20 - Amante Fujona

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- Já pode entrar moça - disse uma mulher que ia atrás dos outros quatro homens à sua frente.

O homem do outro lado da mesa não era o velho que esperava vestindo algo parecido com um vestido. E sim um homem de meia idade, com aliança de casamento no dedo e trajado de roupas quase comuns.

- Bom dia filha, em que posso ajudar?

Liana não conseguiu responder, nada diferenciava aquele homem dos aldeões que conhecia, com ele confessar estava fora de questão.

* * *

Tudo pronto na mansão, o baile estava marcado para a noite mas já haviam tantos convidados que o clima já era de festa.

Derek tomava café da manhã com sua noiva em uma mesa de ferro provençal no jardim, e em várias outras mesas recém colocadas estavam algumas convidadas conversando animosamente.

Erik rodou sobre os pés, teria que fugir de casa àquela manhã, não queria estar perto de nenhuma debutante casadoira.

De volta ao corredor lateral da mansão Erik esbarrou em algo pequeno e firme, cheirava flores frescas recém colhidas, a gatinha ciamesa Hellen Lammet.

- Perdão senhorita, não pretendia ser bruto assim... - disse ele se tocando que a mantinha segura pelos braços, se não fosse isso ela teria caído com o esbarrão.

Foi então que reparou que ela tinha um sorriso convencido no canto dos lábios como se soubesse de algum segredo.

A deixou, meio sem graça pediu licença e pretendia seguir seu caminho quando ela o puxou pela manga do paletó.

- Não pretendia me convidar para ir contigo?

- Onde pensar que vou estará enganada, senhorita. Certamente não vou convidá-la à cozinha.

Hellen sorria vitoriosa e Erik se sentiu um lixo, não pretendia participar do flerte mas a moça parecia entender tudo errado.

- Então pode me acompanhar a um lugar que eu particularmente gostei muito da sua casa - ela disse puxando-o pelo braço.

Ele se perguntou quando foi que pegaram intimidade assim para que ela se comportasse tão à vontade com ele.

- Sabe jovem Trewsky, eu preciso lhe confidenciar que adorei esse seu jeito todo sério, misterioso - ela dizia enquanto o puxava pelo braço pelo caminho da biblioteca, Erik percebeu atrasado em seu raciocínio.

Quando ele deu por si Hellen fechava a porta da biblioteca atrás dele. A gatinha tinha sumido e em seu lugar havia uma leoa com olhar voraz.

- Todo esse mistério me atiça -ela disse se aproximando rapidamente- me faz querer descobrir todos os seus segredos.

E juntou seus lábios aos dele.

* * * *

- Parece encabulada, o que lhe aflige a paz? Não sabe falar senhora? Pode se comunicar escrevendo?

- É, é, desculpe, senhor. Eu queria um padre, preciso confessar.

- Está numa igreja anglicana, moça. Aqui, este ministro não faz questão de angariar confissões.

- Pensei que talvez pudesse me ouvir, mas pelo visto me enganei.

- Por que precisa confessar, alguma ansiedade lhe aflige?

- Eu tenho uma culpa. Algo que parece me prender, preciso me libertar disse pesar. O senhor não poderia me receitar algumas penitências? Estou falando de orações sabe, não sou adepta e chibata, sabe como? Senhor ministro, por favor tenha piedade, minha alma está tão aflita.

Trewsky BrothersOnde histórias criam vida. Descubra agora