Malya se sentia mal por ter se tornado a fonte de inspiração daquelas pessoas, as sombras que guardava em seu coração faziam com que se enojasse. O que eles pensariam dela, caso soubessem das últimas palavras de Lappam?
— Você foi nossa faísca, Malya. A energia de ativação para que nos revoltássemos contra a aristocracia de Celosia. Os nobres não se importam com nossas mortes nas mãos dos contaminados crescentes, são cadelas dos smaragdinos. – Pashan lançou um olhar de desdém para os dois membros da realeza.
— E-eu não sei... N-não sei o que falar. – ainda processava os últimos acontecimentos.
Os revolucionários admiravam ela como uma heroína, mas horas atrás ela descobrira que passou quase toda a vida sendo um Portal para Tenebris.
— Agradeça, eles gostam de você! – Kale comia pão e as frutas cristalizadas da mesa, sugeriu com a boca cheia.
— Sempre gostamos. – Hooda usou um tom maternal.
A morena se lembrava que a senhora sempre lhe dava pães recheados durante o intervalo, em gratidão às lebres que vez ou outra caçava para a família da costureira.
— Vocês pretendem derrubar a aristocracia? Lutar contra Tenebris? Expulsar Smaragdine? Eu soube dos bestiais. – as informações pulsavam na cabeça agitada dela.
— Planejamos tudo isso. Entretanto, temos nossas prioridades. E agora é proteger nosso povo dos contaminados e dos mercenários que se aproveitam do medo. Além de irritar os bestiais, evidentemente. – Pashan interveio. – É claro que eliminamos alguns smaragdinos no caminho. – encarou Arden, o qual permaneceu indiferente.
— Há quanto tempo fazem isso? – a princesa questionou interessada.
— Desde os boatos da base amaranta, no qual foi dito que uma celosiana ajudava aos Lectus. Nos organizamos e tomamos a fábrica, expulsando os senhores do distrito. Foi difícil, alguns Ophidios queriam tomar nosso lugar. – Kalil explicou, arrumando-se na almofada.
— Impossível, teríamos sabido alguma coisa em Smaragdine. – Arden franziu o cenho.
— Ah, aí é que está! – provocou Pashan. – Os informantes smaragdinos não estão chegando bem em casa.
O tom sarcástico tirou o conforto daqueles que ouviam, era claro que Smaragdine fora terrivelmente cruel para com Celosia no passado. No entanto, o cenário atual necessitava do máximo de união e soldados possíveis.
— Seu bastardo! Está matando nossos homens! – o familiar de Halina voou sobre a mesa, bicando o homem careca.
— Halina, controle-se! – seu irmão tentou pegar a ave.
— Que matando o quê? – Pashan vociferou em meios aos ataques da coruja. – Não somos covardes como vocês, seus informantes ficam presos. Só isso.
A princesa ordenou que a familiar voltasse para suas mãos, ainda querendo infligir mais dor no celosiano atrevido.
— Não precisarão ser como nós, hoje mesmo farei uma declaração a punho para que Smaragdine não interfera em vossa Insurreição. Ela será enviada por um dos informantes que está sendo mantido em cárcere, caso permitam, é claro. – Arden falou convicto.
— De acordo. – a princesa se aliou ao irmão.
Para os dois, a jornada tinha deixado muito claro que Smaragdine precisava mudar a conduta com seus irmãos. Ver os outros reinos e lutar ao lado de pessoas que faziam parte de uma realidade diferente da deles, transformara a perspectiva que possuíam da vida. O tempo de imperialismo smaragdino devia acabar, era possível manter o povo do reinos das pedras próspero sem ferir a dignidade daqueles que não nasceram nas fronteiras esmeraldas. Os dois irmãos estavam dispostos a enfrentar o pai para concretizar os novos ideais conquistados nas viagens, descobriram enfim que aqueles que não eram a prioridade smaragdina também eram pessoas. Não poderiam seguir com o mesmo comportamento, depois de tanto terem sofridos ao lado de outros que não dividiam a nacionalidade.
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Contos de Lucem - Ressurgir Sombrio
FantasyA queda de uma estrela em um continente infértil dá origem a cinco reinos abundantes de vida. Contudo, o impacto do astro abre uma passagem para um sexto reino demoníaco chamado Tenebris. Uma Era de miséria e maldições assolou os reinos da superfíci...
VINTE E SEIS | A INSURREIÇÃO
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