2. A nova vida de Rang

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—Você quer alguma coisa? — ela perguntou.

Já estava na hora dele começar a agir, não poderia ficar sem dizer uma palavra por tanto tempo.

— Você é? — ele perguntou um tanto quanto indiferente, teria que melhorar um pouco mais se quisesse levar isso por bastante tempo. — Desculpe, mas eu não consigo lembrar... — continuou, com um tom de voz mais neutro.

— Querido, é a Yu-na, sua namorada lembra? Vocês fazem faculdade juntos. — a senhora falou levemente preocupada.

— Para falar a verdade, eu não consigo me lembrar de coisa alguma. — Rang soltou a bomba.

Yu-na olhou incrédula para ele, não podia acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. Por um lado, era bom o namorado não lembrar de nada do que ela havia falado a ele, assim poderia arrumar um novo jeito de terminar o relacionamento quando se recuperasse. No entanto, não podia deixa-lo enquanto lhe havia falta de memória, se ele tivesse perdido mesmo.

— Yu-na, fica aqui com ele, vou chamar o médico.

Rang tornou a fechar os olhos, achava tudo aquilo divertido. Sentia falta de poder brincar com os humanos daquela forma, mesmo que agora ele tivesse fazendo isso apenas por necessidade.

A senhora voltou com os médicos com uma expressão muito preocupada, pegou o celular e informou alguém que Rang supôs ser o seu "pai".

— Eu vou sair, assim os médicos podem te examinar melhor. Amanhã eu volto. — Yu-na disse e ao sair deu um beijo na testa dele. Rang pode sentir o cheiro com mais intensidade, de fato não era um perfume qualquer, ia perguntar a origem, no entanto ela saiu e os médicos já o levaram para fazer alguns exames de imagem.

______֎______

Ji-ah chegava em casa cansada de mais um dia de trabalho, olhava para sua mão enquanto subia no elevador, a aliança reluzia em seu dedo. Ela deixou escapar um sorriso, às vezes se perguntava se estava vivendo um sonho ou realmente tudo aquilo era real, ter seus pais por perto, ter Yeon ao seu lado e o seu pequeno tesouro: Mi-rae.

Abriu a porta e dali conseguia ouvir os gritos da filha, foi andando em direção ao quarto imaginando o que os dois estavam aprontando. Achava fofo como Yeon cuidava da filha, cuidadoso e atrapalhado ao mesmo tempo. E o que viu só provava ainda mais sua teoria.

Yeon dava banho em Mi-rae, a garotinha balançava as perninhas enquanto o pai fazia penteados em seu cabelo, com a espuma do xampu. Por mais que ele tivesse levantado as mangas do suéter azul, era inevitável não estar molhado também.

— Mamãe! — Mi-rae disse ao ver a mãe parada na soleira da porta.

— Ji-ah, você chegou faz tempo? — Yeon perguntou sutilmente desmanchando o topete que havia feito tentando disfarçar o que estava fazendo com a filha.

— Não, acabei de chegar, mas pelo visto cheguei na hora certa de evitar vocês inundarem o banheiro inteiro, não é? — ela chegou perto dos dois, limpando a testa de Yeon suja de espuma. Ji-ah tirou o blazer que vestia e suspendeu as mangas da camisa, pedindo espaço para terminar de dar o banho em Mi-rae. Tirou toda a espuma da filha, enquanto ela brincava com uma raposinha de borracha que o Shin-joo tinha dado de presente. Yeon já estava com a toalha aberta pronta para envolver a filha quando Ji-ah acabou, e a levou enrolada nos braços para o quarto. Ji-ah olhou para o caos do banheiro e riu.

Enquanto, completava a terrível tarefa de colocar a fralda na filha ­ pois desde que ela começou a andar, ficar parada era uma tarefa difícil, ­ Ji ah trazia o mingau na mamadeira, Mi-rae ao ver, já estendeu a mão para a mãe, que entregou a mamadeira a ela.

Yeon colocou um pijama na filha, secou e penteou seus cabelos, e a carregou novamente a levando para sacada. A lua cheia brilhava alto no céu, e Mi-rae gostava de dormir sendo embalada ao luar.

Esse era o único ritual que Ji-ah não interferia, adorava ficar vendo do quarto ele embalar a filha nos braços, não deixando de sempre se impressionar com a rapidez que Yeon a fazia dormir. Pouco tempo depois, ele entra com Mi-rae adormecida.

— Seu celular tocou. — Ji-ah disse cochichando.

— Vou colocar ela no berço e já volto.

Assim que voltou, deitou a cama ao lado de Ji-ah, passou a mão nos cabelos enquanto via quem entrava em contato com ele essa hora.

20:15

Hyun Eui-ong:

"Yeon, preciso falar com você. É urgente. Me encontre no Noiva Caracol em uma hora."

O coração de Yeon acelerou, o que Eui-ong queria falar com ele de tão urgente àquela hora? Enquanto trocava a roupa molhada, tentava dar uma desculpa para Ji-ah.

— O Shin Joo brigou com a Yu Ri, pediu que eu fosse lá falar com ele.

— A coisa deve ter sido feia para ele te ligar a essa hora. Tudo bem, vai com cuidado, não sei se quando voltar ainda estarei acordada. — Ji-ah fingiu uma cara triste. Yeon sorriu, foi até ela na cama e a abraçou, a mulher por sua vez, aproveitou para beijá-lo. Ele reuniu todas as suas forças para desvencilhar-se dos braços dela.

— Eu vou tentar ser rápido. Quando eu voltar a gente continua de onde paramos. — Yeon disse sacudindo um pouco o colarinho da camisa e não se atreveu a dar um beijo de despedida.

Chegou no Noiva Caracol, no horário exato combinado com Hyun Eui-ong, ele já o esperava sentado em uma mesa.

— Hyun! O que aconteceu?

Hyun Eui-ong suspirou, não sabia por onde começar e nem como dizer aquilo sem que Yeon ficasse com raiva. Não importa como tivesse ensaiado, em todas elas isso sempre acabava acontecendo.

— Eu não sei por onde começar Yeon... Bom... Eu dei um gato de presente para a Taluipa, e enquanto eu fazia uma massagem nela tentando convencê-la a ficar com ele... — Hyun Eui-ong coçou a cabeça, a parte mais difícil estava por vir. — Taluipa vai me comer vivo se souber que eu te contei isso... Não sei como, mas ele ativou uma chave no computador e algumas almas escaparam do campo dos vagantes. Uma delas foi... o Rang.

Yeon fechou os olhos e respirou fundo tentando se acalmar, mas sem sucesso, quando abriu os olhos novamente, eles estavam brilhantes e amarelos.

— Você está me dizendo que o Rang está aqui no corpo de alguém?

— Yeon, calma, não tem nada que você possa fazer, Taluipa precisa mandar todas as almas de volta, ela só quis te poupar.

Ele bateu a mão na mesa. Hyun Eui-ong ouviu um trovão do lado de fora. Passavam um milhão de coisas em sua cabeça, sabia de todos os riscos que o irmão estava correndo, e que provavelmente vários ceifadores estavam a sua procura. Ele precisava encontra-lo antes. Yeon se levantou, os olhos ainda estavam flamejantes.

Hyun Eui-ong ia perguntar o que ele iria fazer, mas nem precisava, sabia que ele ia atrás da esposa, e que por sua culpa o casamento dele estava arruinado.

______֎______

O gato ronronava baixinho enquanto Taluipa passava a mão nele distraidamente, apesar de ter causado o maior caos, ele era realmente fofo. Tentava se concentrar para descobrir o paradeiro das almas perdidas, não por Rang, ele de todas as almas que escaparam era a mais inofensiva. Se levantou e foi buscar uma das vitaminas que o marido comprava para ela, precisava manter a calma para resolver esse problema.

A vitamina caiu de sua mão, assim que ela se virou, Yeon abre a porta abruptamente.

— Eu quero saber onde o Rang está, agora!

I'll be there: uma segunda chanceWhere stories live. Discover now