Lá estava eu, trocando issos por aquilos, quando Henrique achou por bem enfiar a cabeça por cima do meu monitor e apoiar o queixo no topo dele.

— Cadê seu celular, boneca? — perguntou, rindo. — Tocou?

Cerrei meus olhos para ele e decidi que iria ignorá-lo tal como estava fazendo com Fred. Minha coluna precisava de mim e homem nenhum iria tirar minha atenção agora.

— Ei, não fiques zangada, eu tô brincando — deu a volta no meu cubículo e parou exatamente atrás de mim. Senti sua respiração em meu cabelo e me afastei, no susto, enquanto ele passava os olhos pelo meu texto — Hm... "A Ligação do Dia Seguinte, não seja essa garota". — leu em voz alta. — Muito bom, Rebecca. Exceto que tu és essa guria.

— Sai daqui! — resmunguei para Henrique.

Empurrei-o pela cintura e acabei fazendo minha cadeira de rodinhas seguir o contrário do meu movimento e bater na minha mesa. O estrondo fez alguns olhares se virarem para nós dois. Vi Victor balançando a cabeça negativamente, antes de voltar a prestar atenção no seu computador.

Virei-me de volta para a minha tela, ainda querendo ignorá-lo com a força do poder da minha coluna. Ele riu e então jogou uma pasta em cima do meu teclado, o que apagou um parágrafo inteiro do meu texto e escreveu algumas letras desconexas e sem sentido no lugar.

— PUTA MERDA! — berrei.

— Ih... a puta tá falando de merda, deve ter dado o cu — Kaila disse para a sua companheira de biombo, mas o silêncio seguido ao meu palavrão foi tão grande que eu consegui ouvir, mesmo que ficássemos distantes.

Algumas pessoas riram, outras, como meus amigos, se indignaram. Henrique só ficava repetindo "Desculpa, boneca". Levantei-me, o dedo em riste na direção de Kaila.

— Eu só não te mando tomar no cu porque sexo é bom e você não merece, sua vaca! — gritei.

Ao ouvir as palmas de Victor e a comemoração que ele, Adhara (que estava gritando "uhul") e Mirzan (que assobiava) protagonizavam, eu voltei a me sentar, não sem antes sorrir maleficamente para a cara de bunda que ela fazia.

Um Ctrl+Z recuperou meu texto. Mas isso não tirava Henrique da culpa e nem me deixava menos zangada. Empurrei sua pasta para o lado e estava dedicada a continuar ignorando sua presença, quando ouvi seu suspiro e ele abriu-a, deixando que eu visse a foto da minha próxima vítima, ao qual eu reconheci sem nenhuma dificuldade como Caio.

Caio ainda era uma graça, embora a maturidade tenha lhe feito muitos favores com aqueles fios grisalhos na barba, e eu me peguei encarando sua imagem com uma expressão meio embasbacada.

Foco, Rebecca!

— Pode estudar à vontade. Se precisares de mim, estarei na minha batmesa — disse.

Ri na cara dele de sua expressão do Batman, mas não sabia se ele não se importou ou se já estava acostumado com a chacota; apenas caminhou de volta à sua mesa como se eu não tivesse feito nada.

Assim que ele se afastou, meu telefone tocou. Revirei os olhos, sabendo que era Victor querendo saber o que Henrique estava fazendo na minha mesa. Por isso que ele era o maior fofoqueiro da cidade.

— Boa tarde, você ligou para o disque sexo — atendi. — tecle um para ter uma pica negra enfiada no seu cu, tecle dois para chupar o pau...

"Boa tarde, Rebecca"

Puta merda. Era Zara.

— Bo...Boa tarde — gaguejei e apertei os olhos de vergonha.

"Rebecca, pode vir na minha sala um minutinho, por favor?"

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