002 - Changes | REVISADO

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— Tem certeza? A sobremesa é sorvete! — Não, a sobremesa não era sorvete, mas tentei alegrá-la e realmente pensei que conseguiria tirá-la da cama usando sua comida e sobremesa favorita como pretexto, todavia, nada melhorava o humor de Skylinn, por isso, resolvi deixá-la sozinha. Quando ia ao escritório de papai guardar o seu porta-retrato, acabei percebendo que havia chegado visitas.

— Eu sei que às vezes eu exagero, me exalto com facilidade, grito com ela e falo coisas sem pensar, mas eu nunca deixei faltar nada pra essa menina, sempre fiz meu papel de pai! — ouviu-se a voz de meu pai por detrás da porta. Não era a minha intenção nem hábito escutar atrás de portas, mas naquele momento a curiosidade falou mais alto.

— A gente sabe, você sempre deu tudo para ela, paga até os melhores colégios, mas não dá o mais importante: amor! Skyzinha precisa de amor, Richard! — E essa era voz de tio Luke.

"Com que então, eles falavam sobre a Skylinn?"

— Está querendo dizer que eu não amo a minha filha? — papai perguntou e, pelo seu tom nada agradável, era fácil perceber que faltava pouco para a gritaria começar, caso a conversa seguisse adiante. Digamos que os dois não sabiam desenvolver um assunto polémico, sem que este terminasse em confusão.

— Você mesmo disse que à odeia! — rebateu tio Luke.

— Por favor, Luke, aquilo foi no calor do momento, quantas e quantas vezes você já não falou merda em momentos de raiva? — questionou papai na defensiva, já alterado.

— Meninos, estamos aqui para ter uma conversa civilizada, acalmem-se por favor! — Dessa vez se tratava de uma voz feminina, a qual não reconheci no momento. Pelos vistos havia mais gente na sala.

— Ficarem gritando um com o outro não vai nos levar a lugar nenhum. Estamos aqui procurando fazer o que será melhor para a minha neta! — E depois se ouviu a voz de um homem, mas essa não tinha como não reconhecer, era a inconfundível voz de Bates, pai de minha mãe, meu avô, e a senhora que falou antes dele deveria ser Kate, sua mulher, minha avó. Mas eles moram no Canadá, só nos vemos uma vez por ano nas férias de natal. "O que estariam fazendo aqui?"

— VOCÊS NÃO VÃO TIRAR A SKYLINN DE MIM! — gritou o papai.

— VOCÊ NÃO ESTÁ EM CONDIÇÕES DE CUIDAR DELA, RICHARD! — gritou mais alto o tio Luke.

AI, SEGURA ELES, BATES! — E dessa vez o grito foi de Kate, minha avó parecia desesperada.

— Luke, eu falei pra você ter calma! — disse meu avô, que parecia ser o único tranquilo.

— É MINHA FILHA, MINHA! EU DECIDO COMO A EDUCAR, COMO A TRATAR E COM QUEM ELA FICA! — vociferou novamente o papai, que parecia fora de si.

— Ah, se não nos der ela por bem, vai ser a mal, porque é só chamar um assistente social pra você perder a guarda da menina, o que vai ser muito fácil, já que você é um inconsequente quando se trata dela! — tio Luke ameaçou. Eu estava completamente confuso, nunca tinha os visto brigar daquele jeito, o que estava acontecendo?

— VOCÊ NÃO SE ATREVA! — berrou meu pai e no mesmo instante, ouvi algo se quebrar.

— Que glitaria é essa? — A voz de  Skylinn me fez sobresaltar em susto. A menina que surgiu repentinamente, tinha a sua feição assustada.

 — Nada. Não é nada, vamos voltar para o quarto! — falei, ao pegar minha irmã pelos ombros e dirigi-la até seu quarto, não queria que se apercebesse do motivo da briga familiar.

— PARE, RICHARD, SAI DE CIMA DELE! — ecoou o apelo de vô Bates.

— Aquela é a voz do vovô? — perguntou a garota curiosa, ao parar de andar.

Motivos Para Não Amá-laOnde histórias criam vida. Descubra agora