why can't you see me?

49 8 26
                                    

KUROO SE CONSIDERAVA um cara equilibrado.

Seja na questão física ou mental, já que, modéstia à parte, ele era deveras inteligente e um ótimo atleta. Sempre se manteve calmo e concentrado, pensava duas, três, quatro vezes antes de fazer um passe durante um jogo de vôlei ou de marcar uma questão na prova de química. Equilibrado. Essa era uma ótima palavra para descrevê-lo.

Mas, então, por que apenas um olhar vindo dele deixava Kuroo totalmente desestruturado?

Aquele sorriso provocador e o tom sarcástico em sua voz grave desconcertavam o mais alto, e, pela primeira vez, Kuroo não sabia como reagir. O capitão ficava em silêncio, devolvendo o sorriso irônico, enquanto se perdia nos olhos castanhos e doces de Sawamura Daichi. Eram poucas as vezes que conseguia o ver pessoalmente, mas tentava compensar a falta de presencialidade com mensagens e ligações.

Desde a primeira vez que o viu, Kuroo soube que ele lhe traria uma grande dor de cabeça. Começou com provocações leves, típicas de dois capitães de times rivais de vôlei, mas, então, quando ele viu Daichi soltar uma risadinha, e seu coração deu uma pirueta, Kuroo percebeu que o que sentia pelo outro capitão não era apenas uma animosidade saudável. Porém, apenas teve certeza de seus sentimentos quando notou que até os gestos mais simples vindos do outro o deixavam enamorado, ou quando seu peito se aquecia toda vez que via Daichi sorrir ou fazer um bico adorável.

Em outras palavras, Kuroo estava lascado.

Ele se lembra até hoje dos acontecimentos do acampamento de treino em Tóquio. Era noite, o acampamento estava surpreendentemente silencioso já que a maioria dos garotos fora dormir cedo por causa do churrasco que fizeram de manhã. Kuroo, no entanto, ainda se sentia um pouco elétrico, então resolveu ir em uma das quadras treinar seus arremessos. Maldito seja o destino que o fez entrar na mesma quadra que Daichi estava. Kuroo sentiu o coração falhar uma batida ao ver o outro pular alto, acertando a bola com força. Não havia sol nenhum aquela hora, mas Tetsurou jurou ver um brilho dourado ao redor do corpo de Sawamura, como uma aura de um anjo.

"Que decadência.", Kuroo pensou, fazendo uma careta. "Eu estou parecendo um poeta com dor de cotovelo".

— Kuroo! — A voz grave de Daichi o fez dar um pulinho de susto — Nem te vi aí. Veio treinar?

— É. Preciso estar em forma pra te detonar no Nacional. — Kuroo sorriu ladino, arrancando uma risada do outro.

— Quem vai detonar quem sou eu, Tetsurou. — O mais baixo cruzou os braços. O corpo inteiro de Kuroo se arrepiou ao ouvir seu nome sair da boca do outro.

— Estamos tão íntimos assim para você me chamar pelo meu primeiro nome, Daichi?

Sawamura apenas sorriu e correu para mais perto da rede.

— Você lança e eu corto, pode ser?

Kuroo assentiu e fez o que ele pediu. O tempo passou tão rápido, nenhum dos dois percebeu. Era tarde da noite quando os garotos se sentaram na porta da quadra, suados e ofegantes pelo treino contínuo, no entanto, sorrisos satisfeitos dançavam em suas faces.

— Você é uma ótima companhia, Tetsurou. — Daichi murmurou, dando longos goles em sua garrafa d'água.

Kuroo ainda não se acostumara com o outro o chamando pelo primeiro nome de forma tão tranquila.

— Faço o que posso. Você também não é de se jogar fora. — O mais alto pegou a garrafa da mão do outro e bebeu o resto da água.

Daichi sorriu, apoiando o rosto em uma das mãos, enquanto encarava o mais alto atentamente. Kuroo ergueu uma sobrancelha, sentindo o coração acelerar de nervosismo. Os grandes olhos castanhos de Sawamura refletiam a lua cheia, pareciam dois cristais brilhantes e hipnotizantes. Kuroo teve vontade de beijá-lo ali, naquela escadinha. O pensamento fez o capitão tremer de vergonha.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: May 17, 2021 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

𝗱𝗮𝗻𝗰𝗶𝗻𝗴 𝗼𝗻 𝗺𝘆 𝗼𝘄𝗻.Where stories live. Discover now