CAPÍTULO TRINTA E NOVE

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Ela me puxou pelo braço. — Deixa de ser chata, você vai sim, — me arrastou para a fila — além do mais, é romântico!

— Eu nunca falei que era romântica. — reclamei.

Jennie parou no meio do caminho. — Ela nem é mais a maior do mundo, Lisa! — revirou os olhos — Acima dela vem a da China e de Las Vegas.

Arregalei os olhos. — Isso é tão assustador.

— Deixa de ser cagona, vamos!

Meu coração gelava a cada cabine que era aberta para colocar um casal, e com isso, andava a fila e cada vez mais estávamos perto.

Milhões de pensamentos passaram na minha cabeça sobre a morte, mas nunca cair de uma roda gigante de cento e trinta e cinco metros. Quatrocentos e quarenta e quatro pés, isso é coisa demais.

Quando faltou apenas um casal para chegar a nossa vez, eu quase ajoelhei ali na frente de Jennie e implorei para que não fôssemos. Minha idéia mudou quando vi sua empolgação sobre ir.

De repente as lembranças de sexta à noite voltaram à minha cabeça, ela chorando ajoelhada no quarto. Jennie tinha o espírito de uma criança e fiquei com pena de querer estragar isso.

Ela só quer me mostrar um pouco de sua cidade.

— Próximo! — o homem disse.

Agarrei a mão dela e fomos juntas para dentro da cabine. Sentamos lado a lado e quando o homem colocou a trava de segurança em nós duas, eu tratei logo de pegar a mão de Jennie.

— Não fica com medo, eu estou aqui, uh. — sorriu suavemente.

— Queria me sentir melhor, mas sinto que a qualquer momento esse brinquedo vai virar, vamos cair no lago e vamos morrer afogadas. — falei, tremendo quando subiu um pouco apenas para ocupar a próxima cabine.

Ela gargalhou. — Ótimo pensamento, hein.

— Eu tento.

Quando todas as cabines fora ocupadas, o brinquedo começou a funcionar. Não sei nem descrever como o frio na minha barriga está me matando, é como se eu estivesse pendurada no ar e quando desço, estou sozinha.

A todo momento eu apertava a mão de Jennie, que soltava gritinhos empolgada e sorria docemente. Percebi que ela gosta de aventuras e isso é bem legal, contanto que não seja em uma roda gigante de cento e trinta e cinco metros de altura.

Um pensamento veio à minha cabeça enquanto eu fechava os olhos cada vez que o brinquedo descia, e sim, eu me animei com isso. Imaginei levar Jennie até a praia de Los Angeles, nadar com ela e tomar sorvete em frente ao mar.

Nasci em Nova York, mas moro na Califórnia. Obviamente eu não sinto muito o clima diferenciado em Los Angeles, mas quando cheguei aqui eu senti o baque de cara. Moro em um lugar super quente e do nada, vim parar no frio novamente.

É como se eu tivesse nascido pra ficar no frio.

— Olha essa vista! — Jennie disse, apontando para frente, quando a roda gigante parou.

— É lindo... — fiquei deslumbrada com a vista toda de Londres — e alto!

Jennie gargalhou, deitando a cabeça no meu ombro. — É romântico.

— Sim, tem razão. — encostei minha cabeça na dela — Estou sentindo as famosas borboletas agora.

— Eu também. — sussurrou.

Nossas mãos estão unidas e nossos corpos colados. Senti uma sensação boa ao estar aqui em cima e com ela, era como se fosse certo e nada disso fosse algo novo. Por um momento achei que conhecia Jennie de outro lugar.

Eu nunca fui de acreditar nessas besteiras de alma gêmea, mas Jennie me fazia sentir como nenhuma outra pessoa fez antes. O pensamento me fez sorrir, eu estava conhecendo a verdadeira Jennie.

Ela não era ruim como todos achavam, muito pelo contrário. Jennie tinha um enorme coração dentro do peito, as pessoas deveriam enxergar mais bondade em outras, isso poderia salvar a humanidade.

Mesmo que os humanos fossem ruins.

Eu gosto muito de você, Lisa.

— Eu também gosto de você. — senti meu coração apertar.

— Você é...

— Quer namorar comigo? — a pergunta saiu rápida e meu coração quase foi junto.

Jennie se assustou, olhou pra mim com os olhos arregalados. Soltamos um gritinho quando o brinquedo começou a funcionar novamente. Desviei meus olhos dos dela sem nem saber como reagir ao meu instinto louco.

Eu apenas pensei na possibilidade e acabei fazendo o pedido em voz alta, não é o lugar certo pra fazer isso, mas saiu de dentro de mim. Não foi algo forçado.

— Lisa... isso é sério? — sua voz estava carregada de medo.

— Sim. — sussurrei sem encará-la, meu sangue estava correndo rápido. Reuni toda a minha esperança e força de vontade e a encarei. Meus olhos queimavam os seus, eu já havia até esquecido da altura — Eu sei que está muito cedo, mas... você quer namorar comigo, Jennie Ruby Kim?

Ela sorriu, fechando os olhos de uma forma incrivelmente linda. — Sim, — disse empolgada — sim, sim, sim!

Jennie largou a barra de ferro do brinquedo, puxou meu rosto até o seu e me beijou. Dessa vez eu não tinha nenhuma dúvida de que realmente estava me apaixonando por ela. Em menos de um mês, eu quase fui ao inferno com Jennie, mas por acaso, agora parecemos tocar o céu.

E juntas.

E juntas

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