmente em silêncio, sem falar de como tinha sido o dia, as contas para pagar, os compromissos que tinham que ir...

Eles podiam aproveitar estarem ali, na presença um do outro. Ouvindo cada batida de dois corações que pertenciam irrefutavelmente juntos.

Até que claro, por preguiça - ou por só querer os longos dedos de Harry o fazendo carinho - Louis pedia que o de olhos verdes lavasse seu cabelo. E ele sempre o fazia, sem contestar, pois adorava o cheiro do shampoo de algas marinhas e a espuma espessa que formava no cabelo que já quase chegava aos ombros pois o marido ficava adiando ir ao salão cortá-lo por meses a fio. 

Esse momento sempre gerava muitas risadas com o menor reclamando quando a espuma caía em seus olhos e o maior prontamente os limpando com água para depois, pedindo desculpas, encher seu ombro de pequenos beijos.


Harry foi bruscamente acordado de seu devaneio quando ouviu um barulho que logo descobriu ser de um de seus livros caindo da bolsa, logo abaixando para colocá-lo de volta. Os braços que há poucos segundos estavam ao redor de um Louis Tomlinson molhado na banheira agora estavam vazios, o que fez o de olhos verdes mexer gentilmente em sua aliança.

A vibração sutil sob seus pés em conjunto com o silêncio do vagão do trem quase fizeram Harry cair no sono. Ele não estava particularmente sonolento, mas estava ali há tantas horas que não lhe restava mais nada a fazer senão se afundar um pouco mais no banco acolchoado e encostar a cabeça na janela para ver o cenário montanhoso e gramado.

Enquanto a imensidão verde passava pela janela, ele cruzou os braços, fechou os olhos e, nesse estado preguiçoso, submergiu novamente em seus pensamentos.

Lembrou do barulho estridente da chaleira no fogão sempre que fazia chá para eles nos dias de inverno, que pareciam ser quase o ano todo. O marido estava sempre no sofá da sala, vestido com duas meias - mas ainda com um short e camiseta - por dizer que só sentia frio nos pés, mesmo sabendo que, depois de de tomarem o chá assistindo algum filme de suspense, o de olhos verdes sempre o enrolava na coberta de crochê - um presente de casamento da sogra - após vê-lo se encolhendo pelo frio.

Louis nunca falava nada - o que fazia o cacheado esboçar um sorriso de canto de boca pela teimosia do menor - mas sempre fazia um pequeno carinho no interior das coxas de Harry, que sabia que ele o estava agradecendo da forma dele, o qual ele achava irritantemente meigo.

Agora se transportava para a cozinha da casa, que não é muito grande mas as bancadas em tons de creme a tornavam charmosa e aconchegante. Sentia o delicioso cheiro do alho e da cebola dourando no azeite enquanto cortava os tomates para fazerem o molho do macarrão que haviam decidido comer aquela noite. 

O espaço mais restrito da cozinha forçava os dois a fazerem uma espécie de dança, sempre se entrelaçando e um passando por baixo do braço do outro para alcançarem os ingredientes ou mexerem as panelas. Mas eles não ligavam, era divertido se trombarem o tempo todo e Louis dizia que aquilo só os faria experts em cozinhar com obstáculos quando tivessem filhos correndo por entre as pernas deles os desequilibrando o tempo todo. 

Quando acabavam de cozinhar, sempre arrumavam a mesa. Tomlinson não gostava muito de fazer a mesa, assim como não gostava de arrumar a cama ou tirar o lixo ou colocar as roupas sujas no cesto, mas quando decidiram morar juntos, Harry o sentou na mesa de jantar e disse:

- Esse é o nosso lar. O espaço que compartilhamos nossas vidas juntos. - pegou na mão do menor - Portanto, para mim, é o lugar mais importante do mundo. É quase... sagrado, sabe? Então eu quero cuidar dela, e de você. 

Louis permaneceu em silêncio, mas estava absolutamente admirado pela forma reverenciosa que ele mencionava a casa, o que o fez se apaixonar mais ainda por ele e o fez ver a casa e as tarefas domésticas de forma diferente. De uma forma linda, assim como Harry via.

Desde então, o casal tratava a casa como um templo, um templo onde os dois poderiam expressar sua devoção por cada peça de mobília, refeição, cada filme que assistiram juntos, cada sorriso, cada lágrima, cada suspiro e gemido que aconteceu ali dentro.


Mais algumas horas se passaram e a paisagem majoritariamente verde se transformou em prédios e mais prédios. O trem estava enfim chegando ao seu destino final.

A turnê de seu mais novo livro fez com que tivesse que viajar por milhares de cidades na Europa, numa rotina agitada. Não se falaram muito durante esse tempo já que o de olhos azuis, sabendo que esse era o momento dele curtir sua carreira e o sucesso do livro, não o incomodou com ligações ou mensagens diárias. Mas, mesmo distantes, não existia ansiedade. Não existia rancor ou dúvida pois Harry sabia que, quando voltasse, nada estaria diferente. Seria só mais um dia.

Esse pensamento fez com que a mente viajasse para os dias da semana que lavavam roupa juntos. O menor sempre começava uma guerra de roupas sujas - embolando as camisetas e as jogando no esposo - na qual ele sempre dava um jeito de  transformar em uma sessão de beijos apaixonados ali mesmo, tirando as roupas um do outro e as jogando no chão, já aproveitando para serem lavadas depois que recolhessem a bagunça e colocassem tudo na máquina.

Eles amavam os dias de lavar roupa.

Quase pegando no sono, ele lembrou dos braços tatuados de Louis o segurando quando dormiam abraçados. Harry sempre adormecia rápido, mas frequentemente acordava de noite para ir ao banheiro ou beber água, e, mesmo caindo de sono, sempre tirava tempo para depositar um beijo na testa do menor, que dormia como uma pedra.

Quando acordavam, o maior se virava na cama e ficava admirando o despertar do marido enquanto ele esfregava os olhos cansados e bocejava. Era naquele momento que Harry o achava mais bonito.

A súbita parada do trem denunciava que a viagem finalmente havia acabado. Se enrolou com um cachecol, pegou as malas em cima da cabine e andou até descer do trem.

Sinalizou para pegar um táxi e falou ao motorista o endereço. Estava quase chegando.

A mente agora se concentrava no rosto de Louis. Em cada expressão, as rugas nos olhos quando sorria, a boca levemente aberta quando dormia ou a testa franzida quando ele assistia atentamente os jogos de seu time preferido na televisão. 

Ele o amava. Cada pedacinho de Harry Styles pertencia por inteiro à Louis Tomlinson.

E era um amor simples, mas isso é tudo que ele queria do amor. Simplicidade e ócio. Um amor que passa dias em casa regando as plantas ou lendo livros no sofá.

Saiu do táxi, finalmente diante da porta que ele conhecia tão bem. Caminhou devagar até a porta notando como as flores do jardim estavam bonitas desde a última vez que as havia visto. Girou a maçaneta e, antes que pudesse falar, avistou o marido no final do corredor, na cozinha.

- Harry! Como foi? - exclamou - Eu tô colocando a mesa, você pega os pratos pra mim?

Abriu um sorriso e fechou os olhos. Era só mais um dia. E ele estava em casa.

we watched the flowers bloomWhere stories live. Discover now