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Capítulo 36 - Vol.02

Nesse momento, minha nuca estava tensa. Minha linha de visão logo foi ofuscada pelo corpo abaixado de Agares e, antes que eu percebesse, meus lábios foram duramente pressionados. Sua língua então mergulhou direto em minha boca, abrindo meus dentes, e começou a sugar pesadamente como se fosse saborosa.

Ngh! Sentindo-me sufocado, fui incapaz de conter um gemido abafado não intencional. A dor da minha língua sendo quase sugada a ponto de ser engolida me acordou para a realidade. Por reflexo, comecei a lutar contra a algema de Agares. Ele inesperadamente não demorou muito e, em vez disso, virou a cabeça com um olhar estreito e inexpressivo para o agressor cobiçoso. Como um rei, ele silenciosamente o avisou - eu era seu troféu que ninguém tinha o direito de tocar.

Os contornos nítidos na lateral do rosto de Agares o faziam parecer forte. Seus olhos eram escuros e sombrios, seus dentes brancos e afiados apareciam no canto do lábio, pingando com uma intenção assassina que poderia fazer qualquer um tremer de medo. 

"Ei... vou... voltar... Desharow..."  

Suas mãos com membranas úmidas passaram pela minha bochecha, deixando rastros de água gelada. Ele refletia não tão fluentemente sobre as sílabas russas enquanto seus longos cílios tremulavam no rastro de suas pálpebras entreabertas, lançando uma sombra fina, mas profunda. Sua mão agarrou a minha própria e então ele abaixou a cabeça na minha palma, dando uma fungada profunda. No momento em que minha palma acariciou a borda de seu contorno angular, a boca do meu estômago apertou dolorosamente sem motivo, como o couro encolhe quando misturado na água. Foi tão apertado que deixou para trás uma dor formigante e surda.

“Espere... por mim,” ouvi Agares murmurando contra minha palma.

De repente, senti um terror indizível. Juro que nunca tinha experimentado tal sensação antes, e fiquei perplexo e totalmente entorpecido no local. Só depois que Agares soltou minha mão é que minha alma voltou ao meu corpo. Um impulso repentino veio do nada e eu estendi minha mão na tentativa de agarrar seu braço, mas apenas consegui agarrar no ar. Meu punho acabou no mar, ainda apertando com força. 

Desharow, o que há de errado com você? Não há necessidade de se preocupar tanto! 

Minha mente estava uma bagunça indiscernível enquanto eu olhava impotente para a figura fortemente construída de Agares mergulhando de cabeça no mar. Sua cauda longa e negra lembrava o surgimento de um grande arco, formando um arco em volta da lua, seguido por uma rápida divisão de uma grande onda antes de desaparecer completamente nas partes mais escuras do mar. O tritão ruivo, por outro lado, apenas me lançou um único olhar, abrigando algum tipo de intenção maliciosa antes de penetrar na superfície do mar, como um dardo, como se ele não quisesse ficar para trás. 

Em um instante, o mar calmo começou a ondular, era como se um tsunami estivesse prestes a atacar enquanto as ondas rolavam, criando uma série de camadas onde até a metade da lua acabou sendo coberta por ela. 

Eu rapidamente procurei por uma sombra debaixo da água, mas meu corpo estava sendo sacudido pela maré alta tornando isso difícil. O vasto mar dava a impressão de que eu era a única coisa viva ao redor. Tanto a dor quanto a água gelada estavam lentamente destruindo meu estado mental, tornando insuportável para mim continuar no mar. Se eu ficar mais tempo, temo que possa entrar em choque com a perda de sangue ou que o cheiro do meu sangue possa atrair tubarões ou outros predadores perigosos no mar. 

Quem sabe! Talvez haja mais tritões ou, talvez, outra criatura marinha como aquela enguia gigante surgindo do nada antes que Agares termine de duelar com o outro tritão. Apenas o pensamento disso causou arrepios em mim.