VINTE E SETE | KELAYA VIMONAR

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           A acusação era tão surpreendente que nenhum deles sequer conseguia formular uma frase, calados pelo inesperado.

           — Perdestes o juízo? – Halina olhou intensamente para a celosiana. – Com base no que acusas Kelaya?!

          Malya puxou a mestiça para perto dela, fazendo as pulseiras balançaram e emitirem o som que ela reconhecera. A mestiça parecia catatônica com a situação, deixou seu corpo ser puxado sem resistência.

           — Esse é o mesmo som que escutei, quando lutei com o afanador na base amaranta. – buscou suporte de seus amigos. – Ela disse a frase de maneira exatamente igual ao ladrão, eu juro!

          Todos a olhavam como se fosse louca, tentando encontrar sanidade nas palavras da companheira. Malya se sentia frustrada com a falta de percepção dos outros. Ela culpava também sua ausência de acuidade como empecilho para que não tivesse feito a descoberta antes.

         — Deixe-me fazer um feitiço de revelação, então?! – sugeriu a celosiana. – Apenas para provar sua inocência.

          — Por que é a minha inocência que está sendo posta em prova, quando é tu que cheiras a magia obscura?! – Kelaya retaliou, usando de uma ousadia que nenhum dos presentes vira antes na mulher.

          — Sua vagabunda dissimulada. – voou sobre a mestiça.

         Antes que alcançasse o pescoço dela, foi segurada por Arden, o qual lhe jogou para longe. Os olhos dele traziam decepção, os dos outros traziam o mesmo, mas com um misto de medo. Malya não conseguia ser prudente, as imagens de Eleina caindo inerte e do incêndio na base amaranta lhe preenchiam de cólera.

       — Kale, eu juro. Eu juro. – implorava para que o palladiano acreditasse nela.

       — Eu sei que deseja tanto quanto eu achar o maldito ladrão, mas suas acusações são muito frágeis. – o olhar dele era cheio de piedade.

     Malya começou a se levantar da areia, pegando suas espadas que saltaram a alguns metros de distância. Keisha que estava mais próximo dela, deu passos para se afastar da mulher.

       — Callat petrus. – Kelaya entoou, paralisando a outra. – Ela está descontrolada, não podemos deixá-la solta.

       — Retire o encantamento, Kelaya. – Arden ordenou.

        — Mas ela tentou me atacar. – argumentou com os olhos cheios de água.

         — Retire! – insistiu firme. – Imediatamente.

         A mestiça hesitou olhando para a impura, a qual viu o ódio e a fúria estampados no semblante da meia bruxa. Queria se mover, entretanto, o feitiço era forte demais.

         — Veritas agno. – a mestiça conjurou o encantamento de revelação.

         A mulher imóvel flutou no ar, seus membros foram distendidos, deixando todo seu corpo exposto. A película negra cobria seus olhos mais uma vez, a chama negra se espalhou de seu coração para a superfície de sua derme. Parecia um surto muito parecido com o provocado pelo de Lappam. Todavia, Malya estava completamente consciente, sem vozes na sua mente.

       — Eu disse para desfazer o feitiço. – Arden vociferou.

       — Não posso lhe obedecer dessa vez, estarei colocando a todos em perigo. – falou com notas de tristeza para o noivo.

       — A sombras realmente permaneceram nas entranhas delas, como o mercenário disse. – Skadi anunciou, havia certa dor na sua voz.

       — O Mago Idrovras Thaqirax há muito desconfiava de Malya, ele sabia que dentro da celosiana havia um portal para Tenebris. Contudo, acreditava que os seres celestiais tinham um propósito para tal fato. – Kelaya declamou com imponência.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioWhere stories live. Discover now