Capítulo 65: Mon amour

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Quando estávamos saindo - no caso tivemos que chamar Narcisa para nos buscar porque Draco e eu ficamos uns quinze minutos olhando um pro outro e dizendo "Você sabe onde você mora?" - Andromeda carregando Draco e Narcisa me carregando, o loiro recebeu uma ligação do Ministério para avisar que o corpo de Lucius já havia sido examinado e cremado como solicitado, que poderiam retirar as cinzas quando quisessem. Draco decidiu naquele exato segundo que iriamos pegar as cinzas, de início não entendi bulhufas nenhuma que ele estava falando porque minha cabeça estava focada em cavalos marinhos ou qualquer baboseira sem sentido, então fomos para o Largo Grimmauld onde Narcisa me jogou embaixo de um chuveiro e Andromeda levou o loiro para tomar um chá. Depois disso ele avisou que iria no Ministério e depois daria um jeito naquela "coisa".

Após o banho e após fazer um feitiço para curar temporariamente a bebedeira do meu sangue, me deixando medianamente sóbrio, mandei uma mensagem para o loiro pedindo que viesse me buscar para darmos juntos um jeito "naquela coisa", por isso agora estamos aqui, em uma praia que não sei onde é, mas que Draco nos trouxe para cá.

- Eu quero resolver isso de uma vez. - Draco também fez um feitiço para ficar temporariamente sóbrio, ou pelo menos melhor do que antes, porém não teve tempo de tomar banho que nem eu então parece bem pior, o cabelo está totalmente desgrenhado, tem purpurina colada por todo o seu corpo, seu terno está amarrado na sua cintura e as cinzas que ele segura nas mãos estão dentro de uma urna preta com o brasão dos Malfoy's.

- Não era melhor nós deixarmos o Ministério dar um jeito nisso? Lucius não é o tipo de pessoa que merece um funeral. - Pergunto, me encolhendo um pouco quando a brisa fria atinge o meu corpo.

- Isso não é um funeral. - Draco retira o terno da cintura o passando pelos meus ombros. - Não quero nada dele perto de mim, não quero que as cinzas dele estejam próximas, não quero acordar todo dia com a sensação de que ele continua ali... me vigiando.

- Você sabe que ele não está...

- Eu sei, mas preciso ter certeza. Essa praia é longe de Londres, sendo sincero é longe de tudo, descobri ela no tempo em que eu estava pensando em fugir dele. Jogar as cinzas de Lucius aqui é o como finalmente o deixar distante o suficiente de mim, inalcançável. - O loiro parece ausente quando termina de falar, como se sua mente estivesse bem afastada daqui, provavelmente perdida em lembranças não muito boas. Não consigo pensar em algo para dizer, algo que o conforte ou pelo menos alivie, então me contento em segurar sua mão, entrelaçando nossos dedos. Draco parece voltar novamente para a realidade, sorrindo levemente para mim, se aproximando um pouco mais, assim como eu, consigo sentir nossos braços roçarem um no outro.

Ele respira fundo, mordendo um pouco o lábio antes de abrir a urna, dando um pequeno solto para trás quando a abre, como se por alguma razão irracional Lucius pudesse saltar dali de dentro e o atacar.

- Está tudo bem... - Falo, virando-o para mim, levando a mão delicadamente até o seu rosto, fazendo movimentos circulares com as pontas dos dedos. - Ele não pode mais te machucar.

Draco encosta a testa da minha, respirando fundo mais uma vez, nessa hora se afasta dando alguns passos para a frente, em direção ao mar. O vento que emana da maré começa a se intensificar, mas isso não o atinge nem por um minuto, que continua andando firme para frente.

- Você me destruiu, Lucius. - Decide falar quando se aproxima o suficiente do mar, molhando um pouco os pés descalços e a dobra da calça. - Me destruiu como se eu fosse uma folha de papel que você pudesse rasgar e colar de novo a cada rabisco errado. Me destruiu e fez com que eu acreditasse que eu era descartável, que eu era o culpado por toda a dor que você me causou. Você era tão cruel ao ponto que me fazia acreditar que a culpa por eu estar sofrendo era minha, sendo que nunca foi, nunca foi. Eu era só um garoto assustado, Lucius, e você acabou comigo.

Dois OpostosWhere stories live. Discover now