Chapter One

159 32 33
                                    

10 𝚍𝚎 𝙹𝚞𝚕𝚑𝚘 𝚍𝚎 2021 - 𝙻𝚘𝚜 𝙰𝚗𝚐𝚎𝚕𝚎𝚜, 𝙲𝚊𝚕𝚒𝚏𝚘𝚛𝚗𝚒𝚊.

Nᴏᴀʜ Uʀʀᴇᴀ

A verdadeira tempestade sempre chega em algum momento em nossas vidas, para alguns mais cedo do que imaginam, e para outros, demora algum tempo. Eu torcia para que a tempestade aqui em casa demorasse para chegar, mas infelizmente ela chegou bem cedo.  

Era mais uma discussão entre meus pais. A situação só ia de mal a pior, eles estavam decididos a se separarem, porém, meu pai queria que ficássemos sem nenhum dinheiro, era quase impossível, mas em sua cabeça era o certo.  

Minha irmã mais nova, chorava em meus braços, como sempre. Já tinha se tornado rotina eu vir para seu quarto ajudá-la enquanto eles gritavam sem parar.  

– Nono. – Olhei para a pequena Linsey com um sorriso amarelo. – Papai e mamãe não vão parar de brigar? – Perguntou com seus olhos cheios de lágrimas.  

– Quem sabe um dia tudo isso passe, minha princesa. – Passo minha mão em seu cabelo loiro liso. Linsey é bastante parecida comigo, a diferença é a tonalidade de seu cabelo.  – O que você acha de assistirmos um filme?  

– Eu amei a ideia. – Diz um pouco animada. Linsey pega em minha mão e caminhamos até meu quarto, onde iriamos assistir um desenho. – Quero assistir Os Incríveis. 

– Claro. – Ligo a televisão e entro no Disney Plus. Me deito ao lado de Linsey que se posicionou em meus braços e ficou fazendo um carinho em meu braço.  

– Eu sou apaixonada pelo irmão da Violeta. – Soltei uma risada e fingi que não tinha escutado. 

Ela estaria apaixonada? Nessa idade?  

A discussão começou a ficar mais alta e quase não dava para escutar o filme, revirei meus olhos e vi que minha irmã tinha acabado de cair no sono. – Arrumei ela em minha cama e desliguei a televisão. Fui em direção a sala e fiquei parado na parede encarando meu pai falando alto.  

– Eu não sei. – Começo a falar sarcástico. Os dois me olharam assustados, minha mãe também me encarava com seus olhos todos vermelhos. – Mas espero que se lembrem que tem uma filha pequena, que neste exato momento está dormindo! E até uns minutos atrás, eu estava acalmando-a. – Intercalo o meu olhar entre minha mãe e meu pai. Minha mãe não tinha culpa dessa maldita tempestade. – Só espero que você. – Apontei diretamente para meu pai. – Saia desta casa e vá dormir em um outro lugar qualquer, porque se for para acordar a Linsey novamente eu vou ficar mais irritado do que estou agora!  

– Olha o jeito como fala comigo. – Se aproxima de mim, mas não perco minha postura. – Eu ainda sou seu pai.  

– Deixou de ser meu pai a partir do momento em que tratou minha mãe, minha irmã e eu como lixo. – Digo e Austin estremece. – Eu espero que a partir de hoje os dois se resolvam com dois advogados e como adultos, porque esqueceram que qualquer discussão afeta Linsey e eu. 

– Mas Noah... – Olho para minha mãe e nego com a cabeça.

– Deixa ele ir mamãe. – Respondo e volto a olhar para Austin. – Ele não vai fazer falta  aqui, e será bem melhor que não tenha um irresponsável aqui.  

– Você acha que tem mais maturidade que eu. – Ousou falar. Soltei uma risada sarcástica.  

– Idade são só números, no caso você está mais velho. – Respondo friamente. – Mas, as atitudes que você está tendo recentemente só mostra o quão irresponsável é, e o quanto eu sou responsável. Eu serei o homem da família, uma coisa que você nunca foi. – Sorrio de lado.  

Ele caminhou até o seu quarto, onde dormia com a minha mãe. Enquanto eu fiquei ao lado dela, abracei ela de lado e beijei o topo de sua cabeça. 

– Prometo que vou cuidar de você mamãe. – Ela deu um simples sorriso e quando meu pai voltou para sala, apenas nos encarou por um curto tempo e foi embora. Pela primeira vez, eu a vi chorando. 

– O que será de nós, Noah? – Perguntou entre o choro. – Ele era tudo que tínhamos.  

– Não mãe, ele nunca foi tudo. – Digo e passo a mão em seu rosto coberto de lágrimas. – Nós três. Eu, você e Linsey somos tudo um para o outro. Eu prometi que ia te ajudar, e eu nunca volto atrás.  

– Me desculpe. – Pediu entre choros. – Eu sempre fui uma péssima mãe. Você sempre me avisou das traições. 

– Não se culpe, você o amava. – Digo. – Olhe para mim. – Levantei o seu olhar. – Você nunca será a errada dessa situação. Amanhã mesmo procurará o tio Simon e pedirá para te ajudar na luta pelos bens. 

– Mamãe? – A voz doce de Linsey nos chamou a atenção. – Está tudo bem? – Perguntou correndo até nós dois.  

– Vai ficar tudo bem, minha linda. – A pegou no colo. – Você está com fome? – Perguntou e a pequena assentiu animada. 

– O que acha de fazer um bolo? – Vejo Linsey descer do colo e correr até a cozinha como forma de resposta. Ela é incrível. – Vou lá fazer um bolo com a sua irmã, querido.  

– Isso. – Vou em direção ao meu quarto. Ao chegar, me joguei na cama e fechei os olhos. 

A última vez que me senti bem, foi ao encontrar a Srta. Letras de Hollywood. Eu daria tudo para ter mais conversas aleatórias como aquela. – Passando um tempo, senti um peso em mim. Abri os olhos e encontro Linsey pulando em cima de mim sorrindo.  

– O bolo está pronto. – Diz animada. – Vamos Nono. – Assenti sorrindo. Me levantei e ela saiu da minha cama. – Mamãe fez seu bolo favorito. – Depois de falar, saiu correndo em direção a cozinha. 

Neguei com a cabeça ao ver o horário. Já era três da madrugada e minha mãe precisava descansar, amanhã será um grande dia para ela. – Ela retomará o seu emprego na empresa de meu avô, e eu começaria a trabalhar para ajudá-las. – Fui em direção a cozinha e comecei a flutuar ao sentir o cheiro tão maravilhoso do bolo de minha mãe.  

– O cheiro está maravilhoso. – Vejo as duas colocando um pedaço para mim e um pouco de leite. – Muito obrigada, Rainha e Princesa. – Beijo a testa da mais velha e da mais nova.  

Coloco um pedaço de bolo em minha boca e começo a saborear. Aquele bolo era uma das melhores coisas. – Quando tudo estava péssimo, tanto para mim quanto para minha mãe, sempre tinha esse bolo esperando por nós. Sempre comíamos e parecia que de alguma forma, tudo ficaria bem. Mas depois de algum tempo, o bolo não fez mais esse milagre. – Abri os olhos e encontrei o par de olhos verdes de minha mãe me olhando, com um sorriso enorme.  

– Está gostoso? – Perguntou com um certo receio.  

– Está maravilhoso. Como sempre. – Digo e ela bate palminhas animadas. 

Bright Star - NoanyOnde histórias criam vida. Descubra agora