LIVRO UM - TEMPO PASSADO - CAPÍTULO TRÊS - MAIA

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LIVRO UM

TEMPO PASSADO

CAPÍTULO TRÊS

MAIA


CAPÍTULO TRÊS

Maia

Escondi a cabeça no travesseiro tentando ignorar as batidas de Roberta na porta do trailer. Nada me faria sair da cama. Eu faria como os ursos, iria hibernar até me esquecer do que havia acontecido hoje. Até não relembrar cada minuto do mico que paguei na frente dele ao falar aquelas coisas para as garotas.

— Pelo amor de Deus, Maia, abra essa maldita porta!

— Não! — resmunguei com a voz abafada pelo travesseiro, mas parece que a audição superbiônica de minha prima captou minha recusa.

— Deixa de ser boba, Maia! Não é o fim do mundo!

— É sim!

Eu sei, eu estava sendo trágica, porém foi um choque perceber que Rodrigo escutou o que falei sobre ele. E, além disso, Eduarda sabia do meu segredo, e tudo aquilo fez com que eu entrasse em choque.

— Prima... — Roberta moderou o tom de voz. — Me deixe entrar? — pediu.

Sentei-me na cama e fui abrir a porta. Vi o rosto de Roberta me avaliando. Voltei para a cama me cobrindo com o edredom até a cabeça. A cama ao meu lado afundou com o peso de minha prima.

— Que isso?! Vai se esconder até quando?

— Nunca mais vou sair daqui.

— Não seja ridícula. Ele nem deve ter percebido nada.

Abaixei o edredom revelando meus olhos.

— Você acha?

Ela assentiu, todavia lembrei que Eduarda sabia sobre minha paixão platônica e voltei a me esconder sobre as cobertas.

— O que foi agora?

— Duda sabe.E se ela falar algo a ele?

— Ela não vai falar! Desencane, Maia! Você ainda terá essa vidinha pacata que tanto adora e seu amor platônico continuará como sempre esteve.

Sentei e olhei para a minha prima.

— Isso é uma crítica? — indaguei.

— Você sabe qual a minha opinião em relação a isso, mas não. Não é uma crítica, não agora, é apenas a verdade dos fatos.

Assenti olhando para o lençol branco da minha cama. Ela tinha razão, talvez eu estivesse exagerando, com certeza eu continuaria a ser completamente inexistente para o perfeito Dr. Rodrigo Ferraz.

No dia seguinte, estávamos na correria para atender diversos clientes. Como de costume, o restaurante estava lotado, eu carregava uma bandeja cheia de louça suja que acabara de recolher da mesa de um pessoal de São Paulo.

— Maia!

Quando me virei para ver quem me chamou, a bandeja foi parar no chão produzindo um barulho alto em todo o salão. Todos pareciam olhar para mim. Fiquei paralisada ao ver Rodrigo a poucos passos de mim.

Notei, então, que curiosos nos olhavam e me abaixei rapidamente para limpar a sujeira que havia feito. Outra mão se juntou a minha pegando pedaços da louca quebrada no chão.

— Desculpe. Não quis te assustar.

Olhei para ele, bem próximo a mim. Ele exibia um meio sorriso simpático e aquelas tais borboletas, aquelas que dizem se alojar no seu estômago quando estamos perto da pessoa amada, aquelas que li diversas vezes em livros...Bem, elas estavam presentes sim, me fazendo corar.

IMPERFEITO AMOR (degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora