002 - Culpado

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Culpado: Quem praticou algo culposo. Criminoso, delinquente.

Foi como Justin se sentiu ao ver aquela cena

 

Justin saiu trêmulo e o mais rápido que pode pra ver o resultado da sua imprudência. Era conhecido como um cara destemido e aventureiro, mas quando viu que o vulto não passava de uma colegial que estava desfalecida no chão, o medo invadiu todo o seu corpo.

Aproximou-se dela e a observou cuidadosamente. Tinha sangue. E nossa, quanto sangue. Não sabia se parecia muito porque se espalhou pela chuva ou se porque era muito mesmo. Quando pegou no pulso dela e sentiu a lenta pulsação da sua circulação, o alívio veio em ondas relaxantes. Talvez ela ainda sobrevivesse, talvez ela não estivesse nem tão mal assim. E talvez, só talvez, ele não fosse um completo irresponsável.

Justin encostou o ouvido no peito da menina para se certificar que não estava tendo alucinações, mas sim, o coração dela continuava batendo. Então a pegou nos braços e a colocou da maneira mais confortável possível no banco de trás de seu carro.

E só a partir dessa hora, ele teve um destino para onde correr com o seu carro. O hospital. Só que dessa vez tratou de dirigir conforme manda as leis de trânsito com cautela e segurança.

**

Duas horas depois e estava sentado na desconfortável cadeira no quarto da menina que ele quase matou e que para evitar constrangimentos, inventou que era sua namorada.

Por pura sorte achou a carteira de identidade na mochila dela. E por fim pode descobrir o nome de sua vitima: Gwen, bonito nome. Gwen LaDonne. Ele conhecia esse sobrenome de algum lugar. Muito provavelmente, para ser mais preciso, de alguma mulher.

Depois de Justin conseguir dar a entrada no hospital e Gwen estar sendo examinada, passou longos minutos olhando para parede. Depois, dedicou outros longos minutos a bisbilhotar a mochila da menina que estava em seu colo, minutos esses bem mais divertidos que os dedicados à parede. Pois a mochila da menina era no mínimo... Curiosa.

Havia dentro dela os mais desconexos tipos de coisas, como por exemplo: Uma cafeteira italiana, dois garfos e três facas com aparência cara e requintada, peças avulsas de xadrez e um pequeno quadro. Tudo isso dentro de uma mochila de uma estudante do Colégio Santa Tereza, segundo ele viu em sua carteirinha escolar.

Ele poderia ter escolhido alguém mais normal para atropelar, com certeza seria mais fácil de se desculpar. Com uma menina com gostos adversos como aquele ele já não poderia ter tanta certeza.

Mas o que mais incomodava Justin era não se lembrar de onde conhecia o sobrenome dela. Ele era muito bom em gravar nomes, só não era tão bom em se recordar de onde eles vinham. Aquilo era uma falha. Talvez se observasse ela mais de perto... Se achasse nela alguma semelhança com a outra LaDonne... Tudo bem, um pouco prepotente já previamente supor que se tratava de alguma mulher, mas era o que tinha mais probabilidade de ser.

Afinal de contas, o que poderia acontecer? Ela só estava ali deitada, sedada e respirando calmamente. Então se aproximou e olhou para ela, não lembrou ninguém em especial. Tentou puxar na mente alguém parecido, mas não, ela parecia bem normal.

Até que ela soltou um pequeno suspiro, foi só um pequeno "Ah", e permaneceu dormindo. Mas foi o suficiente para fazer Justin parar de pensar em pessoas que se pareciam com ela e realmente se concentrar em olhar a menina que tinha na frente.

Primeiro a boca. Era bonita. Agora estava pálida por ela estar desmaiada depois sedada, mas ainda assim era bonita, nem fina nem grossa, talvez a espessura ideal. Ideal para quê? Ele se perguntou logo depois de formular esse pensamento. Ideal para nada. Melhor continuar a análise, seu nariz era tão pequeno que dava vontade de rir, como ela conseguia respirar com um nariz daquele? Parecia de brinquedo, assim como os cílios que de tão grandes quase encostavam nas bochechas da menina enquanto repousava.

Sua exploração visual foi interrompida pela respiração dela que assumiu um novo ritmo, bem mais agitado que o anterior. E ele se viu um pouco desesperado falando:

- Gwen? Gwen! — era estranho falar o nome dela com tanta naturalidade se nem ao menos conhecia a menina, mas assim foi. E ela pareceu, de certa forma, responder.

Abriu os olhos.

E se deparou com um desconhecido falando como louco.

- Oi, e desculpe. Antes de qualquer coisa me desculpe.

Muito esquisito. Pensou Gwen olhando para os lados. Onde estava? O que será que tinha acontecido? E quem era esse cara?

Tentou conservar a calma, tinha que responder educadamente o pedido de desculpa do homem.

- Sim, seja lá do que for, não guardo rancores. Mas acho que temos um problema, provavelmente temos um caso de amnésia aqui. Não me lembro desse lugar. E nem do senhor.

- Você lembra qual é seu nome? — ela assentiu, mas aquilo não o tranquilizou muito. — Estou esperando uma resposta.

Gwen pensou em se desculpar por ter sido patética e simplesmente ter mexido a cabeça pra cima e para baixo freneticamente. Mas a verdade seja dita, não teve como dizer nenhuma palavra, estava muito ocupada notando como o desconhecido era bonito.

- Gwen — disse ela ainda um pouco atordoada, não era possível que tivesse se esquecido de um homem tão bonito.

- Então bom, parece que você não está tão mal de memória — disse o homem sorrindo, o que o deixou, por incrível que pareça, ainda mais bonito.

Como podia?

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Oi! Lá vem mais Gwen e lá vou eu pra um evento muito legal que vai acontecer no barrashopping hoje! 

Pra quem não tá sabendo: https://www.facebook.com/events/1548169705425015/?fref=ts

Invisível (PRÉVIA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora