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Já havia passado praticamente 02 dias desde que tinha conseguido escapar e entrar num corpo, e pelo que Rang podia notar, sua melhora tinha sido mínima, o que significava que muito provavelmente ele era 100% humano.

Depois de falar que não reconhecia ninguém, ele perdeu a conta de quantos exames de imagem teve que fazer, e após os médicos avaliarem os resultados, chegaram à conclusão de que não havia nenhuma lesão cerebral, e a perca de memória poderia ser psicológica ou apenas temporária. Seria necessário estímulo e paciência para que aos poucos a memória fosse voltando.

Só que a memória não ia voltar, ele teria que arrumar alguma forma de descobrir mais sobre a família na qual o Jihoon pertencia e sobre o próprio.

Rang foi tirado de seus pensamentos, com a porta do seu quarto abrindo e o perfume de azaleias inundando o ambiente novamente. Ele se perguntou quando ia parar de se impressionar com o perfume da garota, estava começando a ficar incomodado, inclusive.

— Bom dia, Jihoon. — a garota disse tirando o casaco e pendurando no cabide. — A senhora Kang me pediu para vir ficar um pouco aqui, ela foi para casa descansar e pegar algumas coisas para você, já que acordou.

— Yu-na, certo? — Rang perguntou com uma das sobrancelhas arqueada.
A garota afirmou com a cabeça, ela começava a acreditar que era realmente sério essa perda de memória do namorado. "O que eu vou fazer agora? ", ela pensou, por mais que tivessem tendo algumas diferenças nos últimos meses, Jihoon era uma pessoa boa e cuidava muito bem dela, só não estavam mais andando na mesma frequência. Então, pelo tempo que compartilharam juntos nesses últimos três anos, ia ajudar no que fosse possível em sua recuperação.

— Preciso de sua ajuda. — Rang disse olhando para ela. Sabia que havia algo errado entre os dois, mas conhecendo os humanos como ele conhecia, duvidava muito que ela terminaria com ele naquele estado. Seja por pena, ou pensando no que as outras pessoas iriam falar. E ele ia se agarrar nisso para conseguir algumas respostas, assim, fez a sua melhor cara de coitadinho e continuou a falar. — Eu não me lembro mesmo de nada, quem eu sou, o que faço, não queria decepcionar os meus pais...

"Isso, colocar os pais em jogo vai tocar no coração dela. "

— Jihoon, não se pressione. — Yu-na disse pegando em sua mão e Rang teve que controlar novamente o seu impulso de tirar a mão. — Eu vou ajudar você. Me diga, o que quer saber?

Rang perguntou primeiramente coisas básicas, descobriu que seu pai era um juiz de renome do Tribunal de Justiça de Seul, sua mãe era uma excelente pianista, mas que tinha abdicado da profissão quando casou. Agradeceu por "ser filho único", não teria paciência para lidar com outro irmão que não fosse o dele.

— E sobre você? — Rang a olhou com um ar divertido. Yu-na foi pega de surpresa com a pergunta, endireitou-se na poltrona, passando a mão no cabelo.

— Ah, bom, a gente namora.

—Isso eu sei, estou perguntando sobre você. — Rang insistiu, um pequeno sorriso brincava em seus lábios.

Yu-na olhou para ele, quer aura era aquela que estava sentindo? A forma felina que Jihoon a olhava estava deixando-a sem jeito. Sabia que pessoas que perdem a memória mudam um pouco o seu jeito de ser, mas não sabia que era assim. Seu namorado era contido, tímido e fofo, não olhava para ela daquela forma, como se fosse uma presa prestes a ser devorada a qualquer momento.

Por sorte ela não precisou responder, entraram no quarto com o almoço.

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I'll be there: uma segunda chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora