03:45 AM

Capítulo 5 - Beatriz

Beatriz passou o resto do dia pensando na mulher que abordara no shopping. O olhar que ela tinha era exatamente igual ao da sua dominadora na festa. Por mais que seu estado mental não estivesse às mil maravilhas, não conseguiria esquecer um olhar como aquele, mas era obvio que não era ela. Com toda certeza Samantha estava esperando o marido. O filho dela era lindo. Devia ser igual ao pai, pois em nada se parecia com ela. Samantha. Estava perdendo o juízo por causa de uma estranha totalmente desconhecida.

Beatriz tentava de todas as formas não pensar, mas não era algo fácil de fazer. Sonhou com a morena pelos dois dias consecutivos chegando à conclusão que poderia pirar a qualquer momento. As marcas no corpo já não eram mais visíveis e com alivio soube que podia fazer a 1º prova do vestido de noiva no sábado junto com sua cunhada sem medo algum.

Na quinta estava reunida com as mães e Felipe discutindo os detalhes da recepção do casamento na sala com a tv ligada. Não estava prestando a mínima atenção ao jornal, mas uma reportagem sobre uma chacina no Osternack chamou a atenção de Felipe.

― Filha pega a minha bolsa no quarto? – Pediu Solange que calculava alguns custos.

— Claro. – Respondeu Beatriz se pondo de pé indo atender ao pedido da mãe.

Voltou para a sala minutos depois voltando sua atenção para a tela. A delegada encarregada do caso dava detalhes do que acontecera e das medidas que seriam tomadas. As imagens mostravam os retratos falados dos supostos criminosos que haviam reagido em retaliação de uma tomada de um ponto de vendas de drogas. A imagem foi cortada para a delegada novamente. Beatriz não ouvia o que ela dizia. O coração parou por um momento ao ver Samantha falando alguma coisa que ela não sabia o que era. A única coisa que conseguia enxergar era os olhos verdes intensos que a provocava, e a fazia suar apesar do frio intenso. Felipe fazia algum comentário com sua mãe sobre a violência, mas ela estava fascinada com a morena na tela. A imagem foi cortada para o apresentador que dava início a outra reportagem. Teve vontade de voar na televisão para voltar a ver os olhos que não esquecia nem por um minuto, de gritar com o apresentador que falava sobre o tempo informando que a maior tempestade que ele poderia prever estava acontecendo dentro dela, mas não fez nada disso. Respirou fundo e se virou para o noivo.

— Qual era o nome daquela delegada? – Perguntou atravessando o assunto que ele conversava com Tereza.

— Que delegada? – Perguntou Felipe sem entender.

— Da reportagem da chacina. – Explicou.

— Não sei. Não prestei atenção. Por quê?

— Por nada. Ela. ela parece a chefe do Diego irmão da Bruna. – Mentiu.

— Não lembro não.

— Tudo bem.

Beatriz saiu para cozinha para pegar um copo com água. Estava tremula. Apoiou as mãos na pia respirando fundo; a mente estava entrando em parafuso. Bruna havia dito que a delegada que fora na festa era bem mais velha que a média de idade de seus amigos e que fora embora rápido, mas e se ela não estivesse ido embora? E se ao invés do que ela disse, tivesse ido para o quarto com ela? Porque então Samantha havia mentido sobre não ter ido a nenhuma festa?

— Algum problema, filha? –perguntou Tereza ao seu lado.

— Lembra da mulher da festa? – Perguntou sem esperar a resposta. – Eu acho que é a mesma delegada que apareceu na tevê.