LIVRO UM - TEMPO PASSADO - CAPÍTULO SEIS - RODRIGO

1.1K 46 16
                                    

LIVRO UM

TEMPO PASSADO

CAPÍTULO SEIS

RODRIGO


A chuva nos pegou ainda na estrada do mar, antes de chegarmos à rota do sol. Subir a serra com chuva seria uma aventura daquelas. Todavia, eu acreditava que, quando começássemos a subida, a chuva nos daria uma trégua.

No entanto, não era nisso que estavam meus pensamentos e sim no que havia acontecido quando voávamos no balão. Aquele beijo simples e quase virginal me tocou de uma forma que não pensei ser possível. Não teve nada sexual e foi por isso mesmo que a intensidade dele me assustou.

Observei Maia, que estava quieta, olhando a faixa à nossa frente. Ela não havia falado muito desde que nosso passeio no balão do meu tio havia terminado, mas eu não a sentia tensa. Ela parecia tranquila. Já eu, me sentia em um turbilhão de sensações.

Percebi a direção do carro estranha, puxando o carro.

— O que foi? — Maia perguntou quando comecei a desacelerar.

— Não sei, mas acho que o pneu furou. —Encostei e desliguei o carro. — Espere aqui, vou ver o que houve.

Desci do carro sob uma chuva fina e fria. O pneu traseiro estava mesmo furado. Fiquei olhando para ele por um tempo, tentando me lembrar como era que se trocava. Acho que nunca havia trocado um pneu na vida. Mas, como dizem, o instinto masculino se sobressaía.Mesmo que nunca houvesse feito, um homem sempre saberia trocar um pneu furado.

— E aí? O que houve? — Maia surgiu do meu lado, de repente.

— Foi mesmo o pneu. Volte pra dentro do carro. Você vai se molhar.

— Eu vou te ajudar — ela disse.

— Não...

— Por que não? Com a minha ajuda vai ser mais rápido. Onde está o macaco e o estepe?

— Bom... Eu não sei...

— Você já trocou pneu alguma vez, Rodrigo?

— Não, mas isso não quer dizer que eu não consiga.

Ela riu.

—Homens! Tudo bem, eu já troquei dezenas de vezes. Vamos colocar a mão na massa.

Juntos, começamos o trabalho. Cada vez mais a chuva se tornava forte, todavia Maia sempre me surpreendia. Nenhuma vez reclamou do esforço e de se molhar. Ela era muito diferente. Diferente das mulheres que eu convivi.

— Feito! Pneu trocado — falou vibrante.

Não sei o que me deu, mas quando me dei conta, eu a tinha encostada contra o automóvel e pressionada contra mim.

— Acho que devo agradecê-la pela ajuda — falei com a boca quase colada à dela.

Quando ela respirou forte e fechou os olhos, assim como foi no balão, me senti autorizado a beijá-la. Mas, desta vez, nada de beijo casto. O beijo começou de forma apaixonada e com minha língua à procura da dela.

Ela me abraçou pelo pescoço e a senti cada vez mais entregue ao beijo voraz que desfrutávamos.

Em nada se parecia com o beijo anterior. Toda a suavidade havia sumido e apenas um desejo potente tomava conta de mim. Era como se eu tivesse renascido como homem após um longo tempo inerte.

Contudo, a chuva estava muito forte e recuei não querendo que ela se resfriasse.

— Vamos entrar. A chuva está muito forte.

IMPERFEITO AMOR (degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora